Autor: Antônio Carlos Robert Moraes
Coleção: O Cotidiano da História
Páginas: 32
Editora: Ática
Ano da edição: 1993
Idioma: Português
Um passeio pelo Vale do Paraíba, em 1881, visitando uma fazenda de café: eis o cenário desta obra. O cultivo e a expansão desse produto no Brasil atravessaram algumas fases históricas bem definidas. No começo da década de 1880, a produção do Vale viveu seus últimos anos de abundância. Na década seguinte, a região dos "barões do café" já estava em franca decadência, superada pelo Oeste paulista. Saíam os anarquistas-escravocratas e entravam os republicanos-abolicionistas.Ao acompanhar o confronto entre esses dois grupos, o leitor será levado a refletir sobre a expansão da cultura cafeeira no Brasil e compreenderá também como e por que o café foi e ainda é um importante produto na economia brasileira.
Antonio Carlos Robert Moraes (1954-2015) foi um geógrafo, cientista social e professor paulista. Bacharel em Geografia (1977) e em Ciências sociais (1979) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, obteve, também na USP, o mestrado e o doutorado. Tornou-se docente da USP em 1982 e, a partir de 2005, foi nomeado professor titular do Departamento de Geografia, onde coordenou o Laboratório de Geografia Política.
MORAES, Antônio Carlos Robert. A Fazenda de Café. São Paulo: Editora Ática, 1993.
A Fazenda de Café é um livro da coleção O Cotidiano da História, publicada pela Editora Ática na década de 90. A série apresenta pequenas histórias de ficção-histórica com ilustrações, que ajudam a compreender o cotidiano das pessoas em diversos períodos históricos. Esse volume apresenta a sociedade do café no Vale do Paraíba, durante o período Imperial no ano de 1881.
O conto apresentado pelo autor narra alguns dias da vida de Eduardo e Cândido, dois amigos que estão de férias da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (atual USP). Cândido é filho de fazendeiros simples de Ribeirão Preto e, Eduardo, é filho de um grande Barão do café de Lorena, cidade do Vale do Paraíba. Os dois não poderiam ser pessoas mais diferentes: Cândido é um republicano abolicionista, e Eduardo é o filho alienado de um senhor de escravo, que prefere ignorar as desigualdades, e culpar os negros e pobres por seu próprio destino.
Os dois decidem passar alguns dias em Lorena e viajam de cavalo até lá, uma viagem de cerca de 200 km. No caminho são confrontados com casos de tortura de escravos, pobreza extrema e, ao chegar, ainda precisam enfrentar o conservadorismo do Barão. Ele vê com maus olhos as novas ideias republicanas e abolicionistas, que ameaçam a sua fazenda de café, que ainda se mantém dentro do modelo escravocrata.
O livro é uma leitura rápida e leve, mas mesmo assim informativa. Levando em conta ser um livro para o público infanto-juvenil, é uma boa visão do cenário social do Brasil agrário no final do século 19. Ao longo do conto também estão presentes alguns quadros que resumem alguns aspectos do período como O Café no Vale do Paraíba, A colheita e o beneficiamento do café e Café e escravidão.
Resenha escrita em 19/05/2020.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.