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12. O Livro de Preces de Claude de France (c.1517)

Produzido para Claude, a rainha da França (1514-1524), juntamente com um Livro de Horas quase igualmente impressionante. Este trabalho é um dos manuscritos iluminados mais exclusivos devido ao seu tamanho: pequeno o suficiente para caber na palma da mão (6,9 cm de altura). Como um livro de orações, teria sido facilmente carregado e lido e seu propósito utilitário poderia ser alcançado sem ilustrações. O que torna o trabalho tão fascinante é que ele é ilustrado com 132 imagens intrincadas emolduradas por bordas elaboradas e marcantes.

Algumas dessas imagens são tão pequenas que, hoje, não podem ser vistas sem o auxílio de uma lupa. Os estudiosos continuam em desacordo, de fato, sobre como essas imagens foram produzidas, uma vez que a lupa não existia na época em que o livro foi criado.

Comentário do tradutor: É possível que o ilustrador do livro tenha usados óculos para ampliar seu objeto de trabalho, já que nessa época esses objetos já haviam sido inventados há mais de 200 anos e eram de uso comum entre escribas.

Facsimile da obra.

11. O Breviário de Grimani (c. 1510)

Esse é o primeiro livro da lista a ser produzido depois da Idade Média, vários anos após a invenção da imprensa.

Este trabalho é quase lendário por sua extensão e a beleza da obra de arte. O livro é composto por 1670 páginas com ilustrações de página inteira de cenas da Bíblia, lendas seculares e paisagens contemporâneas, juntamente com cenas domésticas. O texto é de natureza bíblica e inclui orações, salmos e outras seleções da Bíblia. Provavelmente foi feito na Flandres, mas não se sabe quem o criou ou encomendou.

O livro foi comprado pelo cardeal veneziano Domenico Grimani (1461-1523) em 1520, que o declarou tão bonito que apenas pessoas selecionadas de alta posição moral deveriam ter permissão para vê-lo, e somente em circunstâncias especiais. Em seu testamento, Grimani estipulou que o livro nunca poderia ser vendido e o deixou para Veneza.

Algumas das diversas ilustrações da obra.

10. Les Tres Riches Heures du Duc de Berry (c. 1412-1416 e 1485-1489)

Mesmo que O Livro de Horas Negro seja reconhecido e admirado por suas qualidades únicas, Les Tres Riches Heures é o livro de horas mais famoso da atualidade. É regularmente referenciado como uma obra-prima absoluta. O livro foi encomendado por Jean, Duque de Berry, Conde de Poitiers, França (1340-1416). Ficou inacabado quando o duque, bem como os artistas que trabalharam nele, morreram de peste em 1416. O manuscrito foi descoberto e concluído entre os anos 1485-1489.

É muitas vezes referido como o “rei dos manuscritos iluminados” devido à incrível grandiosidade das miniaturas e à óbvia habilidade artística necessária para criá-lo. Temas bíblicos são trazidos à vida de forma vibrante pelos ilustradores e iluminados de forma tão brilhante que as imagens parecem quase se mover na página. A obra contém outras imagens, como paisagens da época, cenas domésticas, um mapa de Roma e outras não associadas a histórias bíblicas.

Leia nosso artigo sobre a obra

Uma das famosas ilustrações do livro de horas do Duque de Berry.

9. O Livro de Horas Negro (1475-1480)

Produzido em Bruges, Bélgica, por um artista anônimo que trabalha no estilo do principal ilustrador da cidade, Wilhelm Vrelant, que dominou a arte por volta de 1450 até sua morte em 1481. É feito de um fino pergaminho que foi cuidadosamente processado, tingido de preto e então iluminado em azul brilhante - quase hipnotizante - e dourado. As imagens em azul e cores mais claras são realçadas pelo preto profundo do fundo e toda a obra dá ao leitor a impressão de entrar em outro reino. O texto da obra contribui para essa impressão, pois está escrito em tinta prata e ouro. É um dos livros de horas mais originais existentes e facilmente um dos manuscritos iluminados mais impressionantes.

Facsimile da obra.

