Introdução - O Grande Inquisidor na obra de Dostoievski. Introdução geral sobre o tema.
1. Um zelo ardente pela fé - Cruzadas no Oriente e Cruzada Albigense contra os cátaros.
2. Origens da inquisição - Dominic de Guzmán e a criação da ordem dos dominicanos. O 4º Concílio de Latrão. Criação da Inquisição no século 13. Queima de hereges não era algo novo no cristianismo. As técnicas da inquisição e as punições. Denúncias e interrogatórios. Execuções. Inquisidores famosos: Conrad de Marburg, Bernard Gui.
3. Os inimigos dos frades negros - A inquisição pela Europa. O ressurgimento cátaro no sul da França. Outras seitas hereges. Jan Hus queimado. Os cavaleiros templários e sua destruição. Francisco de Assis, criação da ordem dos franciscanos e conflitos com os dominicanos.
4. A inquisição espanhola - A Inquisição na Espanha na Idade Moderna, criada por Fernando e Isabel. Torquemada. Como a inquisição funcionava na Espanha. Métodos de tortura utilizados. Perseguição a judeus pela inquisição. O fim da inquisição na Espanha.
5. Salvando o Novo Mundo - A inquisição na América espanhola. Tribunais do México, Lima e Nova Granada.
6. Cruzada contra a bruxaria - A Inquisição romana e seu novo alvo: as bruxas. O deus Pã e o paganismo. Relação dos padres com bruxas locais. O livro O Martelo das Feiticeiras (1486). Porque da perseguição às mulheres e obsessão sexual. Tortura e confissão. O frenesi contra as bruxas na Europa do século 16 e 17.
7. Combatendo a heresia do protestantismo - A Igreja contra o protestantismo. A contra-reforma e a criação dos jesuítas. O Concílio de Trento e a reforma do papado. Criação do Index de livros proibidos. Perseguição a certos indivíduos, os casos de Paracelso, Agripa, Tommaso Campanella, Giordano Bruno e Galileu Galilei.
8. O medo dos místicos - Distinção entre religião e espiritualidade. O que eram os místicos? A perseguição da inquisição a eles.
9. Maçonaria e inquisição - A situação da Europa e da Igreja no século 17. O surgimento da Maçonaria. A expansão da maçonaria e os motivos do seu sucesso. Papa ataca a maçonaria em 1738 e 1751. A inquisição contra a maçonaria. Os casos do maçom John Coustos e da prisão de Cagliostro e Casanova. A paranóia da Igreja contra os maçons.
10. A conquista dos Estados Papais - O enfraquecimento da Igreja no século 19. Os Estados Papais como inimigos da unificação na Itália. Como a Guerra Franco-Prussiana levou a unificação italiana. Discussões sobre o poder papal: galicanismo x ultramontanos.
11. Infalibilidade - O 1° Concílio Vaticano e o golpe do papa Pio IX. Condenação da igreja ao progresso e ao liberalismo. A conquista dos Estados Papais e a relação do Papa com o Estado Italiano.
12. O Santo Ofício - O movimento modernista e a reação da Igreja a análise histórica da Bíblia. O padre Umberto Benigni e sua atuação no início do século 20.
13. Os manuscritos do Mar Morto - O caso dos manuscritos do Mar Morto e como a Igreja tentou controlar seus estudos e sua interpretação.
14. A congregação para a doutrina da fé - O Concílio Vaticano 2° e o papa João XXIII. A perseguição da inquisição aos teólogos cristãos. O novo Catecismo Universal. O cardeal Joseph Ratzinger e seus pensamentos. A importância da veneração a Maria para a Igreja.
15. Visões de Maria - O caso das visões das crianças de Fátima e outros casos de visões da Virgem Maria que aconteceram no século 19 e 20. As Profecias dos Papas.
16. O Papa como problema - A Igreja no final do século 20. O medo das mudanças e a posição da Igreja sobre temas contemporâneos.
Autor: Michael Baigent e Richard Leigh
Título original: The Inquisition
Páginas: 348
Editora: Imago
Primeira publicação: 1999
Ano da edição: 2001
Idioma: Português
A Inquisição foi utilizada pela Igreja como um braço repressor a fim de amealhar bens e matar impunemente quem atravessasse o seu caminho. Essa é a teoria de Baigent e Leigh, que mostram o nível de corrupção dentro da estrutura episcopal da época inquisitorial.
Michael Baigent (1948-2013) foi um autor neozelandês formado em Psicologia. Ele escreveu vários livros em parceria com Richard Leigh, e muitas dessas obras foram rotuladas como 'história especulativa'. A Inquisição parece ser o livro mais sério publicado pelos autores.
Richard Leigh (1943-2007) possuía um pós-doutorado da Universidade Estadual de Nova York em Stony Brook. Ele escreveu vários livros em parceria com Michael Baigent, e muitas dessas obras foram rotuladas como 'história especulativa'. A Inquisição parece ser o livro mais sério publicado pelos autores.
BAIGENT, Michael e LEIGH, Richard. A Inquisição. Rio de Janeiro: Imago, 2001.
A Inquisição é uma obra sobre o movimento da Igreja Católica responsável pela repressão a heresias, bruxaria e a outras ideias vistas como perigosas. Embora a Inquisição tenha tido seu auge entre os século 13 e 18, ela existe ainda hoje com o nome de Congregação para a Doutrina da Fé, e os autores trabalham toda a história da Inquisição desde o surgimento no século 13 até os dias atuais.
