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SPQR - Uma História da Roma Antiga

Livros > Roma Antiga  |  2,5 mil visualizações  |  0 comentário(s)

Capa do livro SPQR - Uma História da Roma Antiga, de Mary Beard
Autor: Mary Beard
Título original: SPQR: A History of Ancient Rome
Páginas: 559
Editora: Crítica
Primeira publicação: 2015
Ano da edição: 2017
Idioma: Português

Sinopse:

Cobrindo mil anos da história romana, SPQR revela em detalhes como Roma cresceu de uma vila insignificante na Itália Central para se tornar a primeira potência global. A inglesa Mary Beard, professora de Cambridge e autora de vários best-sellers, vive há mais de 30 anos pesquisando o Império Romano. A partir de inúmeras leituras, estudos de arqueologia e de documentos escritos em pedras e papiros, ela faz uma análise eloquente dessa história e mostra o que os romanos pensavam sobre si mesmos e suas realizações. SPQR é a abreviação que os próprios romanos adotaram para o seu Estado: “Senatus Populus Que Romanus”, ou “Senado e o Povo de Roma”. Neste livro, Beard detalha como foi formada a identidade e a cidadania romana e mostra porque essa cultura ainda influencia o mundo no século XXI. Com mais de 100 ilustrações e inúmeros mapas, SPQR ficou mais de um ano em listas de best-sellers nos Estados Unidos e na Europa.


Análise do livro


BEARD, Mary. SPQR - Uma História da Roma Antiga. São Paulo: Crítica, 2017.

SPQR é um livro da historiadora inglesa Mary Beard, que trata dos primeiros 1000 anos da história da Roma Antiga. Em 523 páginas a autora fala da monarquia, da república e do principado, deixando de fora apenas o Baixo Império (235-497), o que não deveria nos surpreender, pois a maioria dos historiadores que trata da Roma Antiga decide ignorar o seu período de declínio, como não sendo digno de estudo.

Eu achei o livro interessante, mas um pouco estranho. Mary Beard escreve muito bem e a leitura é muito leve e divertida. A existência de muitos subtítutos em cada capítulo, com divisões temáticas, também contibuí para tornar a leitura rápida e agradável. Mas o livro apresenta uma mistura estranha de superficialidade e profundidade, discutirei esse aspecto melhor mais pra frente.

O conteúdo trabalhado

A obra apresenta uma narrativa bastante linear, e pode ser dividida em cinco parte:

  • Capítulo 1: uma introdução sobre a Roma Antiga através de uma análise da Conspiração de Catilina, que ocorreu em 63 a.C.
  • Capítulo 2 e 3: um exame do período monárquico que, segundo os historiadores antigos, teria transcorrido entre 753-509 a.C.
  • Capítulo 4 ao 8: os acontecimentos da república romana, período entre 509-27 a.C.
  • Capítulo 9: a tomada do poder, o governo e as reformas de Augusto
  • Capítulo 10 ao 12: o Principado. Do reinado de Tibério ao Édito de Caracala (212 d.C.)


Superficialidade e profundidade

A obra se destaca por ser extremamente superficial. A maioria dos temas é tratado em duas páginas. Mas, ao mesmo tempo, a autora apresenta muitas informações novas, e novos pontos de vista sobre vários temas. Infelizmente todas essas novas perspectivas, embora interessantes, são apresentadas de forma rápida e sem profundidade.

Para mim, que já tenho um bom conhecimento sobre Roma Antiga, não há realmente nada de muito novo no livro, embora ele tenha me feito ver algumas questões de uma forma diferente. Alguns dos tópicos comentados pela autora são os seguintes:

  • Uma crítica elaborada a todo o período monárquico e a visão de que os reis de Roma teriam sido os responsáveis por criar grande parte da civilização romana.
  • Quando realmente surgiram os cônsules?
  • Como o lado dos perdedores não foi registrado, não há como saber se os eventos relativos a Catilina, Boudica e tantos outros inimigos de Roma, realmente são verdadeiros.
  • Uma crítica ao foco exagerado dado as biografias dos imperadores no período imperial.
  • O quão bom realmente eram os bons imperadores? E quão maus realmente eram os maus imperadores? Será que há evidências para afirmar que todas essas famas não eram apenas propaganda?
  • A questão do culto da imagem e da monarquia divina no Principado.
  • Aquilo que é referido como a "visão romana" nada mais é do que a visão da elite romana. Os romanos pobres, que eram a imensa maioria, tinham uma cultura e uma vida muito diferente daquilo que é relatado na história, e o próprio Coliseu, considerado um símbolo do domínio sobre as massas, tinha um público seleto.


