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Alexandre o Grande

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Capa do livro Alexandre o Grande, de Philip Freeman
Informações técnicas

Autor: Philip Freeman
Título original: Alexander the Great
Páginas: 384
Editora: Amarilys
Ano da edição: 2016
Idioma: Português

Sinopse

Alexandre difundiu a cultura grega por todos os territórios conquistados. Como prova do poder de sua figura imponente e carismática, o império construído por ele começou a ruir pouco tempo depois de sua morte, dividido por violentas disputas de sucessão. Mas Alexandre, o Grande, já havia deixado sua marca na história, como poucos fizeram. Sua vida é habilmente narrada pelo historiador Philip Freeman nesta biografia, escrita com precisão acadêmica e de leitura saborosa como um grande romance de aventuras.

Historiador
Philip Freeman

Philip Freeman é professor de Clássicos desde 2004, concentrando-se nos tópicos do curso de Mitologia Clássica, Cultura Romana Antiga, Grécia e Roma no Cinema, bem como no Latim Elementar, Intermediário e Avançado. Ele é o autor de quinze livros sobre o mundo antigo para leitores acadêmicos e gerais.

Análise do livro
4/5 BOM

FREEMAN, Philip. Alexandre o Grande. Barueri: Amarilys, 2016.

Essa obra de Philip Freeman é um biografia do líder macedônio que conquistou boa parte do mundo conhecido no século 4 a.C. E já adianto, tratasse de um livro excelente!

As vezes eu fico tão focado em ler obras mais complexas, por um desejo grande de aprender e realmente ser capaz de entender o período histórico que estou estudando, que me esqueço do imenso prazer que é ler um livro de História despretensioso, que se foca apenas em contar os eventos e descrever a mentalidade e o comportamento das grandes figuras do passado.

Há realmente grandes personalidades como Alexandre o Grande, Julio César, Napoleão e muitos outros que exercem um fascínio nos estudantes de História, por suas grandes conquistas e vidas conturbadas. De vez em quando vale a pena, deixar o lado acadêmico de lado e apenas se divertir assistindo as vidas desses vultos conforme elas vão sendo descritas por um bom biógrafo, especialmente se o escritor é tão talentoso quanto esse.

Freeman ocasionalmente cita fontes antigas, especialmente quando elas se contradizem, mas na maior parte do tempo preza pela beleza e fluidez do texto. A leitura da obra é extremamente agradável e isso, somado a vida louca de Alexandre, tornam o livro muito interessante. A obra traz muitos detalhes sobre a vida desse personagem que eu ainda não tinha visto em minhas leituras, se aprofundando bastante no período e dando grande destaque as suas campanhas militares.

O autor também destaca na introdução o reinado de Filipe II, pai de Alexandre, e todas as grandes inovações militares e administrativas que foram adotadas por ele, e que permitiram que Alexandre assumisse aos 20 anos o comando do melhor exército do mundo.

Se você quer conhecer a história de Alexandre o Grande esse é o livro para isso! Embora o autor seja um grande fã desse personagem histórico, ele não deixa de destacar os abusos, violências e, porque não dizer, genocídios levados a cabo por Alexandre e por seu exército durante as conquistas.

Além de descrever a vida e as motivações do personagem central, o autor também faz descrições bastante profundas das campanhas e da própria guerra, sem entrar em detalhes chatos como descrições de batalhas e táticas militares, mas dando destaque para o caráter humano e mostrando a guerra de um ponto de vista mais amplo. É realmente fascinante!

O livro apresenta alguns bons mapas (confira abaixo) e também uma galeria de fotos que fornece uma boa referência visual do período. A obra chama a atenção por apresentar poucas datas ao longo do texto, para compensar isso o autor colocou uma Linha do Tempo no início da obra.

Nos próximos dias postarei aqui no site uma análise do filme Alexandre (2004), que será baseada principalmente nessa obra.

A obra apresenta dois mapas, que podem ser muito úteis para quem está estudando a história de Alexandre o Grande, disponibilizo ambos abaixo:

O Mundo Egeu.

O Império de Alexandre.

Atualizado em 26/06/2022: Na primeira vez que fiz a leitura da obra em 2019, eu usei uma versão para Kindle e todas as minhas anotações foram feitas usando essa versão. Mas nos últimos anos, percebi o como isso é ruim para pesquisas futuras, por isso atualizei todas as anotações colocando as páginas de uma versão em PDF. O arquivo PDF está disponível na Library Genesis, e as minhas anotações podem ser conferidas no link acima dessa resenha.

