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Objetos diversos encontrados no Cemitério de Ur, no túmulo da rainha Puabi. Suméria, cerca de 2500 a.c.
Mais dados sobre cada um dos itens são informados no decorrer do artigo.
A descoberta do cemitério de Ur e das tumbas reais foi um dos maiores eventos da arqueologia do início do século 20. As escavações realizadas pela equipe liderada Leonard Woolley em 1927-1928, e financiada pelo Museu Britânico e do Museu Penn, ocorreram cerca de cinco anos após a descoberta do túmulo do faraó egípcio Tutancâmon, outro grande achado dessa década.
Ur foi uma das grandes cidades da Mesopotâmia no terceiro milênio a.C., e as descobertas do cemitério da cidade, juntamente com as descobertas de centenas de objetos de grande valor em túmulos reais, nos ajudam a entender um pouco melhor a cultura dos povos dessa região. Segundo Roaf:
O fausto das sepulturas do Cemitério Real e a qualidade do trabalho artesanal dos objetos encontrados são extraordinários. Os trabalhos em metal, em particular, demonstram um domínio absoluto das principais técnicas de ourivesaria. Os artesões fabricavam objetos no qual se combinavam diversos materiais sobre madeira. Abundavam as inscrustações de concha e de pedras de diferentes cores, em motivos geométricos e em cenas com gente e animais. (ROAF, 2006, p.90)
Os objetos encontrados nos túmulos reais estão até hoje entre os mais interessantes e bem preservados já resgatados. Todos os livros que tratam da história da Mesopotâmia, acabam, em algum momento, mencionando algum desses achados. Por isso criamos esse artigo, para oferecer uma lista dos principais objetos encontrados nos túmulos reais e algumas informações interessantes sobre ele.
Várias liras foram encontradas no Cemitério Real de Ur. Essa foi uma das duas que foi encontrada no túmulo da rainha Puabi. Junto com a lira, que estava contra a parede do poço, estavam os corpos de dez mulheres com belas jóias e numerosos vasos de pedra e metal. Uma das mulheres estava deitada contra a lira e, de acordo com Woolley, os ossos de sua mão estavam posicionados onde as cordas deveriam ter estado.
As partes de madeira da lira haviam apodrecido, mas Woolley colocou gesso na depressão deixada pela madeira e assim preservou a sua decoração. A máscara de ouro de touro que decora a frente da caixa sonora havia sido esmagada mas foi restaurada. Os chifres são modernos, mas a barba, os olhos e cabeça são originais e feitos de lapiz-lazuli.
O Museu Britânico possuí duas dessas liras: a Lira de Prata e a Lira da Rainha. Ambas possuem cerca de um metro de altura.
Esse objeto está atualmente exposto no Museu Britânico. Ele é bem menor do que parece a primeira vista. Tem apenas 21,7 cm de altura, por 50,4 cm de comprimento.
O Estandarte de Ur foi encontrado em um dos maiores túmulos do Cemitério Real de Ur, em um canto de uma câmara sobre o ombro de um homem. Sua função original ainda é desconhecida. Leonardo Woolley imaginou que era carregado em uma estaca como um estandarte, por isso o seu nome. Outra teoria sugere que seria uma caixa de som para ressonância de algum instrumento musical de corda.
Alguns livros nacionais chamam esse objeto de o Padrão de Ur. Isso se deve a um erro de tradução, a palavra "Standard" em inglês pode ser traduzida também como padrão, mas nesse caso a tradução correta é Estandarte.
O objeto é feito de um quadro de madeira, com mosaicos de conchas, calcário vermelho e lápis-lázuli, fixados com betume. Os painéis principais são conhecidos como o "Guerra" e "Paz". O painel "Guerra" mostra uma das primeiras representações de um exército sumério. Carruagens, cada uma puxada por quatro burros, atropelam inimigos; infantaria vestindo capas carregam lanças; soldados inimigos são mortos com machados, outros são levados em procissão nus e apresentados ao rei que segura uma lança.
O painel "Paz" mostra animais, peixes e outros bens sendo levados em procissão para um banquete. Figuras sentadas vestindo saias franjadas, bebem acompanhadas por músicos tocando liras. Cenas de banquetes como essa são comuns em selos cilíndricos desse período, como o selo da Rainha Puabi, também em exibição no Museu Britânico.
Os painéis triangulares laterais mostram cenas fantasiosas que estão danificadas.
Atualmente em exposição no Museu Penn, tanto a adaga quanto a bainha são reproduções feitas pelo processo de Eletrotipo. As originais estão em Bagdá. Ambas foram encontradas em Ur janeiro de 1928.
