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Augustus First Emperor of Rome

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Capa do livro Augustus, de Adrian Goldsworthy
Informações técnicas

Título traduzido: Augusto - Primeiro Imperador de Roma
Autor: Adrian Goldsworthy
Páginas: 624
Editora: Yale University Press
Primeira publicação: 2014
Ano da edição: 2014
Idioma: Inglês

Sinopse

A dramática história do primeiro imperador de Roma, que mergulhou nas violentas lutas de poder de Roma aos dezenove anos, destruiu todos os rivais e, mais do que ninguém, criou o Império Romano. A história de César Augusto, uma das figuras mais fascinantes da história ocidental, está repleta de drama e contradição, apostas arriscadas e sucesso inesperado. Entregando-se à política extremamente violenta de Roma enquanto ainda era muito jovem, Augusto habilmente manobrou seu caminho através de alianças retorcidas durante anos de guerra civil. Nomeado herdeiro do assassinado Júlio César, ele foi mais esperto e sobreviveu a rivais muito mais experientes, como Antônio e Bruto. Governando supremo, ele se reinventou como um homem benevolente de paz e criou um novo sistema de governo.

Nesta biografia muito aguardada, Goldsworthy coloca seu profundo conhecimento de fontes antigas em pleno uso, recontando os eventos da longa vida de Augusto com mais detalhes do que nunca. Goldsworthy identifica o homem por trás dos mitos: um manipulador consumado, propagandista e showman, generoso e implacável. Sob o governo de Augusto, o império prosperou, mas seu sucesso nunca foi garantido e os eventos de sua vida se desenrolaram com uma imprevisibilidade emocionante. Goldsworthy captura a paixão e a selvageria, a imagem pública e as lutas privadas do homem real, cuja vida épica continua a influenciar a história ocidental.

Historiador
Adrian Goldsworthy

Adrian Goldsworthy é um historiador britânico nascido em 1969. Especializado em História da Roma Antiga é graduado pela Universidade de Oxford e sua dissertação se tornou seu primeiro livro: "O Exército Romano em Guerra 100 a.C. à 200 d.C.". Ele têm mais de dez livros publicados sobre o tema, alguns deles lançados no Brasil. Também é autor de uma série de ficção-histórica sobre as Guerras Napoleônicas e outra sobre a Roma Antiga.

Anotações de leitura do livro Análise do livro
5/5 ÓTIMO

GOLDSWORTHY, Adrian. Augustus - First Emperor of Rome. Yale University Press, 2014.

Augustus é mais uma obra escrita pelo historiador britânico Adrian Goldsworthy, um dos grandes especialistas na História de Roma, que já escreveu mais de 10 livros sobre essa civilização. Esse livro está disponível apenas em inglês ou em caríssimas versões portuguesas que podem chegar a custar mais de 300 reais!

Essa obra biográfica conta a história de Otávio César Augusto, o primeiro imperador de Roma e considerado por todos, inclusive pelos próprios romanos, como o grande imperador da Roma Antiga. Apenas o imperador Trajano chegou perto de atingir a sua popularidade e o seu sucesso como governante dessa civilização, embora tenha governado por muito menos tempo. Trajano foi imperador por 19 anos, enquanto Augusto liderou Roma por praticamente 45 anos.

Augusto se destaca não só por ter governado por muitos anos, mas também por sua ascensão ao poder. Quando Júlio César morreu ele tinha apenas 18 anos e conseguiu, num intervalo de alguns anos, assumir o controle do Estado, se livrar de todas os opositores e se consolidar como líder absoluto e incontestável de Roma.

A divisão da obra

A obra de Adrian Goldsworthy se propõe a contar essa história. A biografia é construída de forma cronológica e livro pode ser dividido em três partes:

Dos anos 63 a 44 a.C. - Do nascimento de Augusto até a morte de César

Da página 19 até 82 (63 pág)

Dos anos 44 a 31 a.C. - Da morte de César até a morte de Antônio e Cleópatra: a tomada do poder

Da página 83 até 194 (111 pág)

Dos anos 31 a.C. a 14 d.C. - O governo

Da página 195 até 469 (286 pág)

Comentários sobre a obra

A qualidade da escrita de Adrian Goldsworthy e o prazer que é ler suas obras já foram exaltados por mim em outras resenhas. O autor é simplesmente um mestre da escrita.