Também adicionei novas citações abaixo e atualizei todas as páginas para a versão em PDF. No futuro todas as leituras, e suas respectivas anotações, sempre serão feitas usando arquivos PDF ou livros físicos.

Resenha escrita em 20/06/2019.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Trechos interessantes do livro

COMO OS MACEDÔNIOS VIAM OS GREGOS
(...) viam os gregos como indivíduos fracos, afeminados, esnobes arrogantes que há muito haviam perdido qualquer traço da masculinidade e da coragem que possuíam quando expulsaram os invasores persas mais de um século antes. A nobreza macedônia podia até estudar filosofia grega e recitar a poesia de Homero, mas o soldado macedônio comum tinha orgulho de não ser grego. (FREEMAN, p.15)

TEBANOS - REFORMAS MILITARES
Os tebanos aperfeiçoaram a arte da guerra hoplita. Cada hoplita era um cidadão orgulhoso capaz de bancar o próprio equipamento, que consistia em um capacete de bronze, um protetor peitoral grosso, caneleiras para  proteger as pernas, e uma lança de ponta de ferro com cerca de três metros de comprimento utilizada para ataque, não lançamento à distância. Além disso, cada homem carregava uma espada de lâmina  afiada e um escudo pesado (hoplon) de quase um metro de largura no braço esquerdo. Como cada hoplita estava sem escudo do lado direito, ele dependia do homem ao seu lado para se proteger, encorajando por necessidade um forte senso de unidade durante a batalha. Quando uma linha hoplita avançava ombro a ombro contra o inimigo era como uma muralha da morte. (FREEMAN, p.29)

BANDO SAGRADO TEBANO
Os hoplitas tebanos treinavam sem parar e, fossem soldados ou nobres cavaleiros, eram governados por uma disciplina férrea. Os melhores guerreiros tebanos eram escolhidos para serem membros do Bando Sagrado, um  corpo de elite de infantaria formado por 150 casais de amantes financiados pelo Estado. Por serem amantes, os  soldados lutavam ainda mais furiosamente para impressionar e proteger seus parceiros. Eles foram cruciais para a derrota dos espartanos em Leuctra, provando ser os melhores soldados que a Grécia já produziu. (FREEMAN, p.29)

REFORMAS DE FILIPE: A SARISSA
As lanças padrão dos hoplitas tinham em média três metros de comprimento, mas a sarissa tinha quase cinco metros e meio. Isso permitia que a infantaria macedônia marchasse em formação justa com as sarissas sobrepostas para atingir os hoplitas antes que as lanças inimigas conseguissem atingi-los. Claro, a eficácia da sarissa dependia da disciplina dos macedônios em agir como uma unidade. Mesmo se apenas um homem mexesse sua sarissa muito para a direita ou para a esquerda, toda a linha poderia se emaranhar desastrosamente. Mas o controle da sarissa foi possibilitado pela eliminação das armaduras e armas pesadas, o que fez com que os soldados macedônios a pé, ao contrário de seus oponentes gregos ou bárbaros, pudessem usar as duas mãos para segurá-las e apontá-las com efeitos mortais. Os macedônios treinavam com suas longas lanças a uma precisão tal que logo conseguiam virar juntos para qualquer direção, abrir e fechar suas linhas em um instante e atacar o inimigo com velocidade assustadora. A sarissa foi feita para destruir os hoplitas, mas a formação mortal funcionava igualmente bem contra guerreiros bárbaros que atacavam as linhas macedônias. (FREEMAN, p.31/32)

FILIPE CONSIDERAVA ALEXANDRE HERDEIRO DO TRONO
Quaisquer que fossem as intenções de Felipe – uma proclamação de seu poder após a vitória de Queroneia ou algo mais –, o fato de Olímpia e seu filho terem sido incluídos no Philippeum tornou claro que Felipe considerava Alexandre o herdeiro indisputável ao trono macedônio. (FREEMAN, p.57)

PELA E VERGINA - CIDADES MACEDÔNIAS
Pela era a capital administrativa do reino, mas a antiga Vergina era o coração da Macedônia e o local de enterro de seus reis. (FREEMAN, p.62)

