Busque no site
Ver mais opções
Conteúdos dos capítulos do livro

Livros   >    Roma Antiga

A queda do Império Romano - A explicação militar

2,7 mil visualizações    |    0 comentário(s)

Capa do livro A queda do Império Romano - A explicação militar, de Arther Ferrill
Informações técnicas

Autor: Arther Ferrill
Título original: The Fall of the Roman Empire -The military explanation
Páginas: 178
Editora: Jorge Zahar Editor
Ano da edição: 1989
Idioma: Português

Sinopse

Qual foi a causa da queda de Roma? Desde os tempos de Edward Gibbon, autor do clássico Declínio e Queda do Império Romano, estudiosos do assunto travam acirrado debate, apresentando as mais diversas respostas para essa questão; mas não teria sido, sobretudo, o colapso militar a causa fundamental da debacle? O professor Arther Ferrill acredita nessa tese e apresenta suas razões neste livro provocativo, onde todos os acontecimentos e personalidades chave são descritos com vivacidade. Mapas, fotografias e planos de batalha tornam ainda mais preciso e atualizado este relato de uma das épocas mais significativas da história da humanidade.

Historiador
Arther L. Ferrill

Arther L. Ferrill nasceu em 1938. Como professor de História na Universidade de Washington, Ferrill atuou em várias comissões do Corpo Docente. Suas áreas de interesse são o mundo antig e a história militar. Ele é professor emérito da Universidade de Washington, e seus principais trabalhos incluem vários livros ainda inéditos no Brasil, tais como: Grande Estratégia Imperial Romana, Calígula: Imperador de Roma, As Origens da Guerra: Da Idade da Pedra à Alexandre o Grande.

Análise do livro
4/5 BOM

FERRILL, Arther. A queda do Império Romano: A explicação militar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.

A queda do Império Romano: A explicação militar, é uma obra do historiador Arther Ferill, que trabalha os eventos que ocorreram nos séculos finais do Império Romano do Ocidente. Esse livro descreve os acontecimentos militares e políticos dos anos entre a ascensão do imperador Dioclesiano (284-305) até a queda do imperador Rômulo Augusto em 476.

O ano de 476 d.C. é normalmente citado como o ano da queda do Império Romano, por ter sido quando ocorreu a deposição do último imperador. Mas muitos historiadores defendem que o Império Romano já estava indo nessa direção há séculos, e que a queda do último imperador não teve grande importância, ela teria sido apenas um evento simbólico, que deu fim a um império que estava se auto destruindo desde o século 2.

O autor começa o livro falando sobre as teorias sobre a queda do Império apresentadas na obra Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon, um clássico sobre o tema. E depois fala de vários outros historiadores e suas contribuiçõs ao debate. Um desses historiadores, Alexander Demandt, chegou a publicar uma lista com 210 causas para a queda do império!! O que demonstra como o tópico levanta teorias diversas.

Nessa obra, Arther Ferill defende que o Império Romano do Ocidente caiu devido a razões militares. Segue uma lista de algumas de suas teorias apresentadas no livro:

  • a tese de que o Império Romano estava em decadência desde o reinado de Cômodo (180-192) é falsa,
  • as teses de que a causa da queda do Império foram econômicas são errôneas,
  • a grande responsável pela queda do Império foi a barbarização do exército do ocidente, que levou a degradação da disciplina e do treinamento do exército romano,
  • a causa da queda do Império Romano Ocidental foi essencialmente militar,
  • outra causa da queda do império foi a política de apaziguamento e criação de confederados (foederati) executada pelo imperador Teodósio (379-395) e pelo general Estilico,
  • até o final do século 4, o exército romano do ocidente era superior ao exército do oriente,
  • a derrota dos romanos em Adrianópolis nem pode ser considerada como sinal da decadência do ocidente, porque foi uma derrota sofrida pelos exércitos e pelo imperador do oriente,
  • o saque de Roma em 410 e outras derrotas em batalha contribuíram para destruir a moral dos exércitos do ocidente,
  • o império do ocidente só começou a decair realmente após a conquista da África pelos vândalos (439) e a perda do controle do Mediterrâneo ocidental, antes disso havia possibilidade de recuperação,
  • no início do século 5, quando ocorreu a invasão de diversos povos germânicos pelo Reno, um dos fatores que impediu uma resposta forte dos romanos foi a rebelião do general Flavius Claudius Constantinus (407-411) na Bretanha, que se declarou imperador e fez com que boa parte do exército romano da Gália saísse do controle do imperador ocidental.

