Introdução - Introdução rápida.
As regiões - Uma descrição das regiões Norte, Oeste e Sul e dos suas economias e classes sociais.
As causas da guerra - Descrição dos conflitos que existiam entre o Norte e o Sul, com um destaque gigantesco para as discussões sobre a escravidão. Relato da eleição de 1860 e do início da guerra.
A guerra civil - Uma descrição rápida da guerra civil em apenas 13 páginas. O autor descreve as estratégias iniciais de ambos os lados, a tática no mar e as táticas e as principais batalhas terrestres. Até a rendição do sul e o assassinato de Lincoln.
O impacto da guerra - Esse capítulo mostra as consequências econômicas que a guerra teve no norte e no sul. E como o norte sofreu com a guerra mas ao mesmo tempo teve condições para gerar estímulo à economia durante o período.
A reconstrução - Um capítulo inteiro sobre a chamada Reconstrução. Como foram as relações entre Norte e Sul entre 1865-1877 e como foram as tentativas do norte de tentar mudar as características da sociedade do sul e introduzir o negro em um novo modelo econômico e político.
Conclusão - Uma rápida discussão sobre como a visão da historiografia sobre o conflito mudou ao longo das décadas, sendo moldada pela cultura de cada historiador.
Autor: Peter Louis Eisenberg
Coleção: Tudo é História
Páginas: 120
Editora: Brasiliense
Primeira publicação: 1982
Ano da edição: 1999
Idioma: Português
Ao contrário do que se pensa, a causa principal da Guerra Civil Americana não foi a sublevação do Sul contra a decisão nortista de abolir a escravidão. Foi, isto sim, uma repressão armada do Norte contra a divisão do país em dois e a criação, no Sul, dos Estados Confederados da América. De 1861 a 1865, os dois lados se afundaram numa guerra sangrenta, desgastante e fratricida, que causou a vida de 618000 norte-americanos, muito mais do que os 125000 que morreram na Primeira Guerra, os 332000 da Segunda, os 55.000 na Coréia e os 57000 no Vietnã.
Peter Louis Eisenberg (1940-1988) nasceu em Nova York. Formado em Filosofia pela Universidade de Yale (1961), fez mestrado em Estudos Hispano-Americanos e Luso-Brasileiros na Universidade de Stanford (1962) e fez o doutorado em História na Universidade de Colúmbia (1969). Foi professor de História em universidades norte-americanas e no Brasil. Tem obras publicadas sobre a história do Brasil e dos EUA.
EISENBERG, Peter Louis. Guerra civil Americana. São Paulo: Brasiliense, 1999.
Guerra civil americana é uma obra que descreve o conflito mais importante da história dos Estados Unidos que ocorreu entre 1861-1865. O livro faz parte da coleção Tudo é História, produzido pela editora Brasiliense.
Antes da nossa resenha, confira abaixo as informações contidas em cada capítulo do livro:
Exibir conteúdo dos capítulosA guerra civil americana é o conflito mais importante da história dos Estados Unidos. Foi ela que criou a união nacional necessária para que o país se lançasse como a potência do século 20. E também foi o conflito que causou mais mortes de soldados norte-americanos. Nem a Segunda Guerra Mundial e nem a Guerra do Vietnã mataram tantos, foram 618 mil vidas perdidas.
Nesse livro o autor conta detalhes desse grande conflito focando em dois temas principais: as causas da guerra e a Reconstrução. A reconstrução foi o período logo após a guerra, entre 1865-1877 em que o Norte tentou impor mudanças aos perdedores do sul, entre elas uma maior inclusão dos negros na sociedade e uma exclusão daqueles que haviam lutado pelos confederados. O processo acabou sendo um total fracasso e, ao seu final, os estados do sul acabaram tendo liberdade para fazer o que queriam com seus estados.
No início da obra, o autor apresenta uma panorama geral da história dos Estados Unidos, desde o período colonial até a década de 1870. E assim ele mostra como as 13 colônias se desenvolveram e acabaram desenvolvendo um país com dois modelos econômicos muito diferentes. Norte e Sul tinham visões diferentes de futuro, e organizações sociais e econômicas muito diversas. Nas décadas que antecederam o conflito, já havia ficado claro para os norte-americanos que a única forma do país se desenvolver seria estabelecer uma visão e um plano de desenvolvimento nacional único.
Hoje em dia a história escrita pelos vencedores defende que a guerra foi lutada apenas por causa da escravidão. O Norte (time dos bonzinhos) queria acabar com a escravidão, e o Sul (malvados) queriam permanecer com esse modelo de exploração. A história é, e sempre foi, muito mais complexa que isso.
No capítulo "As Causas da Guerra" o autor apresenta os diversos tópicos em que haviam divergências entre Norte e Sul, e mostra como as opções de diálogo estavam se esgotando e como o sistema político vinha falhando consecutivamente em encontrar soluções.
No entanto, ainda assim, o autor dedica boa parte do capítulo ao tema escravidão e tenta defender o argumento de que a escravidão foi sim o grande motivo por trás da guerra. Na realidade, a escravidão era apenas o símbolo de todo o sistema econômico que estava em discussão. A guerra começou quando os republicanos do norte ganharam a presidência, em um momento em que os estados do norte vinham se fortalecendo politicamente, e o sul agrário ficava cada vez mais isolado.
O que mais se discutia naquele momento era até que ponto o poder da União poderia se sobrepujar aos interesses dos estados. Teria o governo federal direito de legislar sobre questões internas dos estados? Ou isso seria uma medida autoritária que iria contra os princípios básicos sobre os quais os Estados Unidos haviam sido criados?
Esse debate se aplicava a questão da escravidão (teria o governo federal direito de acabar com a escravidão ou cabia a cada estado fazer isso individualmente), mas também se aplicava a questão de investimentos em estradas de ferro, política alfandegária, padronização da moeda e regras bancárias, etc. Ou seja, como todas as outras guerras da história, essa também teve causas econômicas.
A guerra em si (suas movimentações, batalhas, comandantes, armamentos, etc) quase não é discutida no livro. O autor apresenta uma visão geral, falando da tática de bloqueio naval do norte, as vantagens que o sul tinha no início do conflito e a entrada do general Ulysses S. Grant na guerra e a tática do general Sherman. Tudo resumido em apenas 13 páginas.
Outro grande tema discutido no livro é a reconstrução. O autor descreve os vários projetos que existiam para a reconstrução do país no pós-guerra e como a tentativa de reconstrução radical foi imposta e acabou falhando miseravalmente. É um capítulo interessante e um tópico que é quase tão fascinante quanto a própria guerra.
Mesmo com esse foco exagerado e simplista na questão da escravidão, o livro é bom, bem escrito e proporciona uma leitura agradável. Um fato interessante é que o autor faz comparações constantes entre Brasil e EUA e similares históricas entre ambos. Não sei se elas servem para algo, já que os dois países tiveram modelos de desenvolvimento tão diferente, mas abaixo você confere os motivos dados pelo autor:
Ao longo desta história, que aliás não pretende fornecer mais do que uma introdução ao estudo da guerra, procuraremos levantar diversos pontos de comparação específica entre os EUA e o Brasil no século XIX. Caberia ao leitor, entretanto, partir destas informações para desenvolver as suas próprias explicações das diferenças. (p.10)
Essa obra está disponível na Library Genesis em pdf. Quem tiver interesse em saber informações detalhadas sobre o conteúdo do livro pode conferir minhas anotações de leitura e as fotos da obra, links para ambos no menu lateral.
Resenha escrita em 12/04/2024.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.