FILIPE SE CONSIDERAVA UM DEUS?
Felipe construira uma esplêndida entrada para o teatro ladeada por estátuas soberbas dos doze deuses do Olimpo decoradas com ouro. Apenas o convidado mais distraído deixaria de notar uma imagem adicional entre os deuses, uma estátua do próprio Felipe, entronado como o décimo terceiro membro do panteão divino. (FREEMAN, p.63)

A TEIMOSIA ESPARTANA FOI ACEITA POR ALEXANDRE
Notáveis em sua ausência foram os espartanos, que, como de costume, ficaram em casa e se recusaram a participar da guerra. Alexandre, com uma tolerância da qual se arrependeria mais tarde, contentou-se com a nomeação de regimes pró-macedônios nas cidades ao redor das fronteiras montanhosas de Esparta. Como seu pai, ele pensou que os teimosos espartanos eram úteis como prova do caráter voluntário da sua aliança. Se causassem problemas, ele acreditava poder lidar facilmente com eles. (FREEMAN, p.76)

AS LÍNGUAS DO IMPÉRIO PERSA - O GRANDE IMPÉRIO PERSA
Embora a escrita persa tenha sido usada primordialmente em esculturas e monumentos, a partir de Dário I, todos os dias os registros da corte eram documentados por escribas em elamita, babilônico ou aramaico. Dos impérios anteriores da Mesopotâmia, os persas aprenderam arte, engenharia e a magnífica arquitetura de seus palácios. Mas sua contribuição própria para a história foi a união de dúzias de nações sob o primeiro império legitimamente internacional. Das cataratas do Nilo e costas do Egeu, passando pelas estepes da Ásia Central e o vale do Indo, o Grande Rei governava o maior e mais poderoso reino que o mundo já vira. (FREEMAN, p.106)

PLANOS PERSAS PARA DERROTAR OS MACEDÔNIOS
Se eles (os persas) quisessem, poderiam facilmente impedir a travessia de Alexandre. Mas os persas decidiram deixar o rei e seus macedônios aportarem livremente na Ásia antes de entrarem em ação. Em vez de bloquear o avanço da marinha deles, os persas pretendiam atrair seus inimigos para o interior, onde poderiam destruí-los facilmente com sua força superior. (FREEMAN, p.108)

PROPAGANDA MACEDÔNIA
Alexandre era um mestre de propaganda na guerra. Ele ordenava que seus soldados não pilhassem fazendas e vilarejos próximos – isso seria estúpido, já que em breve tudo seria deles. Isso era uma política que comprovadamente nutria a boa-vontade entre os habitantes de territórios hostis, mas Alexandre espertamente acrescentava que eles deveriam tomar um cuidado especial para não danificar as propriedades do general persa de origem grega Memnon, de Rodes. O rei sabia que rapidamente se espalharia entre os sátrapas persas a notícia de que as propriedades de Memnon estavam sendo tratadas com respeito – como se o general estivesse apoiando os macedônios em segredo. Isso foi uma inspirada estratégia psicológica que em breve daria frutos. (FREEMAN, p.112)

ALEXANDRE MANTÉM A ADMINISTRAÇÃO PERSA
Essa aparentemente pequena decisão administrativa de Alexandre na verdade teria monumentais consequências no futuro. Ao apontar Calas como sátrapa, o rei estava usando um título persa e mantendo a estrutura persa de governo. Esse continuísmo ficou ainda mais claro quando Alexandre anunciou que as cidades a noroeste da Ásia Menor continuariam a pagar impostos da mesma maneira e com os mesmos valores que pagavam para o Grande Rei. (FREEMAN, p.119/120)

ALEXANDRE DISPENSA A MARINHA E OS RESULTADOS DESSA DECISÃO
Apesar de sua modesta vitória naval, Alexandre tomou naquele instante uma séria decisão, que determinaria seu curso até o fim da guerra: ele ordenou que a frota debandasse. Historiadores antigos e modernos discutiram muito sobre o motivo dessa decisão, mas as razões dadas pelo historiador Arriano parecem plausíveis: ele não tinha dinheiro o bastante para manter sua marinha e, mesmo que tivesse, ela não era páreo para a dos persas. Pode-se acrescentar que ele não achava os marinheiros gregos confiáveis e que eram muito problemáticos. Mas dispersar sua marinha significava que ele não tinha escolha senão derrotar os persas em terra. E o único jeito de fazer isso era negando a eles qualquer porto no Mediterrâneo. De fato, Alexandre estava se comprometendo e a todo o exército macedônio a confiscar toda a costa, de Troia ao Egito. Até que pudesse alcançar isso, ele estaria vulnerável aos ataques navais dos persas contra a Ásia Menor, a Grécia e até mesmo a Macedônia. Mas conquistar todo o leste do Mediterrâneo era um plano espantosamente ambicioso. A maioria dos oficiais e soldados deve ter presumido que sua campanha se limitaria à costa do Mar Egeu, mas é de se suspeitar que o jovem rei planejava desde o começo liderar suas tropas até as pirâmides, senão até o coração da Pérsia, e além. (FREEMAN, p.131/132)