8. O Livro de Horas de Jeanne d’Evreux (1324-1328)

Produzido em Paris, França, pelo principal ilustrador da época, Jean Pucelle, para a rainha Jeanne d'Evreux (1310-1371), esposa de Carlos IV (1322-1328). É uma obra-prima artística incrível de 25 pinturas de página inteira que representam a vida de Jesus Cristo, bem como uma série de ilustrações menores, totalizando mais de 700. O texto, é claro, apresenta as orações que um cristão fiel recitaria ao longo do dia, e as ilustrações pretendem inspirar e elevar o leitor. A obra é ainda mais impressionante pelo seu tamanho: é menor do que uma brochura dos dias modernos (com cerca de 9,2 cm de altura). Entre os muitos exemplos sobreviventes de Livros de Horas, este é facilmente um dos mais impressionantes.

Facsimile do livro.

7. O Bestiário da Abadia de Westminster (1275-1290)

Provavelmente produzido em York, Grã-Bretanha. Um bestiário é um livro de animais, reais ou imaginários, definidos e acompanhados de ilustrações. Este gênero se originou na Grécia no século 2, mas foi mais popular durante a Idade Média, quando vários deles foram produzidos para mostrar uma correlação entre o mundo natural e a visão cristã da Bíblia. O Bestiário da Abadia de Westminster é um bom exemplo desse tipo de trabalho. Com desenhos de histórias pré-cristãs e bíblicas, o livro apresenta uma série de criaturas fascinantes em suas 164 ilustrações, cada uma representada em detalhes impressionantes.

Facsimile do livro.

6. A Bíblia Morgan (c. 1250)

Produzido em Paris, provavelmente por Luís IX (1214-1270), que participou das 7ª e 8ª Cruzadas. A Bíblia Morgan era originalmente um trabalho apenas de ilustrações coloridas, mas os proprietários posteriores parecem ter se sentido compelidos a adicionar textos para complementar as imagens. Essa prática é o inverso completo de como os manuscritos iluminados geralmente eram criados, onde o texto era primeiro escrito e depois entregue a um artista para ilustrar e a um iluminador para enfeitar.

O propósito da obra original, sem texto, parece ter sido o mesmo: apresentar narrativas bíblicas de forma acessível. Mesmo assim, a obra contém uma série de temas leigos fascinantes que nada têm a ver com a Bíblia que acompanha o texto bíblico. A Bíblia de Morgan é considerada um dos maiores manuscritos iluminados de todos os tempos e uma obra-prima artística da Idade Média.

Edição em facsimile do livro, e abaixo algumas ilustrações da obra.

5. O Saltério de St. Albans (1120-1145)

Produzido na Abadia de St. Alban, na Grã-Bretanha, este é um livro ricamente ilustrado e iluminado de Salmos e literatura. Foi encomendado pelo estudioso Geoffrey de Gorham, que foi abade de St. Alban entre 1119-1146. Foi produzida para Christina de Markyate, ou mais tarde dado ela, que era amiga íntima de Geoffrey, uma prioresa visionária por quem ele tinha grande estima.

O Saltério é amplamente admirado pelos detalhes e beleza das obras de arte. Ele contém mais de 40 ilustrações, todas magnificamente contornadas e intrincadamente trabalhadas, projetadas para complementar e homenagear o tema.

Edição do livro em facsimile e detalhes de uma ilustração.

4. O Livro de Kells (800)

Não se sabe se ele foi produzido na Abadia de Iona, Escócia, e depois trazido para Kells, na Irlanda, em 806 ou se foi produzido em Kells.

Este é o manuscrito iluminado mais famoso. A obra é comumente considerada como o maior manuscrito iluminado de qualquer época. Entomologista e paleógrafo J.O. Westwood comenta: "A Irlanda pode, com justiça, se orgulhar do Livro de Kells. Esta cópia dos Evangelhos, tradicionalmente afirmada como pertencente a São Columba, é inquestionavelmente o manuscrito mais elaborado da arte primitiva que existe atualmente, destacando-se de longe, no tamanho gigantesco das letras nas peças frontais do Evangelho, a minúcia excessiva dos detalhes ornamentais, o número de suas decorações, a delicadeza da escrita e a infinita variedade de letras maiúsculas iniciais, com as quais cada página é ornamentada." (Capítulo do Livro de Kells, 2)

Westwood aqui repete um equívoco comum sobre o Livro de Kells - que foi produzido, ou pelo menos possuído, por São Columba (521-597), que fundou a abadia em Iona. Estudos recentes, no entanto, estabeleceram firmemente que a obra não foi produzida antes do ano 800.