O livro inicia (capítulo 2) com a apresentação da estratégia de segurança do império no final do século 3. Desde o reinado do imperador Adriano, a política romana havia sido preventiva. Construção de grandes muralhas e fortes em pontos estratégicos nas fronteiras, visavam impedir a invasão de povos bárbaros.

O autor apresenta as mudanças políticas e militares introduzidas pelo imperador Dioclesiano (284-305), e destaca que somente a partir de Constantino a política de segurança nacional foi alterada. O imperador introduziu a política de um exército móvel central, às custas do exército das fronteiras. Essa nova política estabelecia que um grande exército móvel (10 mil homens) ficaria de prontidão para o caso de invasão e, se necessário, se movimentaria até o ponto onde ela teria ocorrido para enfrentá-la. O autor destaca que, embora houvesse um grande investimento na cavalaria, o exército romano sempre se manteve um exército de infantaria, mesmo no Baixo Império.

A partir de então o autor inicia uma narrativa sobre os eventos que se seguiram, descrevendo as guerras e lutas políticas nos reinados dos filhos de Constantino, de Juliano o Apóstata, e de todos os imperadores que seguintes até a deposição de Rômulo Augusto em 476. Nessa parte o livro se torna um pouco mais maçante, pois o autor adota um estilo de pura história narrativa.

Algumas batalhas recebem uma análise mais profunda pelo autor: a campanha de Juliano o Apóstata na Pérsia (362-363), a batalha de Adrianópolis (378), a batalha do Frígido (394), a batalha de Pollentia (402) e a batalha dos Campos Cataláunicos (451).

O período entre o fim do reinado de Teodósio (395) até a queda em 476 recebe um destaque especial. O autor dá muita ênfase para o reinado de Honório, a relação de Estilico e Alarico, e as consequências da invasão do Reno em 406-407.

Eu gostei bastante do livro, especialmente porque o Baixo Império (284-497) é um período extremamente mal trabalhado pelos historiadores. A maioria dos livros de Roma Antiga simplesmente ignora o Baixo Império, não só porque os historiadores acham muito mais interessante o período republicano e o Principado, mas porque as relações políticas do Baixo Império realmente se tornam muito mais complexas, e a civilização romana passa por muitas mudanças. Esse é um período bastante confuso, e além disso, as fontes são mais limitadas.

Pessoalmente, não concordo com a principal tese defendida pelo autor: de que a causa da queda do império foi essencialmente militar. Arther Ferill frisa muito essa questão, mas acho que seus argumentos são fracos. Embora eu concorde que a barbarização do exército tenha tido um papel fundamental para a queda, acho que essa barbarização foi resultado de uma questão econômica. Então a barbarização não seria a causa primordial, mas uma das consequências da verdadeira causa: a decadência econômica. O autor até toca nesse ponto, negando a importância das razões econômicas mas, de novo, não apresenta bons argumentos.

Mesmo assim, essa é uma obra muito boa sobre a situação militar do ocidente no Baixo Império. Recomendo a leitura!

Resenha escrita em 28/04/2020.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Outros livros sobre Baixo Império Romano
Comentários sobre o livro

Cadastre-se ou faça login para comentar

Cadastre-se

Ainda não há comentários nessa página.
Seja o primeiro a comentar.

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.