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O Olympias, reconstrução moderna de trirreme ateniense do século 5 a.C.
A colonização grega na antiguidade começou cedo, durante o período de cerca de 900 a 700 a.C., quando muitos elementos seminais da antiga sociedade grega também foram estabelecidos, como as cidades-estados, os grandes santuários e os festivais pan-helênicos. O alfabeto grego, inspirado na escrita dos comerciantes fenícios, foi desenvolvido e difundido neste momento.
A Grécia é um país cercado por água e o mar sempre desempenhou um papel importante em sua história. Os antigos gregos eram marinheiros ativos que buscavam oportunidades de comércio, e fundavam novas cidades independentes em locais costeiros do outro lado do mar Mediterrâneo.
Nos séculos 7 e 6 a.C, as colônias e assentamentos gregos se estendiam desde o oeste da Ásia Menor até o sul da Itália, Sicília, norte da África e até as costas do sul da França e da Espanha. Escolas regionais de artistas exibiram uma rica variedade de estilos e preferências nessa época. As principais cidades jônicas ao longo da costa da Ásia Menor prosperaram. Elas cultivaram relacionamentos com outros centros afluentes como Sardes na Lídia, que era governada pelo lendário rei Creso no século 6 a.C.
De fato, a essa altura, os gregos orientais controlavam grande parte do Mar Egeu e haviam estabelecido cidades independentes ao norte, ao longo do Mar Negro. Essa região, em particular, abriu novas conexões comerciais ao norte, que davam acesso à matérias-primas valiosas, como o ouro.
As estações de troca desempenharam um papel importante como os postos avançados da cultura grega. Ali, bens gregos, como cerâmica, bronzes, vasos de prata e ouro, azeite de oliva, vinho e tecidos, eram trocados por artigos de luxo e matérias-primas exóticas que, por sua vez, eram trabalhadas por artesãos gregos. Os gregos estabeleceram enclaves comerciais dentro das comunidades locais existentes no Levante, como em Al-Mina. No delta do Nilo, a cidade portuária de Náucratis serviu como sede comercial para os comerciantes gregos no Egito.
Da mesma forma, rotas de comércio marítimo bem estabelecidas ao redor da bacia do Mediterrâneo permitiram que os estrangeiros viajassem para a Grécia. No sétimo século a.C., contatos com artesãos orientais itinerantes, especialmente em Creta e Chipre inspiraram artistas gregos a trabalhar em técnicas tão diversas como lapidação de pedras preciosas, entalhe em marfim, fabricação de jóias e metalurgia.
Após a campanha militar sem precedentes de Alexandre, o Grande (r. 336–323 a.C.), rotas comerciais mais extensas foram abertas na Ásia, estendendo-se até o Afeganistão e o Vale do Indo. Essas novas rotas comerciais introduziram a arte grega nas culturas do Oriente e também expuseram artistas gregos a uma série de estilos e técnicas artísticas, além de pedras preciosas. Esmeraldas, rubis e ametistas foram incorporadas a novos tipos de jóias helenísticas, mais impressionantes do que nunca.
Nos séculos seguintes, os gregos continuaram a viver nessas regiões orientais, mas sempre mantiveram contato com o continente grego. Artistas gregos orientais também emigraram para a Etrúria, onde se estabeleceram em Caere, uma cidade etrusca na costa italiana.
Por outro lado, as colônias gregas na Sicília e no sul da Itália, uma região conhecida como Magna Grécia, compreendiam entidades politicamente independentes que mantinham laços religiosos e vínculos comerciais com suas cidades-mãe. Até meados do século 6 a.C, Corinto dominava o comércio no Ocidente. Exportava, principalmente, vasos coríntios, muitas vezes cheios de azeite, em troca de grãos.
Algumas Cidades-estado, como Siracusa e Selinus, na Sicília, ergueram grandes templos que rivalizavam com os da parte oriental da Grécia. Ao contrário das ilhas do mar Egeu e da Grécia continental, onde o mármore era abundante, na Sicília e no sul da Itália haviam poucas fontes locais de mármore de alta qualidade. Assim, os artistas da Magna Grécia estabeleceram uma forte tradição de trabalhar com terracota e calcário. Muitas das colônias do Ocidente cunharam suas próprias moedas de prata com desenhos e emblemas distintos.
Como uma força naval predominante na última parte do século 6 e 5 a.C, Atenas exerceu sua influência sobre o comércio marítimo. Cerâmica ateniense era amplamente exportada, especialmente para a Etrúria e para as colônias no sul da Itália, onde inspirou imitações locais.
No período helenístico, Siracusa dominou grande parte da Sicília, e os estilos artísticos locais floresceram. Vasos esculpidos e pintados especialmente ornamentados foram produzidos em Centuripe. Por esta altura, Siracusa era uma cidade cosmopolita que rivalizava com qualquer outra no mundo grego. Ostentava grandes templos, bem como edifícios e monumentos cívicos. Na verdade, o teatro em Siracusa - um dos maiores já construídos na antiguidade - continua a ser um destino célebre para performances dramáticas.
Em 272 a.C., os romanos conquistaram a Magna Grécia, e a Sicília ficou sob o domínio romano quando Siracusa caiu para Roma em 212 a.C. Como resultado, as colônias gregas ocidentais recém-conquistadas desempenharam um papel importante como transmissoras da cultura grega para os romanos e o resto da península italiana.
Tradução de texto escrito por Colette Hemingway e Seán Hemingway
Julho de 2007
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.