SOBRE A BATLHA DE ISSO E AS BATALHAS POSTERIORES
Dário tinha sido humilhado em Isso, mas não estava derrotado. O exército que ele reunira na Síria representava apenas uma pequena parcela das forças disponíveis para ele. Com tempo suficiente, o Grande Rei poderia convocar um poderio muito maior para derrotar os macedônios no campo de batalha. Alexandre sabia que sua única chance de impedir Dário de levantar um novo exército seria persegui-lo implacavelmente para dentro do coração do seu império. (FREEMAN, p.174/175)

BIBLOS E A PALAVRA BÍBLIA
Biblos tinha sido um centro de transporte de materiais egípcios, incluindo papiro, de modo que os gregos que primeiro usaram esse material para pergaminhos chamaram seus livros de biblia em referência a cidade (daí vem a palavra Bíblia). (FREEMAN, p.178)

SAGRADO BOI ÁPIS DO EGITO
Sua manifestação terrena era o sagrado Ápis, um animal escolhido zelosamente e cuidado no pátio do templo. Os peregrinos vinham de todo o Egito para buscar a bênção do touro em Mênfis. Quando cada Ápis morria, ele era embalsamado e levado para uma câmara mortuária especial em Saqqara. (FREEMAN, p.202)

SAQUE DE PERSÉPOLIS
De Tebas a Gaza, seu exército já havia saqueado cidades antes, mas esta foi a primeira vez que ele permitiu que uma cidade que se rendeu pacificamente fosse devastada. Foi uma mudança radical em sua política para os povos conquistados e nada propícia para a construção de confiança entre os seus súditos. (...) Persépolis era uma ruína enfumaçada repleta de mortos, uma cena indescritível de horror conforme as viúvas e os órfãos nus foram levados em pleno inverno frio para os mercados de escravos. Alexandre finalmente teve a sua vingança contra o império do Grande Rei, mas os persas jamais iriam esquecer o que ele havia feito. (FREEMAN, p.280/281)

RITUAL DE COROAÇÃO PERSA
Este (Pasárgada) foi também o local sagrado onde cada novo rei persa foi coroado. Cada homem que lideraria o império entrava no santuário e colocava de lado a sua própria capa, vestindo em vez disso a roupa que Ciro havia usado. Os rituais de coroação pareciam estranhos para pessoas de fora, mas o novo rei primeiro comia um bolo de figo, em seguida, mastigava madeira terebintina e, finalmente, bebia um copo de leite azedo. É provável que cada rei começasse seu reinado dessa forma para lembrar-se de que, apesar dos palácios dourados e dos confortos da civilização, mais importante era ser o líder de uma tribo de guerreiros das montanhas, nutridas em condições simples e, às vezes, amargas. (FREEMAN, p.282/283)

ALEXANDRE SENDO UM PSICOPATA NAS MONTANHAS PRÓXIMAS A PERSÉPOLIS
Para Alexandre, era como se a trilha de Persépolis havia se tornado uma grande expedição de caça com os seres humanos como presas em vez de animais. Havia alguns despojos, além de um punhado de ovelhas magras, mas mesmo assim os pobres mardis foram perseguidos e mortos para divertimento do rei e de seus homens. Ao retornar à cidade após trinta dias nas terras selvagens, Alexandre comemorou a excursão dando a cada um daqueles que o haviam acompanhado presentes para recordar o mês passado nas montanhas da Pérsia. (FREEMAN, p.285/286)

