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A arena de Nimes, um dos anfiteatros romanos mais bem conservados. Essa arena foi construída por volta de 100 d.C. e tem uma fachada de 21 metros de altura.
Muitas pessoas, não muito familiarizadas com a Roma Antiga, tem um tendência a acreditar que o Coliseu (o anfiteatro Flaviano) era a única grande arena construída em pedra no Império Romano. Nada mais longe da realidade. Arenas gigantescas com capacidade para milhares de pessoas estavam espalhadas por todo o Império, e muitas dessas grandes construções existem até hoje, em variados graus de conservação. Nesse artigo apresentaremos as 10 arenas mais bem conservadas da Roma Antiga.
Mark Cartwright, do site Ancient History Encyclopedia nos apresenta uma excelente definição desses anfiteatros e sua aplicação na antiguidade:
Um anfiteatro era uma estrutura construída em várias partes do Império Romano, onde as pessoas podiam assistir a espetáculos como jogos de gladiadores, simulações de batalhas navais, caçadas de animais selvagens e execuções públicas. Geralmente de forma oval, os maiores exemplos podiam acomodar dezenas de milhares de pessoas e se tornaram um ponto focal da sociedade romana e do lucrativo negócio do entretenimento. Os anfiteatros são um dos melhores exemplos sobreviventes da arquitetura romana antiga, e muitos ainda hoje são usados, hospedando eventos que vão desde encenações de gladiadores a concertos de ópera. (CARTWRIGHT)
A construção de arenas para gladiadores é uma tradição muito antiga na Roma Antiga, mas foi apenas a partir do século 1 a.C. que os romanos começaram a construir anfiteatros permanentes em pedra, antes disso essas construções eram construídas temporariamente em madeiras, e desmontadas após a realização dos jogos.
Importante comentar que, além das arenas construídas especialmente para os jogos de gladiadores, alguns teatros também foram adaptados para servir a esse propósito.
A maior parte dos anfiteatros que sobreviveram foi construida no século 1 d.C., no período conhecido como Alto Império. No mapa abaixo você confere a localização das arenas que serão citadas nesse artigo:
Lepcis Magna era uma colônia de fenícios, próxima a Cartago, que foi conquistada pelos romanos por volta de 100 a.C.. Acredita-se que o anfiteatro tenha sido construído em 56 d.C. durante o reinado de Nero. Ele foi escavado em uma depressão natural (ou em uma antiga pedreira) a cerca de 300 metros da costa do Mediterrâneo.
A arena media 57 x 47 metros e tinha capacidade para 16 mil pessoas. Próximo a arena, na Villa Dar Buc Ammera, há um famoso mosaico que retrata as lutas na arena.
O anfiteatro de Pompéia é um dos mais antigos conhecidos, foi construído por volta de 70 a.C. e abrigava de 12 a 20 mil expectadores (os numéros ainda são discutidos). Escadas no exterior forneciam acesso aos locais mais altos e, por baixo, corredores levavam aos degraus inferiores. Ele foi construído em uma depressão e suas arquibancadas foram erguidas com o apoio de aterros.
Diferente da maioria das arenas romanas, o anfiteatro de Pompéia não conta com corredores e espaços subterrâneos. A construção tem 135 x 104 metros
Uthina era uma cidade romana na atual Tunísia, no norte da África. Ela se tornou uma província romana durante o império de Augusto. A cidade ficava a cerca de 20 km do litoral mediterrâneo.
O anfiteatro da cidade foi construído na época de Adriano e mede 113 x 90 metros, com capacidade para 16 mil pessoas. A área de combate mede 58 x 35 metros. As arquibancadas foram construídas aproveitando a encosta de uma colina.
Esse é o terceiro maior anfiteatro romano da Itália, perdendo apenas para o Coliseu e para o anfiteatro de Cápua. Sua construção se iniciou durante o reinado de Vespasiano e terminou durante o reinado de seu filho Tito. O anfiteatro era gigantesco e podia abrigar até 50 mil expectadores. Ele tem 147 x 117 metros e a arena interna é de 72 x 42 metros.
Ele é conhecido como Anfiteatro Flaviano ou Anfiteatro Pozzuoli, o nome da cidade atual onde está localizado. Acredita-se que tenha sido construído pelos mesmos arquitetos responsáveis pela construção do Coliseu em Roma. Ele foi o segundo anfiteatro a ser construído na cidade, as ruínas de um anfiteatro mais antigo foram destruídas durante a construção de uma linha de trem entre Roma e Nápoles.
Construído na cidade romana de Thysdrus, uma antiga cidade cartaginesa no norte da África, conhecida pelo seu óleo de oliveira de qualidade. Esse foi o terceiro anfiteatro construído na cidade e se tornou o maior da África romana. Sua construção ocorreu entre o século 2 e o início do 3 d.C., tendo sido um dos últimos a serem construído no império. Ele tinha capacidade para 30 mil expectadores e media 149 x 124 metros, com uma fachada de 36 metros de altura.
