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Evangelhos em Armênio. 1434-1435. MET. N° 2010.108
Antes da invenção da impressão mecânica, os livros eram objetos feitos à mão, valorizados como obras de arte e símbolos do conhecimento duradouro. De fato, na Idade Média, o livro se tornou um atributo de Deus.
Cada etapa da criação de um livro medieval exigia trabalho intensivo, às vezes envolvendo a colaboração de oficinas inteiras. Pergaminho para as páginas tinha que ser feito a partir das peles secas de animais, cortadas no tamanho correto e costuradas juntas; tintas tinham que ser misturadas, penas preparadas e as páginas alinhadas para as letras.
Um escriba copiava o texto de uma edição pronta e os artistas então faziam o embelezamento com ilustrações, iniciais decoradas e ornamentos nas margens. Os livros medievais mais luxuosos estavam encadernados em capas com esmaltes, jóias e esculturas de marfim.
O surgimento de universidades em toda a Europa criou a demanda por Bíblias de volume único, livros de direito e outros textos copiados em páginas com margens amplas para anotações e comentários. Nos séculos 13 e 14, os particulares compravam e utilizavam livros de horas, que continham preces a serem recitadas ao longo do dia.
Textos importantes foram traduzidos do latim para o francês e outras línguas locais. As ilustrações de alguns manuscritos, notáveis por sua qualidade e originalidade, foram executadas por artistas de primeira linha; muitos outros, embora pequenos, têm a elegância monumental de obras maiores.
Textos também eram recebiam consideração especial em Constantinopla, onde as pessoas classificavam a alfabetização como uma meta desejável. Há 40 mil manuscritos bizantinos preservados - um grande número, considerando o custo de sua produção.
Bibliotecas monásticas continham as maiores coleções; por exemplo, o Mosteiro de Patmos possuía 330 livros e o Mosteiro de Lavra, localizado no Monte Athos, abrigava 960 manuscritos. Bibliotecas particulares geralmente possuíam mais de 25 volumes.
Durante o período entre 1204 e 1261, quando Constantinopla estava sob o domínio dos latinos cruzados, a produção de livros era limitada. Problemas financeiros significavam que era muito mais difícil comprar os materiais e o trabalho necessários para produzir manuscritos.
O retorno do governo grego sob Michael VIII estimulou um período de crescimento renovado na produção de manuscritos. Estudiosos procuravam por escritos clássicos e então os copiavam. Maximos Planudes (cerca de 1260-1310), por exemplo, redescobriu a Geografia de Ptolomeu, editou Plutarco, e reescreveu a antologia grega de epigramas.
O contato com o Ocidente introduziu uma série de textos latinos que os eruditos gregos traduziram para o grego - de Ovídio e Cícero a Santo Agostinho e Tomás de Aquino.
Por volta de meados do século 14, o patrocínio financeiro disponível para esses grandes estudiosos começou a diminuir. Cada vez mais, intelectuais bizantinos, como o cardeal Bessarion (1403–1472), levaram sua experiência e conhecimento de textos antigos para a Itália.
A prensa de tipos móveis foi inventada pelo alemão Johannes Gutenberg por volta de 1450. Enquanto a imprensa se tornava uma importante fonte de produção de livros no Ocidente, o governo otomano não permitiu seu uso. Assim, as áreas orientais continuaram produzindo manuscritos em vez de livros impressos até 1557 e, em alguns lugares, por mais tempo.
Se você tem interesse nesse tema, e quer saber mais sobre os livros medievais, confira a galeria abaixo e leia nosso outro artigo: O Livro na Idade Média.
Tradução de texto escrito por Departamento de Arte Medieval do MET
Outubro de 2001
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.
Feita em Verona no início do século 16, algumas décadas posterior a Idade Média. MET. N° 12.56.4.
Feito em Florença, retirado de um Laudário, uma coleção de hinos sacros em italiano. MET. N° 2006.250
Esse livro já é um pouco posterior ao período medieval, é de cerca de 1520. Biblioteca e Museu Morgan, Nova York.
O lecionário Jaharis, um dos maiores manuscritos do império bizantino, exemplifica o interesse bizantino nas artes literárias. Os lecionários em que os evangelhos são organizados em ordem de leitura durante o ano litúrgico foram especialmente populares durante a era bizantina média.