Suas obras também chamam a atenção pela ampla utilização de fontes primárias e por seus extensos comentários sobre elas. A vida de Augusto e o seu governo são narrados especialmente por Suetônio e Dio Cássio, e também há muitas cartas de Cícero sobre o período que vai até a sua morte em 43 a.C.. O autor também usa textos da Res Gestae Divi Augusti e de outras fontes escritas pelo próprio Augusto ou publicadas durante seu governo.

Embora o autor sempre escolha destacar a figura de Augusto e as suas ações, a limitação das fontes e o próprio interesse da narrativa torna inevitável que ele narre outros aspectos relevantes como as ações de Agripa, Mecenas, Marco Antônio e Cleópatra, sua esposa Lívia, e os eventos políticos que ocorreram durante todo esse período, mesmo quando não dizem respeito diretamente a figura de Augusto.

O autor também destaca, logo no início da obra, que embora esse seja um livro longo, a vida de Augusto também o foi, e por isso é inevitável que a obra resuma rapidamente certos momentos e acabe em alguns aspectos sendo rasa. A complexidade do tema acaba impondo seus limites. Mas eu considero que o autor fez um trabalho excelente em mostrar tudo aquilo que é mais relevante na trajetória desse personagem.

Adrian Goldsworthy é conhecido por destacar os aspectos políticos e militares em suas obras. Esse livro não é diferente. Há muitos comentários sobre a questão militar, a relação com o exército, os eventos políticos e a reorganização militar e política levadas a cabo por Augusto durante seu longo governo. Mas o autor sempre destaca que, embora as reformas de Augusto sejam inteligentes e sábias em perspectiva, as mudanças foram feitas gradativamente com muitas tentativas e erros ao longo do percurso. Augusto não era um ser iluminado que sempre soube o que fazer para solucionar os problemas de Roma. Seu governo foi estável e as mudanças foram sendo realizadas gradualmente - sem grandes revoluções -, conforme novos problemas iam surgindo e novas situações impunham uma solução para problemas antigos.

O autor também não deixa de apresentar outros aspectos como a relação de Augusto com as artes, a construção da Ara Pacis, a relação com poetas e historiadores, homens como Ovídio, Horácio, Virgílio e Tito Lívio. O capítulo 16 trata especialmente da Eneida, a grande obra literária do período. E o capítulo 20 apresenta comentários sobre a escrita histórica durante seu governo.

O quadro que o autor constrói sobre essa figura é fascinante, misturando os grandes eventos com os registros de eventos diários e as reações de Augusto. Tudo isso se mistura para formar um retrato vívido e humano de Augusto. Ele não era um deus, nem um gênio político de berço, mas alguém que foi aprendendo e se transformando juntamente com a sociedade romana em um momento de crise. Os 45 anos de governo de Augusto refletem a sua grande habilidade política, mas também o desejo de paz e estabilidade que os romanos tinham após décadas de constantes guerras civis.

A obra também destaca o papel essencial que tiveram figuras como Agripa e Mecenas, os melhores amigos e conselheiros do imperador, e de Lívia, sua fiel e sempre presente esposa. A relação de Augusto com sua família, e especialmente com seus netos e filhos homens, também é acentuada. A perda de Marcelo, Druso, Caio César e Lúcio César teve um forte impacto nos planos de Augusto e no futuro do império. A relação com Tibério também recebe a devida atenção, além do escandâlo causado por sua filha Júlia.

A crítica que posso fazer é a mesma que faço para todos os livros. O uso de mapas e fotos é deficiente. Há algumas fotos e mapas dentro do livro, embora o autor nunca faça referência a eles durante o texto. Elas apenas estão lá, atirados, contribuindo para dar uma quebra ocasional nos textos. É triste ver que mesmo grandes escritores tem dificiuldades de perceber o potencial que o uso de referências visuais teriam para ampliar os horizontes do conhecimento. Mas esse é, infelizmente, um erro comum.

Para finalizar, posso dizer que recomendo muito a leitura desse livro, assim como todas as obras de Adrian Goldsworthy. Seus livros serão um prazer para qualquer Apaixonado pela História da Roma Antiga.

Como sempre, você pode ver mais detalhes sobre o contéudo da obra, conferindo as minhas anotações de leitura no link acima da resenha. Abaixo dessa resenha você confere alguns trechos da obra.

Porque aprender inglês?

Há pouquíssimos livros publicados em português sobre a Roma Antiga. As poucas obras que existem são de caráter mais geral e, uma vez que esses conteúdos estejam dominados, há poucas opções para uma especialização, se o leitor buscar por obras publicadas no mercado editorial brasileiro.

