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Capitais Assírias - Dur-Sharrukin (Khorsabad)

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Capa do artigo: Capitais Assírias - Dur-Sharrukin (Khorsabad)

Reconstrução do Grande Portão do Palácio de Dur-Sharrukin.
Autor endegor. Via deviantart (veja link na bibliografia).

Capital do Império Assírio de 706 a 704 a.C.

Dur-Sharrukin foi uma cidade assíria construída pelo rei Sargão II (reinou de 722-705 a.C.) para ser a nova capital do Império. Dur-Sharrukin significa "Fortaleza de Sargão", mas o local também é chamado de Khorsabad, já que esse é o nome atual da cidade iraquiana onde a antiga cidade foi construída.

Localização das cidades assírias (pontos azuis) e algumas das outras cidade importantes da época (pontos verdes). Em vermelho a posição da atual cidade de Bagdá.

A cidade cobria uma área de 1,7 km quadrados e era cercada por uma muralha com 14 metros de profundidade e 12 metros de altura. As construções começaram em 717 a.C. e seguiram durante todo o reinado de Sargão II, que se manteve afastado em campanhas militares. Ele se mudou para o palácio em 706 a.C, mas morreu em campanha no ano seguinte. Após sua morte, seu filho Senaqueribe levou a capital para Nínive, e a cidade foi gradativamente sendo abandonada.

A construção da nova capital

Sargão II subiu ao poder com um golpe e por isso não confiava na corte de Nimrud que era ligada ao antigo rei.

Que a elite de Kalhu não podia mais ser vista como inquestionavelmente leal a quem quer que fosse rei tornou-se muito claro em 746 aC. Naquele ano, uma rebelião contra o rei Aššur-nerari V (754-745 aC) começou em Kalhu, no centro do estado assírio. A revolta foi bem sucedida e eventualmente resultou na ascensão de Tiglate-Pileser III (744-727 aC) ao trono. Tendo lucrado com a recém-descoberta independência de Kalhu da corte real, ele e seu herdeiro escolhido Salmaneser V (726-722 aC) tinham poucos motivos para temê-la.
Sargão II, no entanto, enfrentou uma feroz resistência ao seu governo depois que ele derrubou seu irmão Shalmaneser em 722 aC e usurpou o poder real. Rebeliões surgiram nas províncias ocidentais, mas também, e muito mais preocupantemente, no coração da Assíria. Depois que ele conseguiu esmagar a oposição em 720 aC, ele exilou aqueles de seus inimigos que haviam sobrevivido no centro da Assíria . Além disso, ele imediatamente tomou medidas para realocar a corte e a administração central. A construção de Dur-Šarruken ("fortaleza de Sargão"; Khorsabad moderna) começou em 717 aC. (Assyrian empire builders UCL, tradução nossa)

Ele comprou a terra de uma comunidade agrícola e, durante o tempo que a obra era realizada, esteve afastado em campanhas militares. A obra foi conduzida por seu filho, e futuro rei, Senaqueribe, com o qual ele se comunicava por cartas, se mantendo envolvido na construção. Segundo o historiador Van de Mieroop, cerca de 113 cartas enviadas pelo rei fazem alguma referência a construção de Dur-Sharrukin.

Mesmo tendo pressa para mudar para sua nova capital, Sargão II também teve uma grande preocupação com a qualidade da construção. O "Palácio sem rival", como era chamado o palácio real, tinha mais de 210 salas, ao redor de três pátios. Os portais eram guardados por lamassus (estátuas gigantes de touros alados com cabeças humanas), e as paredes eram cobertas com relevos que mostravam o triunfo dos exércitos assírios. A cidade ainda tinha um grande zigurate com quatro andares, com uma escada em espiral ao seu redor, e cada um dos níveis era pintado com uma cor: branco, preto, vermelho e  azul.

Cilindro de Sargão II, onde o rei exalta a construção de sua nova capital. Museu Britânico. N° 22505. Um cilindro similar, com a mesma inscrição, está em exposição no Museu do Louvre.

As escavações e a redescoberta

Em 1842 o cônsul francês em Mosul, Paul-Émile Botta, ouviu falar da presença de esculturas de pedra no sítio de Khorsabad, ele fez escavações lá de 1842 a 1844, e foi auxiliado nos estágios finais por Eugène Flandin. Uma nova expedição francesa comandada por Victor Place retomou as escavações entre 1852 e 1855.

Paul-Émile Botta em pintura de Charles-Émile-Callande (1797–1883). Museu do Louvre. Via Wikimedia Commons.

Muitos dos achados da expedição francesa a Khorsabad acabaram sendo perdidos em naufrágios, enquanto eram transportadas por rio. Os demais itens foram enviados para o Museu do Louvre.

Novas expedições foram organizadas por arqueólogos norte-americanos do Instituto Oriental de Chicago entre 1928 e 1935. E novas escavações foram realizadas em 1957 por uma equipe do Departamento de Antiguidades do Iraque.