Edição do livro em facsimile e detalhes de algumas ilustrações.

3. Os evangelhos de Lindisfarne (700-715)

Criados no Priorado de Lindisfarne na costa norte da Inglaterra. É uma edição ilustrada dos evangelhos do Novo Testamento feita em homenagem ao membro mais famoso do priorado, São Cuteberto, e dedicada à glória de Deus. O priorado foi saqueado pelos vikings em 793 - o primeiro ataque viking registrado na Grã-Bretanha - mas o livro foi de alguma forma salvo e transferido para Durham, longe da costa, por segurança. Junto com o Livro de Kells, os Evangelhos de Lindisfarne estão entre os manuscritos iluminados mais conhecidos e admirados.

Edição do livro em facsimile e detalhes de algumas ilustrações.

2. Codex Amiatinus (final do século 7 e início do 8)

Essa é a versão mais antiga da Bíblia Vulgata (tradução em latim) de São Jerônimo. Ela foi produzida na Nortúmbria, Inglaterra, e conta com 1040 folhas de papel vegetal fino. As narrativas bíblicas são ilustradas por imagens marcantes de cores vivas, embora não sejam tecnicamente “iluminadas”, pois não fazem uso de tinta dourada ou prateada.

A obra freqüentemente dedica páginas inteiras a essas imagens, conhecidas como “miniaturas”. Ela merece um lugar entre os maiores manuscritos pelo domínio de sua arte.

1. O Livro de Durrow (650-700)

O mais antigo livro iluminado dos evangelhos criado na ilha de Iona ou na Abadia de Lindisfarne. O acadêmico Christopher de Hamel descreve o trabalho com as seguintes palavras: "Inclui doze iniciais entrelaçadas, cinco figuras emblemáticas de página inteira que simbolizam os Evangelistas e seis páginas-tapete, um termo evocativo usado para descrever aquelas folhas inteiras de padrões abstratos multicoloridos entrelaçados tão característicos da arte irlandesa primitiva. Qualquer pessoa pode ver que é um excelente manuscrito." (p.20)

O livro contém uma série de ilustrações impressionantes e as páginas-tapete que Hamel nota são frequentemente adornadas por intrincados motivos de nós celtas entrelaçados com imagens de animais. O livro foi provavelmente usado por missionários, pois é fino e, como observa de Hamel, "poderia facilmente deslizar para dentro da mochila de um viajante" (p.20). A obra marca a primeira aparição dos Evangelistas em manuscritos iluminados, bem como o uso mais antigo conhecido de tinta dourada e prateada para iluminar os evangelhos.

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Os 12 manuscritos medievais mais famosos

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Capa do artigo: Os 12 manuscritos medievais mais famosos

A Bíblia Morgan (c. 1250). Biblioteca Pierpont Morgan, Nova York.

Manuscritos com iluminuras são, como seu nome sugere, livros feitos à mão que contêm ilustrações  feitas com tinta dourada e prateada. Eles foram produzidos na Europa Ocidental entre o período que vai de 500 a 1600 e seu tema geralmente eram as escrituras, práticas e tradições cristãs. Os livros eram elaboradamente ilustrados com o uso de tintas de cores vivas e ornamentados com tinta dourada e prateada.

Embora muitos manuscritos do período medieval sejam freqüentemente chamados de “iluminados”, o termo tecnicamente se aplica apenas àqueles que usam tinta dourada e prata. Os fragmentos de um manuscrito das obras de Virgílio (Vergilius Romanus), por exemplo, são frequentemente incluídos nas discussões sobre manuscritos iluminados, mas não atendem tecnicamente à definição padrão.

O tipo mais popular de manuscrito iluminado era o Livro de Horas, que era composto de orações cristãs a serem feitas em determinadas horas do dia. Alguns deles são as obras mais impressionantes de seus períodos, elaboradamente decoradas com ilustrações intrincadas e ricamente iluminadas. Mais desses livros sobreviveram do que qualquer outro porque a demanda por eles era maior e, portanto, mais livros foram produzidos por encomenda.

