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Benjamin Franklin - Uma Vida Americana

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Capa do livro Benjamin Franklin - Uma Vida Americana, de Walter Isaacson
Informações técnicas

Autor: Walter Isaacson
Título original: Benjamin Franklin: An American Life
Páginas: 592
Editora: Companhia das Letras
Ano da edição: 2015
Idioma: Português

Sinopse

Um dos chamados Pais Fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin está entre as figuras mais influentes de sua época, cujas descobertas científicas e ideias filosóficas e de negócios reverberam mundo afora. É também um homem de carne e osso que foi fundamental no desenvolvimento do que é hoje a nação mais poderosa do mundo.

Nessas páginas, Walter Isaacson — autor do best-seller Steve Jobs: A biografia — narra a tumultuada trajetória deste escritor, cientista, inventor, diplomata e jornalista. Isaacson mostra como essa vida inacreditável ultrapassa o seu próprio tempo e como a colaboração de Franklin em documentos como a Declaração de Independência Americana ajudou a moldar o mundo moderno.

Jornalista
Walter Isaacson

Jornalista. Nascido nos Estados Unidos, em 1952. É diretor-geral do Aspen Institute, foi presidente da CNN e editor administrativo da revista Time. Além desse livro também é autor de Einstein: Uma vida e do best-seller internacional Steve Jobs: A biografia.

Análise do livro
4/5 BOM

Publicado originalmente em 2003, Benjamin Franklin - Uma vida americana, é uma biografia escrita pelo jornalista Walter Isaacson. O escritor norte-americano ganhou reconhecimento no Brasil em 2011 quando do lançamento de sua excelente biografia sobre Steve Jobs, que vendeu mais de 300 mil exemplares apenas no Brasil. Isaacson também é autor de biografias sobre Albert Einstein e Henry Kissinger. A biografia de Benjamin Franklin foi lançada no Brasil nesse ano e eu, como fã do autor que sou, corri para lê-la. Trago a vocês agora a minha crítica.

A biografia começa com uma análise rápida da família de Benjamin Franklin. As primeiras 28 páginas do livro são dedicadas a falar sobre a vinda dos pais de Franklin da Inglaterra para as colônias inglesas e algumas memórias de sua infância.

Mas o livro logo parte para o mundo do trabalho, quando aos 12 anos ele se torna aprendiz de impressor trabalhando com o irmão James Franklin. E a partir daí o autor dedica mais de 100 páginas a descrever a sua atuação como impressor, e suas principais contribuições para diversos jornais com o uso de pseudônimos. Para fazer uma boa análise dessa prática, que Franklin manteve durante toda a vida, o autor apresenta diversos trechos de artigos escritos por ele.

O trabalho de Franklin como impressor e sua participação em diversos jornais como escritor são detalhes muito bem descritos pelo autor. O fato da profissão de jornalista e impressor ainda serem uma coisa só, em uma época em que a imprensa ainda estava dando seus primeiros passos, foram muito bem trabalhados, mostrando as competições entre os jornais da época e as diversas oportunidades que a vida de impressor oferecia.

Franklin se aposentou cedo, aos 42 anos e a partir de então passou a dedicar mais tempo a um de seus hobbies: a ciência. Essa foi uma atividade que ele desenvolveu durante toda sua vida, embora o período de 1748-1752 pareça ter sido o mais produtivo. Walter Isaacson dedica apenas 17 páginas para esse período e mostra que a questão científica não é o enfoque desse livro.

De fato, ao longo das mais de 500 páginas do livro o autor parece comprometido em defender a tese de que a grande obra de Benjamin Franklin teria sido o seu legado político. As suas contribuições para a ciência são ocasionalmente citadas, mais como uma forma de mostrar como a mente do personagem era criativa e ativa. Mas o que o autor defende constantemente é o grande papel que Franklin teve na independência e na formação da jovem nação.

Benjamin Franklin morreu aos 82 anos, desses pelo menos 25 anos foram passados na Inglaterra e na França, defendendo os interesses das colônias, depois buscando apoio para a independência e finalmente, firmando alianças com os dois países. Mais da metade do livro é dedicada a esses eventos. Ao longo do livro, Benjamin Franklin é constantemente exaltado como um grande homem e os seus defeitos são, na maior parte das vezes, jogados para debaixo do tapete, numa tentativa óbvia de manter sua imagem intacta. Afinal, não nos esqueçamos, estamos falando de um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos, que são retratados muitas vezes como deuses e que foram durante séculos glorificados por serem símbolos do próprio nacionalismo norte-americano.

Franklin nunca exerceu uma posição de muito poder, mas como diplomata teve um papel essencial para as articulações políticas no período da indepêndencia. Walter Isaacson mais uma vez exagera no nacionalismo e coloca todos os créditos por essas conquistas na figura de Franklin, dedicando parte significativa do livro a ridicularizar a figura de John Adams, que também exerceu um papel crucial ao conseguir suporte financeiro da Holanda. Além de ignorar os esforços dos outros membros da comitiva norte-americana.

O autor também dá bastante destaque para a estranha relação que Franklin tinha com sua família. São os únicos momentos em que o autor deixa o véu da perfeição cair e mostra os defeitos do personagem histórico. Apesar de que o Isaacson sempre tentar justificar suas abomináveis decisões, como quando Benjamin Franklin viajou para a Inglaterra como representante da Filadélfia, em uma viagem que deveria levar apenas alguns meses, mas acabou levando 11 anos. Isso enquanto sua mulher e filhos aguardavam na Filadélfia, mandando constante cartas pedindo seu regresso.

Mesmo após finalizar sua missão em Londres, Benjamin Franklin decidiu ficar, aparentemente pelo fato de Londres ser um centro intelectual mais produtivo do que a Filadélfia. Enquanto ele estava fora, sua mulher teve um derrame e morreu meses depois, sua filha casou e teve um filho. Nada fez Franklin sair de Londres. Sua vida intelectual era mais importante.

Ao final do livro Benjamin Franklin é exaltado como um abolicionista, muito embora tenha possuído escravos durante toda sua vida e tenha se tornado um abolicionista declarado apenas um ano antes de sua morte, aos 81 anos de idade. Mas o simples fato de Franklin ter dito durante sua vida que considerava os negros simpáticos, parece ser o bastante para ganhar os elogios do autor e mostrá-lo como um homem a frente de seu tempo na questão escravista.

O livro, como já era de se esperar é muito bem escrito, Walter Isaacson afinal é um jornalista muito talentoso. Mas ele se alonga em partes sem necessidade, conta estórias desnecessárias e não faz um bom trabalho no fornecimento de informações sobre a situação histórica do período, focando-se apenas na figura de Franklin e fazendo uma narrativa muitas vezes confusa, quando o plano de fundo é uma situação um pouco mais complexa.

A análise que Walter Isaacson faz da figura de Benjamin Franklin pode, na melhor da hipóteses, ser vista como inocente. O autor também faz um desserviço ao, ocasionalmente, citar historiadores e contestá-los na maior parte das vezes sem nenhum argumento sólido, apenas na base do achismo. No fim, essa biografia de Benjamin Franklin acaba servindo apenas para, mais um vez, exaltar a figura desse grande símbolo do nacionalismo norte-americano e colocar panos quentes sobre as críticas.

Resenha escrita em 09/08/2018.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

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