A destruição pelo Estado Islâmico

Em 08 de março de 2015 o site brasileiro Exame noticiou EI destrói Dur Sharrukin, antiga capital da Assíria. A informação veio de fontes do governo e das forças de segurança. As ruínas do palácio foram destruídas usando escavadeiras e diversos objetos foram roubados.

A cidade de Dur-Sharrukin não foi a única a sofrer com a ignorância do Estado Islâmico. A cidade de Nimrud e Nínive também sofreram ataques depredatórios dessa organização terrorista.

Vídeos sobre a cidade

No vídeo abaixo, que eu traduzi a partir do francês, você pode conferir uma das conservadoras do Museu do Louvre falando sobre a coleção de monumentos vindo de Khorsabad, e a reconstrução virtual da cidade que estava sendo feita pelo museu:

Outros vídeos interessantes sobre o tema são os seguintes:


Confira nossa galeria abaixo para mais referências visuais sobre a cidade e o palácio.

Foto de membro da equipe do site: Moacir Führ
Escrito por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Galeria de imagens 1 de 24
Lamassus de Khorsabad em exposição no Museu Britânico

Um par de lamassus e outros relevos estão em exposição no Museu Britânico. 4,4 metros de altura. N° 118808,b e 118809,a

Detalhe de um dos lamassus do Museu Britânico.

Museu Britânico. N° 118809,a

Exposição de Khorsabad no Museu do Louvre.

Via Wikimedia Commons.

Exposição de Khorsabad no Museu do Louvre.

Exposição de Khorsabad no Museu do Louvre.

Exposição de Khorsabad no Museu do Louvre.

Via Wikimedia Commons.

Exposição de Khorsabad no Museu do Louvre.

Relevo do Palácio de Khorsabad

Museu do Louvre. N° AO 19863

Relevo do Palácio de Khorsabad

Museu do Louvre.

Ilustração de Charles B. Altman

Reconstrução de uma pintura de parede neo-assíria de 13 metros de altura da residência K na cidade assíria de Khorsabad. Ilustração de Charles B. Altman.

Reconstrução do Palácio de Sargão II

Ilustração feita em 1905 para o livro ' A history of all nations from the earliest times; being a universal historical library' de John Wright.

Reconstrução da cidade de Khorsabad

Escavações em Khorsabad

Pintura de Félix Thomas (1815-1875).

Reconstrução do Palácio de Khorsabad

A Corte Yelda de Khorsabad no Instituto Oriental de Chicago

Recriação de parte do interior de um pátio do palácio do rei Sargão II da Assíria, dominado pelo objeto mais espetacular da coleção mesopotâmica - o touro alado de cabeça humana (lamassu) de 5 metros altura e 40 toneladas. O lamussu e os relevos adjacentes, que incluem imagens do rei Sargão e de seu filho, o futuro rei Senaqueribe, foram escavados pelo Instituto Oriental entre 1928 e 1935 na cidade de Sargão II, Dur-Sharrukin (atual Khorsabad). Outros destaques são tijolos de vidro, faixas de bronze em relevo e estátuas de deuses da fertilidade do templo de Nabu.

Detalhe do Lamassu na exposição do Instituto Oriental de Chicago

Lamassu com 5 metros de altura (mulher para comparação do tamanho).

Relevo A do Palácio de Sargão II

Exposição do Instituto Oriental de Chicago. Via Wikimedia Commons.

Relevo B do Palácio de Sargão II

Exposição do Instituto Oriental de Chicago. Fonte: Wikimedia Commons.

Khorsabad - Escavação no portão A

Foto da expedição de 1933-34 do Instituto Oriental. Número do Negativo: N 18525

Escavações em Khorsabad entre 1929 e 1935

De 1929 a 1935, o Instituto Oriental escavou o sítio de Khorsabad (antiga Dur-Sharrukin, "Fortaleza de Sargão"), primeiro com a Expedição Assíria sob a direção de Edward Chiera (1885-1933) e depois com a Expedição do Iraque sob a direção de Henri Frankfort (1897-1954) e depois Gordon Loud (1900-1971). Os arqueólogos do Instituto Oriental expandiram as escavações dos arqueólogos franceses que trabalharam no local em meados do século 19. Esta fotografia mostra as escavações de um dos portões monumentais - marcado por um par de lamassu (touros alados de cabeça humana) - em uma das entradas da cidadela, em cima do palácio de Sargão, residências reais, templos e um zigurate. Fonte: Facebook do Instituto Oriental de Chicago.

Escavações em Khorsabad

Victor Place e Gabriel Tranchand ao lado de um lamassu assírio no portão do Palácio de Sargão II em 1852. Via Wikimedia Commons.

Escavações no sítio de Khorsabad no século 19.

Lamassus sendo transportados durante as escavações em Khorsabad

Fotos do Instituto Oriental de Chicago.

Escavações no sítio de Khorsabad no século 19.

Fontes bibiliográficas
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