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Autor: Laurentino Gomes
Páginas: 416
Editora: Globo Livros
Ano da edição: 2013
Idioma: Português
Nas últimas semanas de 1889, a tripulação de um navio de guerra brasileiro ancorado no porto de Colombo, capital de Ceilão (atual Siri Lanka), foi pega de surpresa pelas notícias alarmantes que chegavam do outro lado do mundo. O Brasil havia se tornado uma república.
O império brasileiro, até então tido como a mais sólida, estável e duradoura experiência de governo na América Latina, com 67 anos de história, desabara na manhã de quinze de novembro. O austero e admirado imperador Pedro II, um dos homens mais cultos da época, que ocupara o trono por quase meio século, fora obrigado a sair do país junto com toda a família imperial. Vivia agora exilado na Europa, banido para sempre do solo em que nascera.
Enquanto isso, os destinos do novo regime estavam nas mãos de um marechal já idoso e bastante doente, o alagoano Manoel Deodoro da Fonseca, considerado até então um monarquista convicto e amigo do imperador deposto. Essas e outras histórias surpreendentes estão 1889, o novo livro do premiado escritor Laurentino Gomes. A obra, que trata da Proclamação da República, fecha uma trilogia iniciada com 1808, sobre a fuga da corte portuguesa de Dom João para Rio de Janeiro, e continuada com 1822, sobre a Independência do Brasil.
Jornalista nascido em Maringá em 1956. Formado pela Universidade Federal do Paraná, tem pós-graduação em Administração na Universidade de São Paulo. É membro titular da Academia Paranaense de Letras. É autor dos livros "1808", "1822" e "1889".
1889 é a terceira obra de história do jornalista paranaense Laurentino Gomes. O autor se tornou famoso com o livro 1808 que, narrava a chegada da família real ao Brasil e, foi publicado em 2008, ano do ducentésimo aniversário da data.
1889 é o primeiro livro que leio do autor e com certeza será o último. Honestamente, considero os nove dias que levei para a leitura desse livro um bom tempo perdido.
Mas vamos por partes. 1889 trata da proclamação da república que, ocorreu no dia 15 de novembro de 1889 e, instituiu o regime republicano e deu fim ao Império do Brasil depois de 67 anos. Ao longo do livro o autor se debruça sobre diversos temas, tais como: a vida de diversas personalidades da época e suas participações nesse evento. Entre os principais estão Dom Pedro II, Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Princesa Isabel, Conde D'Eu, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, o Visconde de Ouro Preto, Floriano Peixoto e outros.
Além disso, também são trabalhados temas como o avanço tecnológico no século XIX, o abolicionismo, o movimento republicano, a questão militar, a questão religiosa, e alguns capítulo iniciais dão uma visão geral sobre a situação econômica e política do Brasil no final do século XIX.
O principal fato a destacar sobre o livro é que ele é incrivelmente mal escrito. A parte incrível disso se deve ao fato do autor ser também um jornalista, uma profissão reconhecida pelo grande talento para a escrita. Boa parte dos melhores livros que já li na vida foram escritos por jornalistas, por isso esse fato me chamou muito a atenção.
Essa falta de habilidade para a escrita se demonstra por uma série de comentários completamente inúteis feitos pelo autor ao longo do livro. Além de uma análise extremamente superficial dos temas tratados, como há muito tempo eu não tinha o desprazer de ler, e por uma escrita que repete as práticas mais detestáveis da história: a visão oficial dos fatos, marcada pela exaltação dos líderes, pelo patriotismo e por uma narrativa que atribui todos os eventos e movimentos sociais a uma única pessoa ou a um pequeno grupo de pessoas especialmente esclarecida e visionária.
Cada capítulo dessa obra tem pelo menos uma biografia de algum líder, que segundo o autor foi o grande responsável por aquele movimento em particular. Então se houve um movimento dos jovens militares a favor da república, isso se deveu ao Benjamin Constant. Se houve a libertação dos escravos isso se deveu em grande parte a Princesa Isabel, se houve a proclamação da República ela ocorreu por causa da liderança de Deodoro da Fonseca. Todos os fatos são direta ou indiretamente atribuídos a alguma personalidade da época. É incrível a completa incapacidade do autor para compreender o aspecto social.
Tudo isso não deixa de ser irônico já que o próprio autor, em arroubos de hipocrisia, se diz um crítico da história oficial, chegando ao cúmulo de se referir à outros livros de história como "os livros oficiais da história do Brasil".
Além de tudo isso, há uma constante necessidade por parte do autor de, ao introduzir um novo personagem, dar a árvore genealógica completa da pessoa. Logo o João da Silva, não é apenas o João da Silva, ele é João da Silva, filho do genro da sogra do tio do primo daquele que viria a se tornar o famoso Antônio da Silva. Como se a importância de uma pessoa dependesse de quão famosos fossem seus futuros descendentes, ou vice-versa.
São 380 páginas de pura exaltação de líderes e incríveis generalizações.
Marketing pesado em cima dos livros e uma linguagem extremamente simples, com foco em um público que desconhece completamente o tema, explicam o sucesso dos livros do autor. Eu até aceito que o livro possa ser interessante para pessoas que desconhecem completamente o tema. Há algumas passagens que são até boas, mas no geral o livro é fraquíssimo. A parte mais legal realmente é a bibliografia, onde há indicações para livros melhores.
Peço desculpas pela irritação demonstrada ao longo da crítica, mas não consegui me conter, esse livro realmente me deixou nervoso.
Resenha escrita em 09/08/2018.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.