
Um ator grego usando uma máscara em uma peça de teatro. Vaso de 350–325 a.C. MET. N° 51.11.2
Tradução feita a partir de artigo publicado no site do MET, o texto original pode ser conferido aqui. Ele foi escrito por Colette Hemingway, do departamento de arte greco romana do museu, e publicado em outubro de 2004. O texto não possui bibliografia, mas a autora adicionou uma lista de leituras recomendadas. Essa lista foi colocada abaixo nas referências biliográficas. Várias imagens foram adicionadas para tornar o texto mas ilustrativo.
Nosso interesse pelo teatro nos conecta intimamente com os antigos gregos e romanos. Quase todas as cidades gregas e romanas de destaque tinham um teatro ao ar livre, com os assentos dispostos em fileiras com uma bela vista da paisagem circundante. Ali os gregos sentaram-se e assistiram as peças de Ésquilo, Sofócles, Eurípides, Aristófanes e de Menandro e dos dramaturgos posteriores.
O teatro grego era formado basicamente pela orquestra (a pista de dança plana do coro), pelo teatron e pela estrutura do edifício do teatro. Como os teatros da antiguidade foram freqüentemente modificados e reconstruídos, os restos sobreviventes oferecem pouca evidência clara da natureza do espaço teatral disponível aos dramaturgos clássicos nos séculos 6 e 5 a.C.
Não há evidência física de uma platéia circular anterior à do grande teatro de Epidauro, datado de cerca de 330 a.C. O mais provável é que o público da Atenas do século 5 a.C. estava sentada perto do palco em um arranjo retilíneo, como o que aparece no teatro bem preservado de Thorikos, na Ática. Durante este período inicial do drama grego, o palco e provavelmente o skene (prédio do palco) eram feitos de madeira.
Pinturas de vaso retratando a comédia grega do final do século 5 e 4 a.C. sugerem que o palco tinha cerca de um metro de altura com um lance de escadas no centro. Os atores entravam de ambos os lados e de uma porta central no skene, que também abrigava o ekkyklema, uma plataforma de rodas com conjuntos de cenas.
Um mecanismo, ou guindaste, localizado na extremidade direita do palco, era usado para içar deuses e heróis através do ar para o palco. Os dramaturgos gregos certamente aproveitaram ao máximo os contrastes extremos entre os deuses no alto e os atores no palco, e entre o interior escuro do palco e a luz brilhante do dia.
Tragédias
Pouco se sabe sobre as origens da tragédia grega antes de Ésquilo (cerca de 525-455 a.C.), o mais inovador dos dramaturgos gregos. Sua primeira obra sobrevivente é Os Persas, que foi produzida em 472 a.C.
As raízes da tragédia grega, no entanto, provavelmente estão no festival de primavera ateniense de Dionísio Eleuthereus, que incluia procissões, sacrifícios no teatro, desfiles e competições entre os trágicos.
Das poucas tragédias gregas sobreviventes, todas, menos Os Persas de Ésquilo, são baseadas em mitos heróicos. O protagonista e o coro retratavam os heróis que eram objeto de culto na Ática no século 5 a.C.
Muitas vezes, o diálogo entre o ator e o coral servia a uma função didática, vinculando-o como uma forma de discurso público com debates na assembléia. Até hoje, o drama em todas as suas formas ainda funciona como um poderoso meio de comunicação de idéias.
Comédias
Ao contrário da tragédia grega, as performances cômicas produzidas em Atenas durante o século 5 a.C., a chamada Comédia Antiga, ridicularizavam a mitologia e membros proeminentes da sociedade ateniense. Parece não ter havido limite para a fala ou ação na exploração cômica do sexo e de outras funções corporais.
Figurinhas de argila e pinturas em vasos datadas em torno e após a época de Aristófanes (450-387 a.C.) mostram atores cômicos usando máscaras grotescas e meias-calças com acolchoamentos na bunda e na barriga, assim como um falo de couro.
Na segunda metade do século 4 a.C., a chamada Nova Comédia de Menandro (343-291 a.C.) e de seus contemporâneos deram novas interpretações a materiais familiares. De muitas maneiras, a comédia tornou-se mais simples e domesticada, com pouca obscenidade.
O acolchoamento grotesco e o falo da Velha Comédia foram abandonados em favor de trajes mais naturalistas que refletiam o novo estilo dos dramaturgos. A diferenciação sutil das máscaras usadas pelos atores ocorreu em paralelo à delineação mais refinada do caráter nos textos da Nova Comédia, que tratava da vida privada e familiar, das tensões sociais e do triunfo do amor em diversos contextos.


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Fontes bibiliográficas:
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Trendall, A. D., and T. B. L. Webster. Illustrations of Greek Drama. London: Phaidon, 1971.
Artigo publicado em 15/05/2019.

Postado por
Moacir Führ
Moacir tem 33 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.
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