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Mesopotâmia - A invenção da cidade

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Capa do livro Mesopotâmia - A invenção da cidade, de Gwendolyn Leick
Informações técnicas

Autor: Gwendolyn Leick
Título original: Mesopotamia - The Invention of the City
Páginas: 365
Editora: Imago
Ano da edição: 2003
Idioma: Português

Sinopse

Mesopotâmia é o nome dado pelos antigos gregos a uma terra que corresponde aproximadamente ao Iraque atual. Significa literalmente 'entre os rios', referindo-se ao Tigre e ao Eufrates. No uso moderno, adquiriu um significado mais amplo, porque se refere não só à terra entre os, dois principais rios, mas também aos seus tributários e vales circundantes, descrevendo assim uma área que inclui o Iraque, a Síria oriental e o Sudeste da Turquia. Não havia apenas uma cidade, mas dezenas delas, controlando cada uma seu próprio território rural e pastoril e sua própria rede de irrigação. Este livro pretende contar a história de dez dessas cidades mesopotâmicas.

Historiador
Gwendolyn Leick

Gwendolyn Leick é uma antropóloga, assirióloga e escritora austríaca. É autora de diversas publicações sobre o Antigo Oriente Próximo, incluindo obras como "Mesopotâmia - A Inveção da Cidade", além de outras ainda sem tradução, como "A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology" ou "Sex and Eroticism in Mesopotamian".

Anotações de leitura do livro Análise do livro
4/5 BOM

LEICK, Gwendolyn. Mesopotâmia - A Invenção da Cidade. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

A obra "Mesopotâmia - A Invenção da Cidade" traz uma abordagem diferente para a análise da civilização mesopotâmica. A autora defende o argumento de que a grande invenção da Mesopotâmia foi o urbanismo, conforme ela mesmo explica:

A mais notável invenção da civilização mesopotâmia é o urbanismo. A idéia da cidade como um conceito heterogêneo, complexo, desordenado, em permanente mudanças, mas basicamente viável para a sociedade humana, foi uma criação mesopotâmia. (LEICK, 2003, 17)

Partindo desse ponto a autora organiza a sua obra em torno de 10 cidades. Não sei qual o critério utilizado para escolhê-las, mas é uma pena que cidades como Larsa, Lagash e Eshunna tenham ficado de fora. As cidades eleitas pela autora foram as seguintes:

  • Eridu
  • Uruk
  • Churupaque
  • Acádia
  • Ur
  • Nippur
  • Sippar
  • Assur
  • Nínive
  • Babilônia

A narrativa se desenrola de forma relativamente cronológica. A autora começa com as cidades de Eridu, Uruk e Churupaque que representam o início da civilização suméria. A lógica dos capítulos é, grosso modo, a seguinte:

Descrição de expedições arqueológicas naquela cidade no século 19, estado das escavações na atualidade e ações tomadas pelo governo iraquiano. Depois faz um relatório dos principais achados e seu significado em termos de cultura, organização social, econômica e política. Segue-se a isso uma narrativa cronológica sobre os eventos políticos da época.

E, ao final do capítulo, a autora normalmente escolhe algum tema que chamou mais a atenção e faz algumas conjecturas e observações sobre isso. Os principais temas são a religião, a magia e seus rituais. A questão econômica é citada rapidamente, mas também há boas descrições sobre a educação e a escrita cuneiforme.

O livro é bastante técnico e a leitura é pesada em alguns momentos, principalmente nos primeiros capítulos, que tratam de civilizações mais antigas e, logo, acabam sendo cheios de longas descrições de objetos encontrados em escavações arqueológicas.

Mas a obra é muito boa porque faz uma análise crítica baseada em evidências, contestando teorias desenvolvidas por outros historiadores e atacando o senso comum. O livro traz os resultados dos estudos mais recentes da área (a obra foi lançada originalmente em 2001), e apresenta uma visão fragmentada mas bastante complexa da Mesopotâmia.

A autora, entretanto, não entra em alguns temas que para mim são muito importantes, tais como as leis e o direito nas cidades da Mesopotâmia e a própria organização política. Há diversos relatos de acontecimentos políticos, mas o que me interessa mais são as estruturas de poder, e essa é uma questão pouco discutida.

Um problema dos livros sobre Mesopotâmia

É importante destacar uma questão: a maior parte dos livros sobre a história da Mesopotâmia, acaba fazendo longas e cansativas descrições de achados arqueológicos, e conjecturas sobre as civilizações que viveram na Mesopotâmia durante o período anterior ao ano 2300 a.C.  Como sabemos é a partir dessa época que surge a civilização da Acádia, e em seguida uma sequência de outras civilizações importantes como a 3° Dinastia de Ur, a Babilônia de Hamurabi, a Assíria e os Neo-babilônicos.

O meu principal problema com isso é o fato de que os estudos sobre os povos anteriores ao ano 2300 a.C. acabam sendo baseados em registros muito escassos. Há poucas informações sobre as relações políticas, sociais, culturais e econômicas desses períodos, então o estudo acaba perdendo o caráter humano, porque não sabemos nomes de pessoas, idéias e o sentido da arte é quase indecifrável, isso quando ela existe.

Por outro lado, a partir de 2300 a.C , e principalmente a partir do século 12 a.C., o estudo deixa de ser baseado em conjecturas e descrições de vasos de cerâmica e restos de comida, e passam a existir informações reais, informações em tabuinhas de argila em cuneiforme, historias de reis, batalhas, detalhes da religião, economia, etc.

Então, para mim o estudo da Mesopotâmia anterior a Dinastia Acádia, é um pouco trivial, porque na prática você está lendo sobre a Pré-História. É claro, é a Pré-História da Mesopotâmia, mas mesmo assim as informações acabam sendo do tipo de você esperaria ao ler uma obra sobre Pré-História e não o que você normalmente deseja encontrar ao ler sobre antigas civilizações.

Traduções diferentes

Outra questão que me chamou a atenção foram algumas traduções diferentes. O tradutor do livro decidiu aportuguesar algumas palavras e elas ficaram muito estranhas: Uruk virou Uruque. Kalhun virou Calá. Lagash virou Lagache, Shamash virou Chamash, etc.

Fotos e erro

O livro possui uma parte interna com fotos em um papel especial (mais brilhante), como já é costume em muitos livros de História. São 8 folhas com 42 fotos.

Aqui houve um erro que me chamou a atenção. Uma das fotos mostra o Zigurate de Ur, antes e depois da restauração (confira abaixo). No entanto a imagem está errada. A foto 14 identificada como sendo o Zigurate de Ur antes da restauração, é na verdade o Zigurate de Uruk.

Página com a imagem errada. A fotografia de cima é identificada como sendo o Zigurate de Ur antes da restauração, quando na realidade se trata do Zigurate de Uruk, a base do Templo Branco.

Como você confere na comparação abaixo:

Zigurate de Ur antes da restauração (a esquerda) e o zigurate de Uruk (a direita).

Sobre as imagens na capa e na contracapa: a imagem de capa mostra um relevo assírio do século 8 a.C. feito em uma peça de marfim, encontrado em Nimrud, atualmente no Museu Nacional de Bagdá:

Relevo assírio em marfim. Nimrud. Século 8 a.C

A imagem na contra capa é uma fotografia da Estela da Vitória de Naram-Sin, período acádio, cerca de 2250 a.C. Atualmente no Museu do Louvre, em Paris. Número de registro: Sb 4

Estela da Vitória de Naram-Sin.

Resenha escrita em 20/09/2018.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

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