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Conteúdos dos capítulos do livro

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Modos de Produção na Antiguidade

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Capa do livro Modos de Produção na Antiguidade, de Jaime Pinsky (org.)
Informações técnicas

Autor: Jaime Pinsky (org.)
Páginas: 256
Editora: Global Editora
Ano da edição: 1982
Idioma: Português

Sinopse

Esta coletânea pretende colaborar para que a disciplina de História Antiga em nossas universidades se integre , de forma crítica , às outras que compõem o curriculo dos cursos. Inclui textos de Marx, Engels, Godelier, Clastres, Parain, Childe, Anderson, Utchenko e Finley.

Historiador
Jaime Pinsky

Historiador e editor. Completou sua pós-graduação na USP, onde também obteve os títulos de doutor e livre-docente. Foi professor na atual Unesp, na própria USP e na Unicamp. Escreve regularmente no Correio Braziliense e, eventualmente, em outros jornais e revistas do país. Tem mais de duas dezenas de livros publicados (autoria, coautoria, e/ou organização).

Anotações de leitura do livro Análise do livro
3/5 REGULAR

PINKSY, Jaime. (org.) Modos de Produção na Antiguidade. São Paulo: Global, 1982.

Nessa obra organizada pelo historiador brasileiro Jaime Pinsky, são apresentados 13 artigos sobre a economia e a sociedade da antiguidade. Embora Pinsky comente na introdução que os textos "vêm de autores com diferentes formações teóricas" (9), a verdade é que essa é uma obra de cunho majoritariamente marxista. O próprio Karl Marx e seu amigo Engels são autores de alguns dos textos, além de historiadores marxistas como Perry Anderson, M.I.Finley, Sergei Utchenko e Maurice Godelier. Jaime Pinsky - o organizador da obra - não é autor de nenhum dos textos.

Outra observação muito importante: embora o livro apresente na sua capa uma pintura egípcia, a obra tem um claro enfoque na Antiguidade Clássica (Grécia e Roma). Na realidade, o Modo de Produção Asiático, como é chamado o sistema econômico-político-social das civilizações do antigo Oriente Médio, é quase que praticamente ignorado.

Essa é uma leitura densa, é o tipo de livro que você precisa ler várias vezes para realmente absorver todos os detalhes. Algumas ideias apresentadas são bastante complexas e a leitura pode ser confusa na primeira vez.

Na minha opinião pessoal, os textos mais interessantes são os escritos por F.Engels, V. Gordon Childe, Perry Anderson e M.I.Finley, são leituras pesadas mas ao mesmo tempo bastante agradáveis, e esses autores tem uma capacidade maior de organizar as ideias que querem transmitir.

Alguns dos autores que contribuíram com a obra. Da esquerda para a direita, começando pela linha de cima: Karl Marx, F. Engels, V. Gordon Childe, Pierre Clastres. Na segunda linha: Maurice Godelier, Perry Anderson, M.I.Finley e Charles Parain.

Abaixo apresento um resumo rápido do conteúdo central de cada um dos capítulos do livro.

1. Formações econômicas pré-capitalistas (Karl Marx)

Extraído de Formações Econômicas Pré-Capitalistas do mesmo autor.

Sobre o conceito de propriedade privada e comuna na antiguidade oriental e em Roma.

2. Civilização e divisão de trabalho (F. Engels)

Extraído de A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado de Marx e Engels.

Comentários gerais de Engels sobre a divisão do trabalho e a produção mercantil, apresentando as característica econômicas da civilização.

3. A revolução urbana (V. Gordon Childe)

Extraído de A Evolução Cultural do Homem do mesmo autor.

O capítulo foca na chamada Segunda Revolução (3000-2000 a.C), que se baseou na adoção de uma economia mercantil voltada para a produção de excedentes. O capítulo comenta os casos de Uruk (Mesopotâmia) e Egito. E finaliza falando da natureza da Segunda Revolução em Creta, na Grécia e nas Balcãs.

4. A sociedade contra o Estado (Pierre Clastres)

Extraído de A Sociedade contra o Estado do mesmo autor.

Um capítulo com uma pegada mais anarquista e com algumas contestações as ideias de Marx. Segundo o autor, a revolução política (surgimento do Estado) foi mais importante que a revolução neolítica, e assim ele contesta da visão marxista da política como uma simples superestrutura. 

