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Título traduzido: Espártaco e a Guerra dos Escravos 73-71 a.C.: Um gladiador se rebela contra Roma
Autor: Nic Fields
Coleção: Osprey - Campaign
Informações no site da editora: Acessar
Páginas: 96
Editora: Osprey Publishing
Ano da edição: 2009
Idioma: Inglês
No ano 73 a.C., Espártaco fugiu de uma escola de treinamento de gladiadores e formou um exército de escravos fugitivos e pessoas com pouco a perder. Este grupo derrotou dois exércitos romanos e atacou várias cidades. Aterrorizado e com medo de que a revolta se espalhasse, o governo de Roma designou Crasso e Pompeu para esmagar a rebelião. Eles cercaram Espártaco e o levaram para a batalha perto da nascente do rio Silarus. Durante a batalha, Espártaco foi morto e seu exército derrotado. Crasso crucificou 6.000 prisioneiros como um exemplo para outros que pensassem em se revoltar. Escrito por Nic Fields e ilustrado por Steven Noon, este título dá vida à história da mais famosa revolta de Roma e do ex-gladiador que a liderou.
O Dr. Nic Fields começou sua carreira como bioquímico antes de ingressar na Marinha Real. Tendo deixado a Marinha, ele voltou para a universidade e completou um BA e PhD em História Antiga na Universidade de Newcastle. Ele foi diretor assistente na Escola Britânica de Arqueologia, em Atenas, e é agora professor de História Antiga e Arqueologia na Universidade de Edimburgo.
FIELDS, Nic. Spartacus and the Slave War 73-71 BC: A gladiator rebels against Rome. Oxford: Osprey Publishing, 2009.
Outro dia tirei uma pequena folga para assistir a série Spartacus, que está disponível na Netflix (nos próximos dias farei uma análise dela e publicarei aqui no site). A série têm as suas qualidades, e eu realmente fiquei com vontade de saber mais sobre Espártaco, e a revolta de escravos conhecida como a Terceira Guerra Servil. Essa revolta aconteceu cerca de 20 anos antes da guerra civil entre Júlio César e Pompeu, no finalzinho do período republicano.
Infelizmente, o mercado editorial brasileiro não possui (até onde eu saiba) nenhuma obra sobre o tema. Então fiz a leitura desse livro, disponível apenas em inglês. A obra é de autoria de Nic Fields, um prolífico doutor em História Antiga, com dezenas de trabalhos publicados pela mesma editora, alguns deles já resenhados aqui no site.
Eu sempre gostei do trabalho do Nic Fields, especialmente porque ele adora citar as fontes primárias, e nessa obra não é diferente, o autor até dedica todo um capítulo para comentar as principais fontes sobre esse conflito. Nossas principais fontes são a obra de Salústio (Histórias), Plutarco (A vida de Crasso) e Apiano (História romana). Mas também há algumas informações nas obras de Floro e Paulo Orósio. Desses autores, o único que realmente viveu durante o período do conflito foi Salústio. O autor fala constantemente, ao longo de toda obra, sobre a questão da escassez de fontes e comenta sobre a reduzida qualidade delas.
Nossa visão do conflito é limitada. Todos os registros da rebelião foram feitos por historiadores membros de um elite intelectual aristocrata, e nenhum registro da visão dos rebeldes se conservou. O conflito, que na visão dos romanos não passou de uma rebelião de escravos, também é menosprezado pela maioria dos historiadores antigos, sendo normalmente citado como um pequeno problema, que não merece a mesma atenção que as grandes guerras travadas pelos romanos. Essa atitude também ficou clara durante o conflito, e diversos exércitos mal preparados tiveram que ser derrotados, para que os romanos fossem convencidos da gravidade da situação, e enviassem uma força de 10 legiões para finalmente esmagar a rebelião.
O autor divide a obra nas seguintes partes:
Eu gostei da obra, embora fique claro que as limitações das fontes dificultaram a produção de uma narrativa coesa. O autor passa muito tempo descrevendo a sociedade e o exército romano da época, e realmente poucas páginas são dedicadas ao conflito em si. E a parte mais interessante, que seria conhecer melhor o exército rebelde, o seu dia-a-dia e a sua organização militar, acabam sendo ignorados, pelo simples fato de que todos os rebeldes envolvidos foram mortos pelos romanos. Com todas essa limitações, apenas 30 páginas (52-82) são dedicadas ao conflito propriamente dito.
Tirando a narração do conflito, as partes que eu achei mais interessantes foram o capítulo Ordem Social Romana, que trata da escravidão e da visão dos romanos sobre os escravos, e o capítulo sobre os exércitos que, na parte sobre o exército romano, faz uma descrição do exército após as reformas de Mario.
Confira abaixo as três ilustrações presentes no livro, produzidas por Steve Noon:
Para mais detalhes sobre a obra, por favor confira as minhas anotações de leitura, clicando no link logo acima desse texto.
Resenha escrita em 24/04/2020.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.