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Autor: Fernando Pedrosa
Páginas: 110
Editora: Academia de Marinha, Lisboa
Ano da edição: 1989
Idioma: Português
É bem sabido que Cristóvão Colombo, antes do seu grande feito, viveu em Portugal e nos seus territórios de além-mar e casou com uma fidalga portuguesa. Com cosmógrafos, cartógrafos, marinheiros e pilotos portugueses aprendeu a ciência náutica e a marinharia.
É sabido que nas viagens de regresso do Golfo da Guiné em navios portugueses, na volta do largo — pelos Açores e quantas vezes pelo Mar dos Sargaços, quase a roçar o continente americano — se familiarizou com os sinais evidentes da existência de terras a ocidente, que os portugueses conheciam nos seus esforços de descobrir mundo para além dos Açores; terras que sabiam não serem da China ou do Japão.
Foi pois em Portugal e com os Portugueses que Cristóvão Colombo adquiriu o saber e a experiência, que lhe permitiram aventurar-se em 1492 na proeza de navegar para oeste na esperança de por esta via alcançar o almejado Oriente.
Também é sabido da sua peculiar relação com o Rei D. João, o Príncipe Perfeito, que o tinha em elevada conta, mas que todavia não acreditava no projecto da sua espectacular empresa, mormente depois de Bartolomeu Dias ter descoberto a passagem para o Índico ao dobrar em 1488 o Cabo da Boa Esperança.
Colombo não terá sido só um hábil marinheiro e navegador. Ele teria de ser um capitão experimentado na náutica e no armamento de navios, com confiança na navegação oceânica, condição que é exigida pela iniciativa, organização e perseverança que demonstrou na sua expedição, com uma frota de três navios tripulados por marinheiros rudes e exigentes.
Como atingiu Cristóvão Colombo este notável estatuto de capitão experiente e beneficiou de mercês de D. João II? A resposta dá-nos o comandante Fernando Pedrosa na presente obra: Cristóvão Colombo foi corsário durante muitos anos ao serviço do Rei de Portugal!
A atividade de corso não era na época uma indignidade e o termo não tinha o ónus depreciativo que tem hoje. Ao contrário, era uma prática prestigiada e licitamente exercida, até por nobres, sendo os principais corsários portugueses fidalgos cla Casa Real, ligados directamente ao Rei. Um século depois de Colombo, ainda houve ilustres almirantes da Marinha Real Britânica que foram célebres corsários do alto mar.
Os corsários tiveram um papel relevante nos Descobrimentos, facto que tem sido ignorado na historiografia portuguesa, talvez por se tratar de um tema aparentemente melindroso. A actividade de corsário durante tão longo período (1471-1485) deve ter conferido a Colombo uma experiência ímpar de capitão condutor de marinheiros e armador de navios, o que está em conformidade com a sua estatura de grande capitão do mar oceano.
A personagem lendária, mítica e misteriosa que foi Cristóvão Colombo, por ter praticado o corso não fica diminuída. Fica, sim, melhor compreendida. E mais evidenciado fica o contributo de Portugal no descobrimento da América.
O comandante Fernando Pedrosa, investigador profundo e escrupuloso da História Marítima, apoiando a sua tese em documentos iniludíveis, lança assim uma luz, porventura indiscreta mas sem dúvida esclarecedora, da personalidade do célebre navegador.
O rigor histórico e a dignidade na investigação são princípios irrevogáveis que devem nortear os historiador., e a presente obra, que a Academia de Marinha se orgulha de editar, é disso um admirável exemplo.
Fernando Alberto Gomes Pedrosa foi um comandante militar português e veterano da Guerra do Ultramar (1959-1975), onde foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra de 1.ª classe. É autor de "O declínio do poder naval português : a marinha, o corso e a pesca nos inícios do século XVII" e da obra "Cristóvão Colombo: Corsário em Portugal".
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