SITUAÇÃO DIFÍCIL DE ALEXANDRE: SE ORIENTALIZAR OU NÃO?
Começou a usar um diadema roxo na cabeça, assim como o Grande Rei, não um filete macedônio simples como usara nos últimos anos. Ele vestia uma túnica branca e faixa à maneira de Dário, embora não tenha adotado as calças persas. Em sua correspondência com a Grécia e a Macedônia, ele selava as cartas com o anel que tinha herdado de seu pai, mas as mensagens para a Ásia ficaram marcadas com o selo que tomara de Dário. Ele também começou a manter um harém real de 365 concubinas, uma para cada noite do ano, com as mais belas mulheres da Ásia. Embora tivesse pouco interesse nessas mulheres, ele sentiu que era importante manter as aparências para o bem de seus súditos persas. Até começou a incentivar seus oficiais a assumirem vestimentas persas, embora a maioria as achasse de mau gosto. Alexandre tentou andar na linha estreita entre viver de acordo com as expectativas de seus súditos asiáticos e preservar os velhos hábitos macedônios por causa de seu exército. Era uma posição impossível de manter e que lhe causaria problemas intermináveis nos anos seguintes. (FREEMAN, p.306)

ALEXANDRE GAY?
Ele também começou a manter um harém real de 365 concubinas, uma para cada noite do ano, com as mais belas mulheres da Ásia. Embora tivesse pouco interesse nessas mulheres, ele sentiu que era importante manter as aparências para o bem de seus súditos persas. (FREEMAN, p.306)

ALEXANDRE GAY?
Como muitos gregos e macedônios, Alexandre preferia a companhia dos homens para seus casos sexuais, mas isso não significa que ele não pudesse sentir paixão pelas mulheres também. O rei, como a maioria das pessoas no mundo antigo, teria achado as distinções modernas de orientação sexual desconcertantes. (FREEMAN, p.346)

COLÔNIAS MACEDÔNIAS NO ORIENTE - VANTAGENS PARA QUEM FICAVA
Os pioneiros que se estabeleceram nessas cidades na Ásia distante lucraram com generosas doações de terras e a chance de começar uma nova vida. Um soldado cansado que não era ninguém na Macedônia podia construir uma bela casa e se sentar no conselho da cidade num lugar desses. Um pobre vendedor de vinho que se arrastara atrás do exército por milhares de quilômetros podia se tornar um comerciante rico nessa fronteira promissora, enquanto uma prostituta poderia se casar com um oficial com ouro sobrando nos bolsos e sossegar para se tornar uma matrona líder da cidade. Para Alexandre, essas fundações serviam como guarnições cruciais por todo seu império. Elas eram, de fato, ilhas da civilização grega no Oriente que tiveram grande influência sobre as culturas locais durante centenas de anos, mas, ainda mais importante para o rei eram os assentamentos militares para manter os nativos na linha. (FREEMAN, p.315/316)

NECESSIDADE DE SOLDADOS ORIENTAIS PARA MANTER UM IMPÉRIO ASIÁTICO
(...) sua decisão de treinar trinta mil garotos nativos de todo o império como soldados macedônios. Este plano foi motivado pela necessidade, já que Alexandre sabia – mesmo que a maioria de seus oficiais se negasse a aceitar o fato – que a pequena nação macedônia simplesmente não tinha como produzir soldados suficientes para controlar todo o território que ele conquistara e esperava ainda conquistar. (FREEMAN, p.349)

VISÃO DOS GREGOS SOBRE A ÍNDIA
Assim, Alexandre aproximou-se da Índia crendo que, se pudesse conquistar o vale do Indo, seu reino se estenderia até os confins do mundo habitado. Com apenas uma curta marcha através do deserto, ele estaria nas margens do grande oceano oriental. Alguns gregos acreditavam até que esse mar podia ser vislumbrado do topo do Hindu Kush. Alexandre deve ter descoberto o quanto eles estavam enganados apenas quando o rei da cidade indiana de Taxila chegou a seu acampamento na Báctria e começou a falar de seu país. (FREEMAN, p.360)

TÁTICAS MACEDÔNIAS CONTRA OS ELEFANTES DE POROS
A única vantagem de Poro eram seus elefantes que, exatamente como previra Alexandre, causaram um tumulto entre a cavalaria, pisoteando os soldados. Contudo, os macedônios já haviam desenvolvido uma defesa contra essas criaturas. Embora ao custo das vidas de muitos de seus conterrâneos, os soldados de Alexandre cercavam cada elefante e o golpeavam com suas longas lanças sarissas, enquanto os arqueiros atingiam os olhos dos animais. Depois disso, as feras, enlouquecidas e cegas, atacavam com selvageria tanto amigos quanto inimigos. (FREEMAN,p.366/367)