O autor também apresenta alguns comentários interessantes sobre a natureza do trabalho na sociedade capitalista e nas sociedades indígenas anteriores à propriedade privada.

5. A organização das obras públicas na antiguidade oriental (Karl Marx)

Extraído de Marx-Engels, Obras Escogidas, tomo I de Marx e Engels.

Capítulo muito curto sobre as obras públicas organizadas pelo Estado e como elas permitiram que locais, hoje desérticos, abrigassem grandes populaçõs e gerassem riqueza no passado.

6. Natureza e leis do modo de produção asiático (Maurice Godelier)

Extraído de Conceito de Modo de Produção do mesmo autor.

Esse capítulo é dividido em alguns tópicos: A natureza do modo de produção asiático, Aparecimento e formas do modo de produção asiático, Dinâmica e leis de evolução do modo de produção asiático e As formas de dissolução e a linha "típica" do desenvolvimento da humanidade.

7. O modo de produção escravista (Perry Anderson)

Extraído de Passagens da Antiguidade ao Feudalismo do mesmo autor.

O autor discorre sobre a organização e as dificuldades da economia da Roma Imperial. Comenta as ideias do filósofo Aristóteles sobre o trabalho e relata a situção da escravidão e as limitações do modo de produção escravista, que eventualmente levaram ao seu fim.

8. Amos e escravos (M.I.Finley)

Extraído de A Economia Antiga do mesmo autor.

Um capítulo bastante difícil, com muitos temas e pouca organização, mas mesmo assim muito interessante. Tanto que fiquei com vontade de ler toda a obra do autor.

Finley fala sobre como, teoricamente, as sociedades clássicas eram formadas somente por escravos, servos e assalariados livres, mas na prática havia muitas variações e nuances difíceis de classificar. Também discute a existência do trabalho assalariado e a predominância do trabalho escravo. No fim, ainda contesta algumas ideias muito comuns como, por exemplo, o argumento de que a escravidão só podia ser mantida a partir da guerra porque os escravos não se procriavam, e a ideia errônea de que a produtividade dos escravos era inferior e essa teria sido uma das razões que causou o seu declínio.

9. Classes e estrutura de classes na sociedade escravista antiga (Sergei Utchenko)

Extraído de Marxismo e società antica de Mario Vegetti.

Algumas considerações sobre as classes na sociedade escravista clássica: os demos na Grécia e a plebe em Roma.

10. A Grécia (Perry Anderson)

Extraído de Passagens da Antiguidade ao Feudalismo do mesmo autor.

Resumo da história politico-social grega, da queda da civilização micênica até o fim da Guerra do Peloponeso, com foco em Atenas. Destaca o conflito de classes e as mudanças das estruturas jurídicas e políticas resultantes. Um dos melhores capítulos do livro.

11. Mercado e Democracia na Grécia (George Thomson)

Extraído de Marxismo e società antica de Mario Vegetti.

Uma discussão sobre o comércio e a democracia grega a partir de quatro tópicos: A cunhagem de moedas, a escravidão (de gregos e 'bárbaros'), o indivíduo e a cidadania grega e, por último, a revolução democrática. Nesse capítulo o autor traz citações muito interessantes de Tucídides e Heródoto, que ilustram o caráter absurdo da escravidão durante o Período Clássico da Grécia Antiga.

12. As gens e o Estado em Roma (F. Engels)

Extraído de A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado de Marx e Engels.

Sobre as gens romanas e o seu funcionamento em termos de propriedade privada e heranças. As cúrias e a organização política na era dos reis e os conflitos entre o populus romanus e a plebe, levando a criação de uma nova constituição. A História da República Romana assistiu a luta entre patrícios e plebeus por cargos públicos e distribuição de terras.

13. Os caracteres específicos da luta de classes na antiguidade clássica (Charles Parain)

Extraído de Marxismo e società antica de Mario Vegetti.

Discussão sobre luta de classes e o capitalismo. O modo de produção asiático e suas limitações. A luta de classes na Grécia e em Roma, e a ascensão do modo de produção escravista a partir das leis contra a escravidão por dívidas. A expansão colonial como válvula de escape social, os comerciantes e seu papel na expansão romana.

Resenha escrita em 13/11/2018.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

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