Autor: Samuel Noah Kramer
Título original: Cradle of Civilization
Coleção: Biblioteca de História Universal Life
Páginas: 190
Editora: José Olympo
Ano da edição: 1969
Idioma: Português
O conceito de Mesopotâmia como o berço da civilização é o norteia essa obra. Aqui, sucedem-se bem de perto as primeiras conquistas do homem: a invenção da escrita; o refinamento da arte, como se vê na estela comemorativa da vitória de Naram-Sin; a evolução do direito ao nível alcançado no Código de Hamurabi e etc. Para tudo isso não poderia haver guia mais devotado e agradável do que o Dr. Kramer.
Samuel Noah Kramer (1897-1990) foi uma das maiores autoridades mundiais em cultura da Mesopotâmia e da escrita cuneiforme. Recebeu o grau de doutor na Universidade da Pensilvânia em 1929 e participou de expedições arqueológicas no Oriente Médio em 1930-1931. Exerceu o cargo de professor de Assiriologia no Centro de Pesquisas Clark da mesma Universidade e foi autor de muitos obras sobre a Mesopotâmia.
KRAMER, Samuel Noah. Mesopotâmia: o Berço da Civilização. Rio de Janeiro: José Olympo, 1969.
Escrita originalmente em 1967, essa obra de Samuel Kramer é uma boa introdução à Mesopotâmia. Mas eu não recomendaria para àqueles que já tem um conhecimento básico sobre o tema. Para os estudantes de História que já estão familiarizados com a história política, com a religião e com os aspectos básicos da vida cotidiana das cidades-estados da Mesopotâmia, esse livro realmente não traz nada de novo. É uma obra claramente voltada para o público iniciante.
O livro é dividido em oito capítulos e todos eles seguem a seguinte lógica: 8 a 10 páginas de textos com ilustrações, seguidas de uma seção chamada Ensaio Ilustrado, onde são apresentadas fotos maiores com textos curtos, trabalhando temas diversos, que não necessariamente tem uma ligação com o conteúdo do capítulo.
O livro se destaca por um estilo de escrita agradável e por conter uma boa quantidade de ilustrações, que são relativamente bem referenciadas.
Assim como já é costume em outros livros, esse apresenta algumas traduções diferentes: a cidade de Uruk é chamada de Erech, a cidade de Kalhu é chamada Calah, entre outras. Infelizmente esse é um problema comum nos livros sobre Mesopotâmia: não parece haver um acordo entre os tradutores.
Embora a obra apresente muitas imagens, há alguns momentos no livro em que o autor descreve certas construções, obras de arte ou lugares, mas não são encontradas ilustrações para complementar a descrição, o que me parece um grande desperdício de uma ótima oportunidade.
Abaixo apresento uma sinopse curta de cada um dos capítulos, com as suas respectivas páginas, já que o livro não apresenta essa informação no índice.
O primeiro capítulo fala das escavações que ocorreram no Iraque no século 19, quando a civilização da Mesopotâmia começou a ser redescoberta. E depois apresenta uma descrição das buscas mais recentes (o livro foi lançado na década de 1960) pelas origens da agricultura no Oriente Médio. Para desvendar a transição do homem nômade para o sedentarismo.
Ensaio Ilustrado: Desenterrando o Passado. Mostra detalhes das escavações arqueológicas na região e descreve o ABC das técnicas da Arqueologia. Interessante é que na época que o livro foi escrito estava em curso uma escavação em Nippur, organizada pelo Instituto Oriental de Chicago, e a obra traz essas fotos dessa escavação "recente".
Nesse capítulo o autor começa a descrever a história política da Mesopotâmia a partir das primeiras povoações e da civilização Suméria, comentando o domínio das cidades de Ur, Lagash, Umma, Kish, Uruk e passando pela 3° Dinastia de Ur e o Império Acádio. Se trata de uma descrição bastante superficial.
Ensaio Ilustrado: O Povo da Suméria. Ilustrações mostrando detalhes do Estandarte de Ur, e comentando aspectos da vida na época, tais como Agricultura, Comércio, Luxo e Guerra.
Aqui o autor segue a história política com a invasão amorita e o reinado de Hamurabi na Babilônia. Passando pelo período Cassita, o Império Assírio e finalizando com uma nota rápida sobre o Império Neo-Babilônico. Novamente, um relato superficial, onde o reino de Hamurabi ganha um destaque um pouco maior.
Ensaio Ilustrado: Grandes feitos de um monarca. O dito monarca é o rei Assurbanipal (reino de 668-627 a.C), e o ensaio mostra diversos relevos do palácio de Nínive, trazendo traduções para as inscrições escritas pelo rei em primeira pessoa. Perdidas ao longo do ensaio também estão alguns objetos das Tumbas reais de Ur, e outros itens encontrados em Nimrud, Uruk e outros locais.
O capítulo quatro descreve a vida cotidiana dos habitantes da Mesopotâmia. Suas casas, suas leis, seu sistema político, a agricultura e o comércio.
Ensaio Ilustrado: A vida nos pântanos. Fotos e comentários sobre como seria a vida próximo aos rios Tigre e Eufrates com fotos dos povos ribeirinhos na atualidade.
Todo um capítulo dedicado a religião, aos mitos e as superstições desse povo. A maior parte do capítulo é consumido com as estórias dos deuses, a descrição do conceito de ME, do festival do Ano Novo e o Casamento Sagrado.
Ensaio Ilustrado: Histórias de Deuses e Heróis. Ilustrações e resumos sobre os principais mitos mesopotâmicos, com destaque para a Epopéia de Gilgamesh.
A escrita cuneiforme, sua decifração, os escribas e a escola edubba são os temas desse capítulo. O autor também fala sobre a matemática, a astrologia, e outros conhecidos desses povos.
Ensaio Ilustrado: Como começou a escrita. Dedicado ao desenvolvimento da escrita cuneiforme, da sua fase pictográfica até o cuneiforme do período assírio.
Um capítulo que fala principalmente sobre os templos da Mesopotâmia, mas que também abarca seus aspectos arquitetônicos, os palácios reais, as estátuas, os relevos, os selos cilíndricos, a metalurgia e a fabricação de vidros e esmaltes. Tudo muito superficial, importante destacar.
Ensaio Ilustrado: Esplendor maciço de uma cidade. Fala sobre a cidade da Babilônia, e traz diversas ilustrações modernas que tentam reconstruir as muralhas, os portões, os palácios e o zigurate da cidade.
Dedicado ao legado da civilização mesopotâmica, suas relações com outros povos e a sua influência cultural. Em especial sua influência religiosa sobre os hebreus, e sua influência artística sobre os gregos.
Ensaio Ilustrado: Pilares da Civilização. O autor destaca quatro questões nas quais ele acredita que houve um grande influência da Mesopotâmia: a escrita, a roda, o conceito de realeza e as leis.
Para finalizar, as estátuas que aparecem na capa do livro são as Estátuas do Templo de Abu, de Tell Asmar. Para saber mais sobre elas, leia nosso artigo Achados arqueológicos da Mesopotâmia: Suméria.
Resenha escrita em 02/11/2018.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.