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O luxo da corte móvel de Xerxes durante a invasão da Grécia

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Capa do artigo: O luxo da corte móvel de Xerxes durante a invasão da Grécia

Xerxes observa a sua armada durante a batalha de Salamina em 480 a.C.
Ilustração moderna, autor desconhecido.

A invasão da Grécia no ano 480 a.C. foi um grande evento liderado pelo próprio rei da Pérsia em pessoa. Diferentemente de seu pai, Dario, que havia ordenado uma invasão a Grécia entre 491-490 a.C. enquanto permanecia em seu palácio em Susa; seu filho Xerxes fez questão de liderar a expedição à Grécia. Os planos para a invasão foram traçados durante anos, e tudo foi organizado para que o Rei dos Reis pudesse ter o controle total das operações, e acabar de uma vez por todas com a rebelião das cidades gregas na borda do Império.

Na primeira campanha organizada por Dario, todas as cidades da Jônia e do norte da Grécia já haviam caído sob o jugo persa. Então, nessas regiões já haviam reis vassalos dos persas, e as tropas persas não tiveram problemas para chegar ao coração da Grécia.

Xerxes permaneceu na liderança do exército persa até a batalha de Salamina, quando a armada imperial sofreu um grande derrota nas mãos de uma armada grega majoritamente ateniense.  Após essa batalha, Xerxes retornou para a Jônia com o grosso das tropas persas, deixando o general Mardônio na liderando do resto do exército que seria derrotado pelos gregos na batalha de Platéia.

A movimentação da corte não era um grande problema para os engenheiros persas. A realeza costumava se mudar de um palácio para o outro nas trocas das estações, então já existia uma estrutura para manter a vida luxuosa dessa elite durante os deslocamentos, mesmo para viagem longas.

A tenda de Xerxes

A tenda em que Xerxes vivia durante a campanha era gigantesca, não só por abrigar um grande número de funcionários dedicados a atender todos os seus caprichos, e fornecer todo tipo de luxo ao Rei dos Reis, mas lá também era o local de realização dos conselhos de guerra, onde Xerxes tinha o costume de ouvir os conselhos de seus generais, os informes de seus espiões e de seus chefes de logística, responsáveis pelo mantenimento de seu exército. Conforme nos conta Holland, a tenda de Xerxes era o local:

(...) o Grande Rei podia dirigir a batalha do perfumado frescor de seus salão de audiências; ou, à noite, procurando conservar sua energia, retirar-se para um sofá de pés de prata, no qual as cobertas haviam sido preparadas para ele por um especialista em fazer a cama, um escravo treinado para tornar macios e belos os lençóis, tendo em vista que os persas foram os primeiros a fazer disso uma arte. (HOLLAND, p.300-301)

Banquetes oferecidos pelos vassalos

O luxo da comitiva persa era financiado pelos reis vassalos. Conforme a expedição se movimentava em direção ao seu objetivo final, o coração da Grécia, os reis submissos eram obrigados a fornecer todo tipo de luxo a elite persa:

Durante o inverno, todas as cidades no caminho da expedição haviam recebido instruções para preparar um banquete adequado a um rei. Por meses, os nativos poucos fizeram a não ser entrar em pânico por conta de cardápios. Ser encarregado de preparar um banquete à altura dos opulentos padrões de Persépolis seria uma dor de cabeça considerável para qualquer anfitrião, mas essa seria praticamente a menor de suas obrigações. Havia também os soldados do grande rei para alimentar, e seus cavalos, mulas e camelos. Madeira teria de ser fornecida para as fogueiras dos cozinheiros reais. As taças na mesa do Grande Rei tinham de ser confeccionadas de prata e ouro, as toalhas, do mais fino linho, os tapetes e tapeçarias, dos mais macios e mais luxuosos materiais que os pobres cidadãos pudessem comprar. E também, depois de usados, não havia a possibilidade de vendê-los para ajudar a pagar as despesas, uma vez que os persas, ao jeito da pior espécie de hóspede, tinham o hábito de encaixotar a mobília e tudo o mais e levar embora sem deixar nada sobrando. (HOLLAND, p.303-304)

Esses banquetes eram considerados uma oferenda do próprio rei aos seus aliados, afinal, mesmo que tudo fosse fornecido pelos reis submissos, Xerxes acreditava que, uma vez que ele era dono daquela região, todas as riquezas pertenciam, no fim das contas, a ele.

Foto de membro da equipe do site: Moacir Führ
Escrito por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Fontes bibiliográficas
  • HOLLAND, Tom. Fogo Persa. Rio de Janeiro: Record, 2008.
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