Abaixo você confere o conteúdo de cada um dos capítulos do livro:
Exibir conteúdo dos capítulosMichael Baigent e Richard Leigh são extremamente críticos a Igreja e a Inquisição. Mas os autores foram capazes de entender que julgar a moralidade do passado é algo perigoso. Na introdução eles deixam isso claro:
Em sua origem, a Inquisição foi produto de um mundo brutal, insensível e ignorante. Assim, o que não surpreende, foi ela própria brutal, insensível e ignorante. E não o foi mais do que inúmeras outras instituições da época, espirituais e temporais. Tanto quanto essas outras instituições, faz parte de nossa herança coletiva. [...] Não podemos ter a presunção de emitir julgamento sobre o passado segundo critérios do que é politicamente correto em nosso tempo. Se tentarmos fazer isso, descobriremos que todo o passado é culpado. Então ficaremos apenas com o presente como base para nossas hierarquias de valor; e quaisquer que sejam os valores que abracemos, poucos de nós serão tolos o bastante para louvar o presente como algum tipo de ideal último. Muitos dos piores excessos do passado foram causados por indivíduos que agiam com o que, segundo o conhecimento e moral da época, julgavam as melhores e mais dignas das intenções. Seria precipitado imaginar como infalíveis nossas próprias intenções dignas. Seria precipitado imaginar essas intenções incapazes de produzir conseqüências desastrosas como aquelas pelas quais condenamos nossos antecessores. (p.16)
Os autores também deixam claro que a Igreja não é de todo ruim, e fez boas contribuições para a humanidade:
A Inquisição às vezes cínica e venal, às vezes maniacamente fanática em suas intenções supostamente louváveis na verdade pode ter sido tão brutal quanto a época que a gerou. Devese repetir, no entanto, que não pode ser equiparada à Igreja como um todo. E mesmo durante seus períodos de mais raivosa ferocidade, a Inquisição foi obrigada a lutar com outras faces, mais humanas, da Igreja com as ordens monásticas mais esclarecidas, com ordens de frades como a dos franciscanos, com milhares de padres, abades, bispos e prelados individuais de categoria superior, que tentavam sinceramente praticar as virtudes tradicionalmente associadas ao cristianismo. E não se deve esquecer a energia criativa que a Igreja inspirou na música, pintura, escultura e arquitetura que representa um contraponto para as fogueiras e câmaras de tortura da Inquisição. (p.16-17)
O livro é maravilhosamente bem escrito. É a segunda vez que leio a obra e é uma das leituras mais agradáveis que já tive o prazer de fazer.
Acho que o único problema da obra é fato de ser muito curta e contar com poucas informações sobre a Inquisição no seu auge (séc.13-18). O livro tem 16 capítulos, mas apenas os 9 primeiros são dedicados a esse período. Gostaria que a obra tivesse dado um destaque maior aos interrogatórios, a tortura utilizada, aos Atos de Fé e as execuções. E embora o livro apresente várias fontes primárias importantes, acho que a obra teria ganhado muito com a inclusão de muitos trechos dessas fontes e descrições mais detalhadas do funcionamento da inquisição no dia-a-dia.
Os capítulos mais interessantes foram o 2 (Origens da inquisição), 6 (Cruzada contra a bruxaria) e 9 (Maçonaria e inquisição). Por mim esses capítulos poderiam ter o triplo do tamanho. Acho que muitas informações fascinantes foram omitidas ou muito brevemente resumidas.
A perseguição da Igreja a certas heresias, como a dos Valdenses são tristemente pouco detalhadas. Há apenas duas páginas (62/63) citando os Valdenses no livro inteiro! E o caso de Jan Hus, queimado pela inquisição em 1415, é comentado em um parágrafo, quando poderia ter recebido um capítulo inteiro.
É esse tipo de coisa que tira um pouco o brilho da obra. E, a partir do capítulo 10 os autores entram em tópicos mais relacionados a história da Igreja do que realmente a Inquisição. Temas como o poder do papado, as disputas dos concílios x papas pelo poder, tentativas da Igreja de controlar os estudos históricos da Bíblia, etc. Esses tópicos são brilhantemente trabalhados, mas ainda assim, não necessariamente deveriam estar nessa obra.
Ao entrar nos temas mais contemporâneos os autores falam sobre o cardeal Ratzinger, que comandou a Inquisição durante o papado de João Paulo II. Há muitas críticas a sua atuação conservadora e repressora de ideias novas dentro da Igreja. A obra foi originalmente publicada em 1999, por isso os autores não fazem referência ao fato de que em 2005 esse cardeal acabou se tornando o papa Bento XVI (r.2005-2013).
Para o público brasileiro: Não há praticamente nada nessa obra sobre a Inquisição portuguesa e brasileira.
A obra é excelente, mas não dou nota 5/5 porque, embora o livro seja bom, acho que ele se desvia demais do tema principal. Os autores focam demais em outra questões da história da Igreja e apresentam muitos temas que não parecem diretamente ligados ao assunto central da obra. E a Inquisição em si acaba sendo trabalhada de forma um pouco rasa em vários capítulos.
Recomendo muito a leitura para todos os interessados na história da Inquisição e da própria Igreja Católica.
Essa obra está disponível na Library Genesis. Quem tiver interesse em saber informações detalhadas sobre o conteúdo do livro pode conferir minhas anotações de leitura e as fotos da obra, links para ambos no menu lateral.
Resenha escrita em 08/09/2024.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.