O anfiteatro estava praticamente completo até o século 17, quando pedras começaram a ser retiradas para a construção da cidade de El Djem. Sua estrutura também sofreu o abalo de diversas guerras, incluindo a Segunda Guerra Mundial, quando foi usado como refúgio por soldados. Mesmo assim é um dos anfiteatros mais bem conservados do mundo romano, e uma das principais atrações turísticas da Tunísia.
Nimes foi uma cidade romana que recebeu um grande programa de construções no século 1, ganhando um grande muralha de seis quilômetros, templos e um anfiteatro. Atualmente a cidade é famosa não só pelo seu anfiteatro romano, mas também por contar com um antigo aqueduto romano e com a famosa Maison Carrée, o templo romano mais bem conservado do antigo Império.
O anfiteatro de Nimes tem 133 x 101 metros, com uma arena de 68 x 38 metros. Sua fachada externa tem 21 metros de altura, e conta com 60 arcos em cada um de seus dois andares. Segundo o site oficial do anfiteatro, a arena contava com um imenso toldo de lona que era fixada no topo, para proteger os espectadores contra o sol e o mau tempo. Originalmente todos os arcos inferiores serviam como entradas e saídas para as arquibancadas.
Esse é o anfiteatro romano mais bem conservado de todos. Ainda hoje o local recebe simulações dos antigos jogos romanos para atrair os turistas.
A arena de Verona foi construída no século 1 d.C. e ainda hoje é usada para grandes perfomances de ópera. Nos tempos antigos sua capacidade era de mais de 20 mil pessoas, mas hoje, por razões de segurança, a arena abriga, no máximo, 15 mil expectadores. Segundo o site Viajoteca, o anfiteatro romano tem 152 x 123 metros e 31 metros de altura.
A arena recebe espetáculos modernos desde o século 19. Shows de rock e ópera são frequentes e até Paul McCartney já fez uma apresentação lá em 2013. A arena também receberá a cerimônia de encerramento dos jogos Olímpicos de inverno de 2026.
Construído por volta de 90 d.C., não muito depois do Coliseu, durante o reinado de Domiciano, o anfiteatro de Arles tem capacidade para cerca de 20 mil expectadores. A construção tem 136 x 109 metros e 21 metros de altura, e conta com dois andares de 60 arcos cada.
Como muitas outras arenas romanas, o anfiteatro de Arles foi convertido em uma fortaleza no período medieval. Ainda hoje estão visíveis os vestígios de torres de observação em três dos quatro lados do anfiteatro.
A cidade de Arles também conta com outros vestígios arquitetônicos da Roma Antiga, entre eles as termas de Constantino e a Necrópolis de Alyscamps. A cidade também possui uma famosa relíquia medieval, a Igreja de St. Trophime, construída entre o século 12 e 15.
Construída durante o reinado de Vespasiano, na mesma época da construção do Coliseu. O anfiteatro mede cerca de 130 x 100 metros e comportava até 20 mil expectadores. Hoje a capacidade da arena é de, no máximo 5 mil pessoas.
Alguns eventos especiais são realizados dentro dela, inclusive jogos de futebol. Em julho de 2019, por exemplo, a arena recebeu uma partida amistosa entre veteranos do Bayern Munique e da seleção da Croácia. A parte subterrânea da arena conta com exibições de vasos de cerâmica e equipamentos usados para produção de óleo de oliva e vinho na antiguidade.
De longe a mais famosa construção romana, o anfiteatro Flaviano foi construído nos reinados de Vespasiano e Tito e inaugurado em 80 d.C. O anfiteatro ficou conhecido como Coliseu porque, na época, havia uma imensa estátua (um colosso) do imperador Nero nas proximidades do anfiteatro.
O anfiteatro mede 188 x 156 metros e sua fachada externa tem 57 metros de altura. É o maior de todos os anfiteatros romanos. A capacidade nos tempos romanos era de 50 mil pessoas. O anfiteatro também contava com um teto de lona para proteger as pessoas do sol.
O coliseu foi inaugurado com 100 dias de jogos que tiraram a vida de mais de 2 mil gladiadores.
No século 3 d.C. o Império Romano contava com mais de 200 arenas de diversos formatos e tamanhos espalhadas por todo o império, mas com uma concentração maior na Itália, na atual França, na atual Inglaterra e no norte da África. Esse mapa mostra a suposta localização das arenas romanas nesse período, mas é importante destacar que a maioria delas não deixou praticamente nenhum vestígio, algumas são conhecidas através de referências literárias e outras tiveram apenas as suas fundações encontradas.
De qualquer forma é inegável que os jogos de gladiadores eram extremamente populares no período imperial, principalmente entre o séculos 1 e 3 d.C., e não apenas em Roma, mas também nas províncias. Além disso, a força, o tempo e os recursos utilizados para a construção desses gigantescos centros de eventos são uma prova incontestável do gosto romano por essas exibições.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.