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Barcos na Roma Antiga - Navegação

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Capa do artigo: Barcos na Roma Antiga - Navegação

Foto de modelo de navio mercantil romano do século 1 a.C. vendido pelo site alemão modelships.de

Assim como na construção naval, a navegação na Roma antiga não dependia de instrumentos sofisticados, como bússolas (que ainda não eram usadas) ou GPSs, mas de experiência prática, conhecimento local e observação de fenômenos naturais. Em condições de boa visibilidade, os marinheiros do Mediterrâneo costumavam navegar tendo o continente ou as ilhas dentro do campo de visão, o que facilitava bastante a navegação.

Instruções de navegação e posicionamento

Eles navegavam observando sua posição em relação a uma sucessão de pontos de referência reconhecíveis e usavam instruções de navegação. Instruções de navegação escritas (periploi em grego) para viagens costeiras foram introduzidas no século 4 a.C.

Esse modelo de barco mercante era conhecido como corbita. Ilustração moderna, autor desconhecido.

Elas eram inicialmente escritos em grego e existiam para facilitar as viagens no Mediterrâneo. Por volta de 50 d.C, havia instruções escritas não apenas para o Mediterrâneo, mas também para rotas da Europa Atlântica para a cidade de Massilia e para rotas ao longo da costa do noroeste da África, em torno do chifre da África e do Golfo Pérsico até a Índia e além.

Quando as condições climáticas não eram boas ou quando a terra não era mais visível, os marinheiros romanos estimavam as direções pela posição da estrela polar ou, com menos precisão, do sol ao meio-dia. Eles também estimavam as direções usando o vento.

Essa reconstrução de um navio mercante romano mostra um corte lateral para a visualização de sua carga. Autor desconhecido.

Muitas das habilidades de navegação dos romanos foram herdadas dos fenícios. Plínio afirmou que os fenícios foram os primeiros a aplicar o aprendizado astronômico obtido pelos caldeus à navegação no mar. Por exemplo, marinheiros fenícios perceberam que a constelação Ursa Menor orbitava o Pólo Norte celeste em um círculo mais apertado do que a Ursa Maior. Como resultado, eles usaram a Ursa Menor para lhes dar uma direção mais precisa do norte.

As rotas comerciais dos navegadores fenícios. Via Wikimedia Commons.

Energia

Tanto navios mercantes quanto navios de guerra usavam o vento (velas) e a energia humana (remadores). Coordenar as centenas de remadores não era uma tarefa fácil e, para resolver esse problema de coordenação dos remadores, era tocado um instrumento musical, geralmente um instrumento de sopro. Os marinheiros romanos também tinham que ter um bom entendimento dos fenômenos naturais, da direção do vento em relação à vela e precisavam saber como operar as velas em várias condições climáticas.

Tempo de viagem e portos

Havia um grande número de rotas de navegação com horários mais ou menos regulares no Mediterrâneo. Os navios mercantes levavam suprimentos das províncias para os portos da península italiana.

Durante o Império, Roma era uma cidade enorme (para os padrões antigos) de cerca de um milhão de habitantes. Mercadorias de todo o mundo chegavam à cidade através do porto de Pozzuoli, situado a oeste da baía de Nápoles, e através do gigantesco porto de Óstia, situado na foz do rio Tibre; 1200 grandes navios mercantes (de 350 toneladas) atingiam o porto de Óstia todos os anos ou cerca de cinco por dia navegável. Grandes navios mercantes se aproximavam do porto de destino e eram, como hoje, interceptados por barcos rebocadores que os arrastariam para o cais.

Confira abaixo uma recriação digital do porto de Óstia na época do imperador Trajano (112 d.C.):

O tempo de viagem ao longo das muitas rotas de navegação podia variar bastante. Os navios costumam dobrar as águas do Mediterrâneo a velocidades médias de 4 ou 5 nós. As viagens mais rápidas atingiam velocidades médias de 6 nós. Uma viagem de Óstia a Alexandria, no Egito, levava cerca de 6 a 8 dias, dependendo dos ventos.

Barcos e portos romanos. Ilustração moderna, autor desconhecido.

Viajar de sul para norte ou de leste para oeste geralmente levaria mais tempo devido aos ventos desfavoráveis. Vale a pena notar que a navegação comercial no Mediterrâneo era suspensa durante os quatro meses de inverno, quando o Mediterrâneo era chamado de Mare Clausum (Mar Fechado).

Conclusão

Os romanos antigos construíram grandes navios mercantes e navios de guerra, cujo tamanho e tecnologia foram inigualáveis ​​até o século 16. Marinheiros romanos navegaram pelo Mediterrâneo, Mar Vermelho e Oceano Índico e saíram para o Atlântico ao longo das costas da atual França, Inglaterra e África.

Modelo de um navio mercante romano.

Eles tinham um conhecimento avançado de navegação e navegavam pela observação de pontos de referência com a ajuda de instruções de navegação por escrito e pela observação da posição dos corpos celestes.

Instrumentos de navegação como a bússola, embora em uso na China desde o século 2 a.C., não apareceram na Europa até o século 16. Durante o Império, havia um grande número de rotas de navegação movimentadas no Mediterrâneo, trazendo suprimentos das províncias longínquas para os portos da península italiana.

Foto de modelo de navio mercantil romano do século 1 a.C. vendido pelo site alemão modelships.de

Os navios de guerra da marinha romana, muito rápidos e manobráveis, protegiam as rotas marítimas dos piratas. No geral, o transporte na Roma antiga se assemelhava ao transporte atual, com grandes embarcações cruzando regularmente os mares e trazendo suprimentos dos quatro cantos do Império.

Tradução de texto escrito por Victor Labate
Março de 2017

Foto de membro da equipe do site: Moacir Führ
Postado por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Fontes bibiliográficas
  • Modelships.de. Roman trade ship of 1st century B.C.
  • Romae Vitam. Roman Ships
  • Casson, L. The Ancient Mariners. Princeton University Press, 1991.
  • Gaius Plinius Secundus Pliny the Elder. Natural History. Penguin Classics, 1991.
  • Oleson, J.P. The Oxford Handbook of Engineering and Technology in the Classical World. Oxford University Press, 2009.
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