Todas essas são ideias interessantes, que realmente valem a pena ser aprofundadas, e são o ponto alto do livro. Acho estranho que a obra tenha feito tanto sucesso com o público não-acadêmico porque, a forma como o livro é escrito, mostra que a autora já pressupõe uma certa quantidade de conhecimentos sobre a civilização romana. Acho difícil entender o apelo dele com o público iniciante.

Além disso, para uma obra tão superficial, acho que a autora faz algumas afirmações bem extraordinárias e apresenta algumas teorias bem controversas. Eu até poderia aceitar isso se o livro tivesse notas e ela constantemente, através das notas, fizesse referências a outros historiadores e aos seus trabalhos, possibilitando que os leitores tivessem acesso a mais informações que, segundo ela, "são aceitas pelos historiadores atualmente". Mas acho que a combinação, afirmações controversas e simplificações para o público iniciante, não cai muito bem.

Falta de Notas e Índice Remissivo

Algo que eu senti muito falta foram as Notas. Normalmente eu não costumo consultar as notas, porque dificilmente os autores colocam algo interessante nelas. Esse espaço costuma ser usado para apontar as referências das informações, ou descrever algum detalhe das discussões acadêmicas, que não teriam por que ser colocadas no texto.

Mas a forma como Mary Beard escreve torna as notas indispensáveis. Ela está constantemente fazendo afirmações do tipo:

no século IV d.C., um historiador romano queixava-se de que o tipo 'mais baixo' de pessoa passava a noite em bares (p.448).

Que historiador?? Ou então ela descreve eventos dessa forma:

Em 61 d.C., um destacado senador foi assassinado por um de seus escravos (...) (p.462)

Que senador?? Eu por acaso sei que essa história se refere ao senador Lúcio Pedânio Segundo, mas porque uma historiadora iria querer dificultar o acesso a essa informação? Um dos papéis de um livro como esse é apresentar temas e ideias, e facilitar a vida de estudantes que queiram mais informações.

A história do assassinato de Lúcio Pedânio Segundo é muito interessante, porque mostra o tipo de situação que poderia surgir graças a rigidez da lei romana no tema escravidão, que previa que todos os escravos do respectivo proprietário deveriam ser mortos caso ele fosse assassinado por um deles. Agora que você sabe o nome do senador (que eu forneci, mas não foi fornecido pela autora), é só colocar esse nome no Google e ter acesso a muitas informações sobre o caso. Porque um autor de um livro não iria querer permitir esse tipo de facilidade?

O livro conta apenas com um índice onomástico, ou seja, com nomes de pessoas. O famoso índice remissivo, que apresenta termos, palavras e tópicos, e que é essencial para qualquer trabalho de valor acadêmico, também não foi disponibilizado.

A falta de ambos é estranha em um livro escrito por uma historiadora. Existem até livros de história escritos por jornalistas que contam com isso! Isso mostra que o público alvo da obra são pessoas sem conhecimento e sem grandes interesses acadêmicos.

Conclusão

SPQR é uma obra, no mínimo, curiosa. Os capítulo 2 e 3 (sobre a monarquia) são muito interessantes, e os capítulos 9 ao 12 (sobre Augusto e o Principado) também trazem algumas discussões muito úteis. Mas o período republicano recebe um tratamento muito superficial. Acho que, para aqueles que buscam uma obra leve, de leitura agradável e com apelo para o público não-acadêmico, os livros de Adrian Goldsworthy são muito mais atraentes.

Para mais informações sobre a obra, veja fotos do livro e confira minhas anotações de leitura nos links acima dessa resenha.

Resenha publicada em 13/05/2020.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ

Escrita por

Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Mary Beard

A inglesa Mary Beard é professora de Clássicos na Universidade de Cambridge. Vem estudando a história de Roma há mais de 30 anos e já publicou vários livros, mas SPQR é considerada sua obra-prima. É editora de clássicos do suprimento literário do jornal The Times. Produziu e apresentou inúmeros documentários sobre Roma na BBC.

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