As damas de azul. Pintura da parte externa do Palácio de Cnossos. Atualmente em exibição no Museu Arqueológico de Heraclião, Creta.
Sir Arthur Evans, o arqueólogo britânico que escavou as ruínas de Cnossos, chamou a cultura da Idade do Bronze em Creta de Minóica, a partir do lendário rei Minos.
Para o material escavado, Evans inventou um esquema cronológico que consiste em nove períodos para a civilização minóica. São os período Minoano Antigo, Médio e Recente, cada um com três subdivisões, seguindo aproximadamente o modelo de divisão tripartite da história egípcia com o Antigo, Médio e Novo Reino.
Nosso conhecimento da Creta minóica primitiva vem principalmente de sepultamentos e de vários locais de assentamentos que foram escavados. Trabalhos artísticos deste período indicam que foram feitos avanços na gravação de pedras preciosas, trabalhos em pedra (especialmente vasos), metalurgia e cerâmica. Também aparecem tigelas de terracota com pedestais altos, e ferramentas de polimento foram usadas para decoração.
Por volta de 1900 a.C., durante o período Minóico Médio, a civilização de Creta alcançou seu apogeu com o estabelecimento de centros, chamados palácios, que concentravam poder político e econômico, bem como atividades artísticas, e podem ter servido como centros para a redistribuição da produção agrícola.
Palácios maiores foram construídos em Cnossos e Mallia, na parte norte de Creta, em Festo, no sul, e em Zacro, no leste. Estes palácios distinguem-se pelo seu arranjo em torno de um pátio central pavimentado e pela sofisticada alvenaria.
Em geral, não haviam muralhas defensivas, embora tenha sido identificada uma rede de torres de vigia que pontuavam as principais estradas da ilha. As paredes e o chão dos palácios eram frequentemente pintados, e afrescos coloridos (como a imagem de capa desse artigo) mostravam rituais ou cenas da natureza.
Haviam instalações sanitárias, bem como provisões para iluminação e ventilação. As casas usadas para habitação nos palácios eram, assim como as melhores casas minóicas, bem espaçosas.
Com os palácios, surgiu o desenvolvimento da escrita, provavelmente como resultado das novas demandas para a manutenção de registros da economia palaciana. Os minóicos empregavam dois tipos de escrita, uma escrita pictográfica cuja fonte de inspiração era provavelmente a egípcia, e uma escrita linear, a chamada linear A, talvez inspirada no cuneiforme do Mediterrâneo oriental.
Essas escritas são encontrados em tabletes de argila secos ao sol, e são principalmente registros administrativos. Também estão presentes em objetos rituais, como machados duplos em miniatura e mesas de libação de pedra; e em cerâmica e anéis.
Evidências arqueológicas sugerem que os palácios minóicos também funcionavam como centros de rituais, embora importantes atividades religiosas também ocorressem em locais de culto no campo, como cavernas, nascentes e santuários em regiões altas.
Grande parte da primeira metade do segundo milênio a.C. foi uma época de prosperidade generalizada para os minóicos, e um período de comércio ativo com outras civilizações da bacia do Mediterrâneo.
As exportações de Creta consistiam de madeira, alimentos, tecidos e, muito provavelmente, azeite de oliva, bem como itens de luxo finamente trabalhados.
Em troca, os minóicos importavam estanho, cobre, ouro, prata, esmeril, pedras finas, marfim e alguns objetos manufaturados. Para as suas necessidades básicas, no entanto, os minóicos eram auto-suficientes.
Durante este período, grandes avanços foram feitos em metalurgia e cerâmica - requintada filigrana, jóias granuladas e selos esculpidos em pedra revelam uma extraordinária sensibilidade aos materiais e formas dinâmicas. Essas características são igualmente aparentes em uma variedade de mídias, incluindo argila, ouro, pedra, marfim e bronze.
A partir de 1500 a.C., houve uma influência crescente da cultura micênica no continente grego, e há uma clara evidência arqueológica de destruição generalizada da ilha por volta de 1450 a.C.
Se os micênicos não foram responsáveis por essa destruição, eles certamente se aproveitaram desses acontecimentos - os registros administrativos encontrados em Creta relativos a esse período estão escritos em Linear B, a escrita dos gregos micênicos. E a cerâmica contemporânea mostra uma mistura de características estilísticas minóicas e micênicas. No começo do século 11 a.C., a cultura minóica de Creta estava em pleno declínio.
Tradução de texto escrito por Colette Hemingway e Seán Hemingway
Outubro de 2002
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.