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Autor: Paul Johnson
Título original: The Civilization of Ancient Egypt
Coleção: História Ilustrada
Páginas: 463
Editora: Ediouro
Ano da edição: 2010
Idioma: Português
O segundo título da Coleção História Ilustrada contempla, de forma didática e ricamente ilustrada, a história completa de uma das civilizações mais importantes de todos os tempos. Além de impressa em cor especial, esta edição ainda conta com boxes explicativos, pesquisa iconográfica rica e atual, belíssimas imagens e ilustrações e glossário, o que o torna uma verdadeira obra de referência sobre o Egito Antigo.
Paul Bede Johnson é um escritor e jornalista britânico. Tornou-se célebre na década de 1950 escrevendo, e mais tarde como editor, na revista New Statesman. Escritor prolífico, é autor de mais de quarenta livros e contribuidor de muitas revistas e jornais. Além dessa obra, também é autor dos seguintes livros: A História do Cristianismo, Os Intelectuais, Darwin - Retrato de um gênio, História dos judeus, Churchill, Sócrates - Um Homem do Nosso Tempo, Os Heróis, O Renascimento, O Livro de Ouro dos Papas, Napoleão e Tempos Modernos.
JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito Antigo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
Essa é um das diversas obras que foram lançadas no Brasil em uma coleção intitulada "História Ilustrada" pela Ediouro. De autoria do jornalista Paul Johnson, essa é uma obra de caráter bastante geral. Mesmo com 409 páginas de texto, ela não se propõe fazer uma análise profunda sobre a civilização egípcia, muito pelo contrário. O texto é raso e o autor passa rapidamente por temas como política, economia, organização social, religião, artes, etc.
A obra até levanta alguns pontos interessantes, mas o problema é a atitude do autor. Ele não problematiza, não propõe teses, não cria hipóteses, apenas narra e descreve.
Mas a obra cumpre seu papel: ser um livro para iniciantes. As obras de jornalistas, no geral, tem como foco justamente esse público. Uma audiência menos exigente e sem um grande conhecimento do tema tratado. Esse público poderá tirar um grande proveito dessa obra.
Os temas discutidos em cada um dos nove capítulos do livro são os seguintes:
Achei os quatro últimos capítulos bastante interessantes e bem escritos. E me chamou atenção o capítulo 8, onde o autor apresenta uma narração bastante envolvente do período de decadência do Egito. Johnson destaca especialmente a relação do Egito com a Grécia, e o papel que os colonos gregos tiveram na região à partir do século 7 a.C. A descrição do Egito Ptolomaico e Romano é muito interessante, e me chamou atenção por ser um período sobre o qual eu estava mal informado.
Vamos começar pelo principal: o livro não possui Bibliografia ou qualquer tipo de referência!!! Essa é uma característica imperdoável em uma obra que pretende ser levada a sério. O autor também não costuma citar o trabalho de historiadores, e muitas informações apresentadas no decorrer do livro são precariamente referenciadas. Mas a triste realidade é que, na maior parte das ocasiões, o autor não mostra nenhum preocupação em apresentar qualquer tipo de referência para suas afirmações, por mais extraordinárias que sejam.
Frases do tipo "há um objeto/documento que mostra isso" são comuns. A pergunta que fica no ar é: Qual objeto/documento? Onde ele está? De que período? Qual o contexto dele?
Outro problema é a utilização do recurso da ilustração. Como o próprio nome da obra já diz, esse é um livro fartamente ilustrado. Embora parte das fotos sejam bem referenciadas e identificadas, há muitas fotos que desempenham uma função apenas ilustrativa. Estão atiradas ao longo do livro sem qualquer próposito claro. Enquanto isso há muitos objetos, documentos, monumentos, e lugares citados na obra que não possuem ilustrações.
Isso mostra um grave erro na utilização desse recurso, porque as imagens deveriam servir para enriquecer o conteúdo do texto, e não apenas como decoração para as páginas. Infelizmente esse é um problema comum em quase todas as obras ilustradas de História.
Os capítulos não possuem subtítulos. Dentro de cada capítulo (com cerca de 40 páginas cada) o autor pula de um tema para outro sem qualquer tipo de preâmbulo. O resultado é um texto fluído, mas as vezes confuso e desorganizado.
Um último comentário: Nas páginas finais do livro o autor (um escritor inglês) dedica um bom tempo criticando o líder egípcio Gamal Abdel Nasser (1918-1970), que nacionalizou o canal de Suéz, entrando em choque com os interesses britânicos. Johnson é extremamente crítico com relação a todas as ações levadas a cabo por Nasser mas, estranhamente (ou não), ao longo de toda sua obra, ignora completamente o papel desempenhado pelo imperialismo britânico na região.
Resenha escrita em 06/12/2018.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.