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As Cruzadas

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Capa do livro As Cruzadas, de Hilário Franco Jr.
Informações técnicas

Autor: Hilário Franco Jr.
Coleção: Tudo é História
Páginas: 88
Editora: Brasiliense
Ano da edição: 1995
Idioma: Português

Sinopse

As Cruzadas são, sem dúvida, um dos fenômenos históricos mais conhecidos do grande público. A idéia que temos delas, no entanto, é calcada na repetição de inúmeros e caducos chavões, que veiculam noções inteiramente deturpadas. Examinando atentamente as motivações materiais e psicológicas das Cruzadas, bem como os resultados que elas produziram, este livro nos revela uma outra versão desta decisiva fase da história da civilização ocidental.

Historiador
Hilário Franco Jr.

Hilário Franco Júnior é medievalista, especialista em mitologia medieval, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), tendo feito seu pós-doutorado com Jacques Le Goff na École des Hautes Études en Sciences Sociales. A maior parte de suas publicações também tem como tema a História Medieval, dentre elas duas premiadas com o Jabuti da Câmara Brasileira do Livro ("A Eva barbada - Ensaios de mitologia medieval" e "Cocanha - A história de um país imaginário").

Anotações de leitura do livro Análise do livro
3/5 REGULAR

FRANCO JR., Hilário. As Cruzadas. São Paulo: Brasiliense, 1995.

As Cruzadas é um livro da coleção Tudo é História, uma série introdutória lançada pela editora Brasiliense voltada para o público universitário. Seu autor é Hilário Franco Jr., famoso medievalista brasileiro, autor de diversas obras sobre o Idade Média.

As motivações materiais: O objetivo do capítulo é descrever as causas das Cruzadas de um ponto de vista social, político e econômico. O autor faz uma descrição rápida da sociedade feudal e das suas contradições. Ele foca especialmente no período a partir do ano 1000, quando se iniciou um grande processo de aumento populacional, consequência do surgimento de novas tecnologias ligadas à agricultura, além de mudanças climáticas, que propiciaram o aumento da produção. Hilário dá destaque para o avanço do comércio (Veneza, Gênova e Liga Hanseática) e a existência de marginais nessa sociedade (hereges e pobres), a sociedade guerreira e a intistuição da Paz de Deus e da Trégua de Deus, entre outros aspectos.

As motivações psicológicas: Sobre as motivações de caráter cultural. O autor destaca três pontos essenciais da mentalidade medieval: Contratualidade, Belicosidade e Religiosidade. O destaque fica por conta desse último, onde Hilário chama atenção para alguns princípios do espírito das Cruzadas, os seguintes:

  • Deus é o senhor do mundo e os homens como seus vassalos devem servi-lo, recuperando as regiões roubadas pelos infiéis, pagãos e heréticos
  • a Cruzada é um exército de penitentes, de pecadores buscando indulgência (desde fins do século 12 as mulheres dos cruzados também ganhavam indulgência permanecendo fiéis)
  • a honra cavalheiresca que se buscava numa Cruzada não poderia ser obtida de outra forma nem ao longo de toda uma vida
  • o caráter sagrado dos locais disputados reforçava a obrigação dos homens para com seus Senhor e tornava-os “soldados de Cristo”
  • a caridade fraterna do cristianismo seria praticada ao se ajudar os cristãos oprimidos pelos muçulmanos na Terra Santa ou na Espanha

As Cruzadas no Oriente e no Ocidente: Nessa capítulo o autor resume os eventos das Cruzadas que ocorreram entre o século 11 e 13, quando o espírito das Cruzadas começou a entrar em declínio. Hilário se foca nas Cruzadas no Oriente (pág.39-58), que são numeradas para facilitar a descrição e na Reconquista da Península Ibérica. Mas o autor também cita rapidamente as Cruzadas do Norte e a Cruzada Albigense.

O Ocidente após as Cruzadas: Quais foram as consequências das cruzadas? Esse é o tema desse capítulo. O autor destaca os resultados políticos e econômicos, como o fortalecimento das cidade italianas, o enfraquecimento do Império Bizantino e do regime feudal europeu, o desenvolvimento do comércio, de bancos e formas de crédito, etc. Outras consequências ligadas a questão religiosa, como a crescente oposição ao clericalismo e o desprestígio da Igreja também são citadas.

Comentários sobre a obra

Essa é uma obra muito curta, um resumo rápido. Além disso, o estilo de escrita de Hilário Franco Jr. é leve e agradável e ele vai direto ao ponto, sem rodeios, sem lero-lero.

O autor foca bastante na questão econômica e política, e não parece acreditar que as causas religiosas e culturais tenham desempenhado um papel determinante. Em um dos trechos do livro ele afirma "sem o surto demográfico as Cruzadas não teriam sido possíveis nem necessárias." (p.17-18).

Mas o livro é interessante apenas como introdução. Para detalhes mais profundos é preciso ir atrás de outras obras, já que o autor realmente não se aprofunda em praticamente nenhum tema.

Essa e outras obras do autor podem ser encontradas na Library Genesis. Para mais informações sobre o livro, consulte as fotos e as minhas anotações de leitura, nos botões acima desse texto.

Resenha escrita em 29/10/2020.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Trechos interessantes do livro

Sobre a importância do crescimento populacional para as Cruzadas
(...) verificou-se um claro incremento demográfico, com a população da Europa Ocidental passando de 18 milhões de indivíduos no ano de 800 para mais de 22 no ano 1000, quase 26 em 1100, quase 35 em 1200 e mais de 50 em 1300. É significativo que a região que conheceu o mais acentuado crescimento, a França - 5 milhões em 800, 6,5 em 1000, 7,75 em 1200, 16 em 1300 - tenha sido a que maior contingente de cruzados forneceu. Em suma, sem o surto demográfico as Cruzadas não teriam sido possíveis nem necessárias. (p.17-18)

Sobre o apoio de Gênova às Cruzadas
(...) para ela os interesses comerciais e o combate ao infiel eram uma mesma coisa, o que facilmente a identificou com as Cruzadas. Na verdade, seu apoio aos cruzados (transporte, provisões, empréstimos) estava sempre condicionado ao recebimento de privilégios comerciais nas cidades conquistadas por eles. Foi assim que os genoveses puderam formar um vasto e rico império colonial - arrancado aos bizantinos e muçulmanos - abrangendo Chipre, as principais ilhas do Egeu e territórios do mar Negro. (p.19-20)

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