Autor: Maria Beatriz B. Florenzano
Coleção: Tudo é História
Páginas: 104
Editora: Brasiliense
Ano da edição: 1982
Idioma: Português
Do império greco-romano ficou uma imagem ornamentada, repleta de frases de sabedoria e obras de arte, mas, quase sempre, desprovida de bases econômicas e dinamismo histórico. É precisamente contra este vazio que surge este livro de Maria Beatriz Florenzano. As relações de propriedade, as formas de exploração da terra, os vínculos entre senhor e escravo que, ao longo de quinze séculos de Antiguidade, constituíram os alicerces da riqueza e da cultura greco-romanas, revelam-se aqui despidos de todos os enfeites, numa linguagem acessível e saborosa.
Formada em História pela FFLCH da Universidade de São Paulo (1973), onde obteve seu título de Mestre em Arqueologia Mediterrânea (1978). Participou de escavações arqueológicas no México (1972/1973) e na Amazônia (1973). Lecionou no ensino secundário em São Paulo de 1974 a 1981. Foi pesquisadora arqueológica no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.
FLORENZANO, Maria Beatriz B. O Mundo Antigo: Economia e Sociedade. São Paulo: Brasiliense, 1982.
Publicado originalmente em 1982, essa obra faz parte da série Tudo é História, uma coleção de livros introdutórios lançados pela editora Brasiliense. O livro é muito curto, apenas 104 páginas, e pode ser lido tranquilamente em 1, 2 dias.
A autora Maria Florenzano é especialista na arqueologia das civilizações mediterrâneas, que são o foco dessa obra. O livro é dividido em duas seções (Grécia e Roma), e se propõe discutir quatro questões: o caráter do regime de propriedade, as formas de exploração da terra, as formas de exploração do trabalho e a escravidão e a relação entre livres e escravos.
É uma obra muito interessante, que mostra como, na antiguidade greco-romana, a propriedade da terra era sinônimo de prestígio e poder. O livro destaca um ponto básico: por mais que as sociedades da antiguidade tenham visto a ascensão das cidades, a economia permanecia totalmente baseada na agricultura e no campo.
Alguns trechos da obra tem um caráter materialista histórico, com citações de Marx, Engels e Perry Anderson. Mas autores de outras correntes também são constantemente citados, como Moses Finley e Raymond Bloch.
Essa parte da obra é dividida em três temas: A Grécia descrita por Homero, o Périodo Arcaico e o Período Clássico.
Na primeira parte da obra a autora fala sobre a obra de Homero (A Íliada e A Odisséia) e como ela representa uma mistura de elementos de três sociedades distintas (a micênica, a da Idade das Trevas e a do Período Arcaico).
O livro parte da suposição de que a sociedade descrita na obra seja similar a do período de transição entre a Idade das Trevas e o Período Arcaico, época que Homero teria vivido. Então a obra apresenta os detalhes dessa sociedade, com sua estrutura centrada no oikos (casa/família), e o papel dos escravos, mulheres, tetas, demiurgos, aristocratas, etc.
O Período Arcaico assiste ao surgimento da Pólis, a cidade-Estado grega. A autora descreve o processo de formação da pólis, o desenvolvimento das instituições, os conflitos de classe, a colonização grega do Mediterrâneo e o surgimento da democracia. Na maior parte do tempo é descrito o caso da cidade de Atenas.
O Período Clássico é apresentado a partir da visão da estrutura econômico-social das duas cidades mais importantes: Atenas e Esparta.
Importante destacar que todo o livro foca na organização social, mas sem perder de vista o aspecto econômico. A obra destaca o papel da agricultura, que sempre foi a atividade econômica principal das sociedades da antiguidade.
O capítulo dedicado a Roma Antiga é dividido em três partes: Realeza, República, Império. As três divisões padrões no estudo dessa civilização. Todo o capítulo chama atenção para o desenvolvimento das seguintes questões: o conflito agrário, a luta de classes entre patrícios e plebeus (aristocratas e o resto do povo), e as várias formas pelas quais se deu a exploração da terra e do trabalho nessa sociedade.
A autora chama a atenção para as instituições da gens, da família e dos clientes. Durante o período republicano, o livro destaca os conflitos agrários, as dificuldades enfrentadas pelos pequenos proprietários de terra, a situação dos escravos e a visão romana sobre àquelas que eram consideradas "atividades inferiores", diga-se, o comércio e os serviços.
O período Imperial assiste primeiramente as reformas de Augusto, que minimizam os conflitos. Mas ao longo da século 3, a crise econômica e o aumento de impostos contribuí para o crescimento dos latifúndios e o gradativo declínio do império do ocidente. A autora apresenta alguns comentários interessantes de outros autores, que falam sobre como o sistema escravista desestimulou os avanços tecnológicos e o aumento da produção.
Resenha escrita em 24/02/2019.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.