PORQUE ALEXANDRE DECIDIU VOLTAR PELO DESERTO GERUSIANO?
Primeiro, havia o sentido prático: ele queria manter contato próximo com a armada enquanto esta viajava para o oeste pelo Oceano Índico. A exploração da costa e a abertura de uma passagem comercial entre Índia e Pérsia eram partes essenciais de seus planos para o futuro. Em segundo lugar, e talvez até mais importante, Alexandre queria liderar seu exército pelo deserto gedrosiano porque ninguém jamais o fizera. (FREEMAN, p.387)

RESUMO DAS VIAGENS DE ALEXANDRE AO ORIENTE
Sua trilha através da Hircânia, Pártia, Báctria, Sogdiana, Índia, Gedrósia e Carmânia cobrira milhares de quilômetros, passando por desertos, montanhas escarpadas e selvas fumegantes. Nenhum outro exército em toda a história lutara uma guerra tão extensa, e nenhuma outra expedição havia descoberto e registrado tantas informações novas sobre terras e povos distantes. (FREEMAN, p.400)

CASAMENTOS DE SUSA
Foi uma bela demonstração e um nobre esforço da parte de Alexandre, mas, como aconteceu com a maioria de seus programas para unir os briguentos membros de sua corte, foi também um fracasso miserável. Nenhum dos macedônios estava animado em aceitar noivas nativas. Mulheres estrangeiras eram boas para diversão, mas os oficiais de Alexandre queriam esposas respeitáveis de sua terra natal. Poucos dos casamentos consumados em Susa durariam. O rei teve mais sorte com os soldados rasos. Muitos haviam voluntariamente tomado mulheres nativas enquanto marchavam cruzando a Ásia, gerando seus filhos nos acampamentos. (FREEMAN, p.407)

HISTÓRIA DO CARA QUE TERIA SENTADO NO TRONO DE ALEXANDRE (RITUAL MESOPOTÂMICO)
Mas o episódio mais perturbador aconteceu quando Alexandre, já de volta à cidade, jogava bola com seus amigos. A primavera havia chegado com força e o tempo estava insuportavelmente quente, por isso o rei havia tirado suas roupas e colocado-as nas costas do trono, ali perto. Quando ele voltou do exercício, encontrou um homem sentado em sua cadeira real, usando sua capa e sua coroa. O intruso parecia estranhamente perplexo e respondeu ao interrogatório apenas depois de intensa tortura. Seu nome era Dionísio, e ele vinha da cidade grega de Messênia, próximo a Esparta. Ele disse que era um fugitivo da prisão e que ficara muito tempo acorrentado, mas um deus viera e o libertara, pedindo-lhe que colocasse as roupas do rei e se sentasse no trono. Como Alexandre devia saber, o episódio tinha uma incrível semelhança com um costume babilônio em que um criminoso condenado agia como substituto do rei para atrair a ira divina para si e poupar o rei de fato de qualquer infortúnio. Alexandre ficou em dúvida se isso era um golpe de sorte ou não, mas cumpriu sua parte e executou o prisioneiro bode expiatório, torcendo para que o sacrifício deste apaziguasse os deuses. (FREEMAN, p.419)

SOBRE A MORTE DE ALEXANDRE
Ele pode ter sofrido de malária por anos, no mínimo desde seu colapso no rio Tarso, pouco antes da batalha de Isso. Ele escapara à morte uma dúzia de vezes desde então, sofrendo ferimentos e doenças que teriam derrubado qualquer outro homem. Sua luta interminável com a disenteria e o problema do pulmão, perfurado na cidade de Malli, na Índia, podem ter enfraquecido sua resistência à doença. Some-se a isso a pura exaustão de doze longos anos de marchas através de pântanos e montanhas, mais as bebedeiras esperadas de qualquer rei macedônio, e é um espanto que Alexandre tenha vivido tanto. Se a causa mortis não foi malária, infecção pulmonar ou falência do fígado, outra possibilidade seria a febre tifóide, dados os sintomas de dor abdominal e febre alta em seus últimos dias. (FREEMAN, p.423/424)

ALEXANDRE E CONTRIBUIÇÃO PARA EXPANSÃO DO CRISTIANISMO
(...) pode-se dizer que, sem as conquistas do rei macedônio, a religião cristã teria permanecido como um fenômeno local. (FREEMAN, p.433)

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