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A manipulação da história no ensino e nos meios de comunicação A história dos dominados em todo o mundo

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Capa do livro A manipulação da história no ensino e nos meios de comunicação, de Marc Ferro
Informações técnicas

Autor: Marc Ferro
Título original: Comment on raconte l'histoire aux enfants à travers le monde entier
Páginas: 306
Editora: Ibrasa
Primeira publicação: 1981
Ano da edição: 1983
Idioma: Português

Sinopse

Controlar o passado ajuda a dominar o presente, a legitimar tanto as dominações como as rebeldias. Ora, são os poderosos dominantes Estados, Igrejas, partidos políticos ou interesses privados — que possuem e financiam veículos de comunicação e aparelhos de reprodução, livros escolares e histórias cm quadrinhos, filmes e programas de televisão. Cada vez mais entregam a cada um e a todos um passado uniforme. E surge a revolta entre aqueles cuja História é "proibida".

A partir desta observação, Marc Ferro examina a elaboração do discurso histórico através de vários países, várias épocas, vários regimes, insistindo principalmente na História "institucional" que tem a função de glorificar a pátria e legitimar o Estado. Legitimar a dominação. A preocupação de tornar o passado asséptico e de deixar a História sem problemas evidencia-se através dos livros didáticos, em primeiro lugar, sobre os quais têm poderes de pressão não só os governos mas os varios segmentos da sociedade sobre os quais os governos se apóiam, além dos interesses comerciais das editoras. Mas a "limpeza" do passado também se processa de outras formas: as histórias em quadrinhos, a televisão, o cinema. Quanto a este, Marc Ferro faz uma brilhante análise dos reflexos da ideologia dominante sobre o cinema norte-americano e do tratamento dado pelo cinema polonês à Segunda Guerra Mundial. A manipulação do passado está bem longe de se limitar aos livros didáticos.

Fruto desta e outras limitações, surge a contra-história, a história dos dominados, dos que não têm voz — ou então a contra-história dos recém-chegados ao poder. No primeiro caso, Marc Ferro cita os chicanos dos Estados Unidos, entre outros; no segundo, a reelaboração da História nos países africanos, onde, como observa o Autor, o discurso só muda de sinal: os conceitos da História eurocêntrica são os mesmos, em sentido contrário. Elaborar a História a partir de uma só fonte "cheira a tirania ou impostura. É próprio da liberdade deixar que várias tradições históricas coexistam e até se combatam." Mas a reelaboração da História pode contar com uma alternativa à História institucional: é a memória coletiva, a memória das sociedades, que precisa ser pesquisada através de suas manifestações: as festas, as tradições populares, como o Autor faz ver no capítulo sobre a Espanha.

"Esta História sobrevive intacta e autônoma, ou melhor, enxertada e continua muito viva apesar de todas as negações da História oficial e erudita. Ela não é veiculada à maneira de uma contra-história, mas se justapõe à História institucional." Estes, e muitos outros aspectos da versão histórica são focalizados neste livro fascinante, fecundo de sugestões, polêmico, brilhante."

Historiador
Marc Ferro

Marc Ferro (1924-2021) foi um professor universitário e historiador francês. Formado em História, Marc Ferro foi um especialista em História contemporânea, designadamente da Primeira Grande Guerra e da Revolução Soviética. No inicio de sua carreira teve dificuldade de ingressar na carreira acadêmica, mas com ajuda de Fernand Braudel, um dos mais importantes historiadores da França, conseguiu mostrar sua importância ao mundo. É um dos principais nomes da terceira geração da "Escola dos Annales". Ferro ficou conhecido por ter sido o pioneiro, no universo historiográfico, a teorizar e aplicar o estudo da chamada relação cinema-história.

Análise do livro

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