Logo, a melhor opção é procurar por obras em inglês, já que existem literalmente milhares de livros em inglês sobre o tema, tratando de todos os tópicos imagináveis: biografias de todos os personagens importantes, livros sobre vida cotidiana, política, questão militar, questão religiosa, economia, artes, análise de moedas do período romano, etc.

Só para você ter uma ideia: Não há livros sobre Augusto lançados no Brasil. Apenas uma que outra obra em versões portuguesas. Eu, por outro lado, possuo mais de 30 livros em inglês em pdf sobre o tema, mesmo sem ter dedicado muito tempo fazendo grandes pesquisas. Se eu quisesse eu poderia passar o resto da minha vida me especializando no período em que Augusto estava no poder!

Se você pesquisar por obras em inglês, não há um único tema sobre a Roma Antiga que ainda não tenha sido coberto por pelo menos um historiador. Adrian Goldsworthy é um bom exemplo: no momento em que escrevo isso o autor já publicou 12 obras sobre a Roma Antiga, mas delas apenas 3 foram lançadas no Brasil, as demais estão disponíveis apenas em inglês. Aprender inglês é algo imprescindível para todo apaixonado pela história da Roma Antiga.

Resenha escrita em 15/04/2022.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

Trechos interessantes do livro

Otávio nunca adotou o nome Otaviano
Se Otávio hesitou em aceitar o legado e o nome, ele o fez apenas brevemente. Aos dezoito anos ele deixou de ser Caio Otávio e passou a ser Caio Júlio César. Convenção esperava que um homem manteria um traço de seu próprio nome e acrescentaria Otaviano a esta fórmula. Ele nunca fez isso, embora às vezes seus inimigos o chamassem de Otaviano para enfatizar que sua verdadeira família era obscura. Como afirmado na introdução, vamos ignorar a convenção moderna de chamá-lo de Otaviano e, em vez disso, chamá-lo de César, pois esse é o nome que ele usou e como ele é referido em nossas fontes. O poder deste nome teve muito a ver com o curso dos acontecimentos. (p. 88-89)

Em alguns meses tudo mudou para ele em 43 a.C.
Em questão de meses, o adolescente César reuniu um exército, ocupou brevemente o Fórum, mas não conseguiu obter apoio significativo e foi forçado a recuar, depois comprou a lealdade de duas legiões e se tornou um poder a ser considerado, forçando o Senado a escolher entre lutar ou reconhecê-lo. Eles escolheram o último, e logo ele faria guerra contra Antônio, no processo ajudando Décimo Bruto, um dos assassinos de seu “pai” – e o homem com quem ele dividiu uma carruagem na Espanha em 45 a.C. (p.114)

Otávio ganha o título de Princeps Senatus
Em 29 a.C. César recebeu e usou o poder para criar novos patrícios. Pretendia-se que o novo e menor Senado - embora ainda muito maior do que os 600 do Senado de Sula, sem falar dos 300 que eram normais antes da ditadura de Sula - recuperasse muito de sua antiga dignidade e fosse ornamentado com nomes famosos de famílias de alta prestígio. O primeiro membro listado na lista senatorial, o princeps senatus, que gozava de considerável prestígio, embora pouco poder formal, era o próprio César. (p.221-222)

Otávio recebe o nome Augusto
Eventualmente, uma proposta foi votada por Lúcio Munácio Planco, o mesmo homem que uma vez se pintou de azul e vestiu um rabo de peixe para dançar para Antônio e Cleópatra, e que mais tarde desertou para César, trazendo notícias do testamento de seu rival. Planco propôs o nome Augusto, e a resolução foi aprovada com uma votação ampla – talvez unânime – enquanto os senadores se moviam para mostrar sua aquiescência ficando ao lado dele. O cônsul presidente tornou-se formalmente imperador César Augusto divi filius. Nenhum romano jamais teve esse nome, e é fácil a familiaridade nos fazer esquecer o quão novo ele era. Augusto carregava fortes conotações religiosas da própria tradição romana de buscar orientação e aprovação divinas por meio de augúrios. Ênio, o poeta mais antigo e mais reverenciado de Roma, falou da cidade sendo fundada com “augusto augúrio” em uma passagem tão familiar aos romanos quanto as mais famosas citações de Shakespeare são para nós hoje. (p.236)

Outros livros sobre Augusto
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