Outros tipos de manuscritos iluminados eram cópias da Bíblia ou apenas dos quatro evangelhos, bestiários, livros de orações, contos bíblicos e aqueles que tratavam de escritores clássicos como Virgílio ou Homero. Esses manuscritos eram produzidos por monges em mosteiros, abadias e priorados e eram muito caros porque demoravam muito para serem feitos.

O processo de produção de livros durante a Idade Média era altamente artesanal. Um scriptorium medieval. Ilustração moderna, artista desconhecido.

Somente pessoas com posses substanciais podiam pagar para contratá-los. Com o tempo, as freiras também começaram a produzir os manuscritos em seus conventos e, à medida que a alfabetização crescia e os livros se tornavam mais populares, livreiros profissionais surgiram para atender à demanda crescente.

A invenção da imprensa por Johannes Gutenberg por volta de 1440 marcou o início do fim dos livros iluminados feitos à mão, mas eles permaneceram populares entre os ricos, e alguns colecionadores, de fato, desprezaram os livros impressos e continuaram a encomendar trabalhos feitos à mão. Embora a imprensa de Gutenberg tenha tornado os livros mais baratos e mais populares, demorou cerca de 20 anos para que os livros impressos se tornassem um empreendimento lucrativo. O próprio Gutenberg, de fato, nunca lucrou com a invenção; sua imprensa foi apreendida por dívidas logo após sua invenção e os lucros foram obtidos por seu patrono Johan Fust, que aperfeiçoou as técnicas de Gutenberg e popularizou a palavra impressa.

A criação da prensa de impressão e dos tipos móveis de Gutenberg (foto acima) permitiu a popularização do livro a partir do século 15 e 16.

Alguns dos manuscritos iluminados mais impressionantes foram realmente criados após a invenção de Gutenberg e continuaram a ser produzidos até o século 17. Embora existam muitas obras belíssimas, as seguintes estão entre aquelas que são consideradas as maiores. Elas estão listadas segundo a data de produção, das mais antigas para as mais recentes. Confira:

Conclusão

Conforme os livros impressos se tornaram mais populares a partir de 1460, aqueles que faziam livros à mão tornaram-se altamente estimados pelos colecionadores. A acadêmica Giulia Bologna escreve:

Embora demorasse pelo menos seis meses para que um rápido copista profissional produzisse uma única cópia de um livro de quatrocentas páginas, a impressão não encerrou imediatamente a produção de manuscritos. Para as elites culturais, sociais e políticas, os manuscritos iluminados por muito tempo mantiveram um prestígio especial. Vespasiano de Bisticci afirma que o grande bibliófilo Federigo da Montefeltro, duque de Urbino, teria se envergonhado de ter um livro impresso em sua biblioteca. (p.39)

Os artistas que trabalharam em livros como o Breviário Grimani ou o Livro de Orações de Claude de France estavam trabalhando em uma época em que os livros impressos eram mais amplamente aceitos do que antes, mas ainda assim, aqueles que podiam comprá-los preferiam a beleza e habilidade de um trabalho feito à mão, ilustrado à mão.

Os editores reconheceram isso e tentaram fazer seus produtos parecerem mais "legítimos" decorando suas capas com folhas de ouro e contratando ilustradores para fornecer imagens para os títulos dos capítulos, mas por muitos anos após a invenção da imprensa, os ricos continuaram a exigir livros feitos à mão, e entre estes estão alguns dos maiores manuscritos iluminados de todos os tempos.

Tradução de texto escrito por Joshua J. Mark
Fevereiro de 2018

Foto de membro da equipe do site: Moacir Führ
Postado por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Fontes bibiliográficas
  • Bologna, G. Illuminated Manuscripts: The Book Before Guttenberg. Thames & Hudson, 1988.
  • Brown, M. Understanding Illuminated Manuscripts. J. Paul Getty Museum, 1994.
  • Cahill, T. How the Irish Saved Civilization. Anchor, 1996.
  • Cahill, T. Mysteries of the Middle Ages: The Rise of Feminism, Science, and Art from the Cults of Catholic Europe. Anchor, 2008.
  • De Hamel, C. A History of Illuminated Manuscripts. Phaidon Press, 1997.
  • Westwood, J. O. The Art of Illuminated Manuscripts. Smithmark Publishing, 1996.
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