O cabo da adaga é de lapis-lazuli com bolas de ouro. A lâmina é de ouro, lisa na parte traseira exceto pelas linhas no centro. Ela possui um furo para corréia no cabo. Ela possui 37,6 cm.
A bainha é toda de ouro com um design intrincado cheio de gravações geométricas. A bainha também possui furos na parte traseira para ser presa ao corpo. Ela possui 25,2 cm.
Essa adaga foi encontrada no mesmo local do elmo, e é do mesmo período; é possível que pertencesse a mesma pessoa. Como era feita de ouro, em uma época em que as armas eram feitas de bronze, teria sido impraticável em batalha, sendo mais uma forma de representar riqueza e poder.
Elmo martelado a partir de uma única folha de ouro de 18 quilates com detalhes gravados e em relevo. Para o interior foi montado um boné acolchoado, fragmentos desse pano e do enchimento de lã foram encontrados. O pano foi usado do lado de fora como uma proteção e preso por laços que passavam por buracos ao redor do aro. As orelhas são perfuradas para permitir a audição. Tamanho: 22,7 x 27 x 27 (AxPXL).
O original se encontra em Bagdá. Cópias desse elmo, feitas através do processo de Electrotyping, podem ser encontradas no Museu Britânico, e no Museu Penn.
Leonard Woolley descobriu duas dessas estátuas nas tumbas reais. Uma delas está em exibição no Museu Britânico e a outra no Museu Penn. O arqueólogo deu o nome de "Carneiros no bosque", uma referência biblíca a Gênesis 22:13.
O carneiro é mais precisamente descrito como um bode, e está na posição comumente adotada por bodes. Esses foram uns dos primeiros animais a serem domesticados no Oriente Médio. Eles eram comuns na vida dos agricultores e regulamente retratados pelos artista de diversas formas.
Seu corpo é coberto de conchas. A cabeça e as pernas são cobertas de ouro, as orelhas são de cobre, e os chifres e a pelagem do pescoço são de lapiz-lazulii. Seus genitálias são de ouro. A árvore é coberta de ouro. O suporte da estátua é decorado com conchas, calcário vermelho e lapiz-lazuli.
O tubo saindo das suas costas sugeste que era usado para apoiar alguma coisa, provavelmente uma tijela.
Este adorno de cabeça ornamentado e um par de brincos foram encontrados com o corpo da Rainha Puabi no Cemitério Real de Ur. A parte de cima é composta de 20 folhas de ouro, duas cordas de lapis e cornalina e um grande pente de ouro. Além disso, ela usava gargantilhas, colares e grandes brincos em forma de lua. A parte superior do seu corpo estava coberta por fios de contas feitos de metais preciosos e pedras semipreciosas que se estendiam dos ombros até o cinto. Dez anéis decoraram seus dedos. Um diadema ou filete feito de milhares de pequenas contas de lápis-lazúli com pingentes de ouro representando plantas e animais estava aparentemente em uma mesa perto de sua cabeça.
Dois atendentes estavam na câmara com Puabi, um agachado perto de sua cabeça, o outro a seus pés. Vários vasos de metal, pedra e cerâmica estavam em volta das paredes da câmara.
Nós do Apaixonados por História já escrevemos um artigo inteiro dedicado ao famoso Jogo de Ur, também conhecido como o Jogo dos 20 Quadrados. Era um jogo muito conhecido na antiguidade, e um tabuleiro foi descoberto nas escavações do Cemitério Real de Ur. Para ler o nosso artigo sobre ele clique aqui.
Centenas de outros itens menores e menos conhecidos foram encontrados no cemitério real de Ur. Os mais famosos já foram citados acima. Abaixo você confere uma galeria com fotos de alguns desses outros itens.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.
Ornamento de fragmento de móveis. Tamanho: 9,6 x 10,7 cm. Museu Penn. N° B17064
Lança com detalhes em ouro e machado com cabeça de cobre. Feitos em madeira. Museu Britânico. N° 120689
Harpa da rainha; reconstrução de uma harpa em forma de barco com 13 cordas; à esquerda estão os restos reais das tarraxas com cabeça dourada e a decoração da harpa em lápis-lazúli; a forma do instrumento foi reconstruída com base nas representações do instrumento em selos e em esboços feitos no momento da escavação. Museu Britânico. N° 121198,b
Vaso de ouro nomeado 'Vaso Cosmético'. Tamanho: 7,9 x 6,3 cm. Museu Britânico. N° 121354
Selo cilíndrico de lápis-lazúli encontrado junto ao corpo da rainha Puabi. Museu Britânico. N° 121544
Quais eram os idiomas da Mesopotâmia?
13,8 mil visualizações - 30/10/2018