Introdução - Na introdução o autor fala sobre o papel que as cidades tiveram para a romanização das áreas conquistadas, como o urbanismo foi um instrumento político. E também discorre sobre a visão de gregos e romanos sobre a cidade, um conceito que na época ainda era desconhecido na maior parte do Mediterrâneo ocidental. O autor explica a diferença entre cidade e colônia (nem toda cidade era uma colônia) e descreve a estrutura básica das cidades romanas. Aqui o autor também fornece uma explicação muito útil sobre o conceito do Pomerium romano, a fronteira sagrada da cidade.
1. Princípios gerais do urbanismo romano - Neste capítulo o autor explica que o modelo da cidade romana foi uma resposta para problemas práticos impostos pelas exigências das conquistas, limitação profissional da mão-de-obra e por soldados serem os primeiros colonos. E descreve o processo de construção de uma nova cidade e o Ato de fundação, que era uma cerimônia religiosa. Grimal explica o porque das cidades romanas seguirem esse modelo padrão e quais as suas vantagens, e fala da influência etrusca no desenvolvimento desse modelo. O autor também fala do lento desenvolvimento urbano da Itália, e da grande influência que as cidades gregas tiveram no urbanismo no sul da Península.
2. O desenvolvimento urbano de Roma - Esse capítulo fala do desenvolvimento urbano da cidade de Roma, a capital do Império. O autor comenta as origens da cidade e descreve a sua organização. Fala das tentativas de ordenar o centro e da drenagem do fórum, do Campo de Marte, da construção dos primeiros teatros de pedra, do problema da falta de espaço para edifícios públicos, da construção dos fóruns imperiais, das insulas e das tentativas de reformulação do centro feitas por Júlio César e Augusto.
3. Os monumentos urbanos típicos - Nesse capítulo Grimal descreve as construções urbanas que eram típicas das cidades romanas. As seguintes: Fóruns, Basílicas, Cúrias, Capitólio e Templos, Teatros e Anfiteatros, Termas, Aquedutos e redes de distribuição de água, Muralhas e Arcos do Triunfo. É um dos melhores capítulos do livro, e o capítulo que eu mais gostaria de ver expandido.
4. Algumas grandes cidades - Aqui o autor demonstra, com exemplos, como o modelo padrão de cidade romana era moldado às particularidades de cada cidade. Grimal descreve os casos das cidades de Djemila (Cuicul), Lyon (Lugdunum) e Vaison (Voconces) e mostra como, na prática, o modelo romano sofria alterações, embora ainda mantivesse boa parte dos seus princípios básicos. É um capítulo curto com poucas informações.
Autor: Pierre Grimal
Título original: Les villes romaines
Coleção: Lugar da História
Páginas: 111
Editora: Edições 70
Primeira publicação: 1954
Ano da edição: 2019
Idioma: Português
As cidades romanas, e, em especial, as que foram fundadas nas colónias por romanos separados da cidade-mãe, eram o símbolo omnipresente de um sistema religioso, social e político que formava a verdadeira estrutura da romanidade. Os seus templos, instituições e monumentos são ainda exemplos de uma notável arquitetura. Desde que há mais de um século se constituiu e afirmou uma arqueologia científica, o nosso conhecimento das cidades romanas aumentou e estabeleceu-se de forma precisa para além de todas as expectativas. Todos os anos novas descobertas juntam alguns elementos ao conjunto: vestígios desenterrados por escavações, monumentos livres das construções parasitas que os dissimulavam ou desfiguravam mostram-nos, pouco a pouco, a verdadeira face das cidades antigas. Este livro procura indicar quais os traços comuns que caracterizam e identificam as cidades romanas, à luz das mais recentes descobertas.
Pierre Grimal nasceu em Paris a 21 de Novembro de 1912. É um dos historiadores e latinistas franceses mais respeitados do século XX. Profundamente apaixonado pela Civilização Romana, Pierre Grimal foi uma das pessoas que mais se dedicou à promoção da herança cultural da Roma Antiga, tanto no seio de especialistas como no grande público. Foi professor de Civilização Romana nas Faculdades de Caen, de Bordéus e, durante trinta anos, na Sorbonne. Foi, também, membro fundador da Escola Francesa de Roma. Morreu em Paris a 11 de Outubro de 1996.
GRIMAL, Pierre. As Cidades Romanas. Lisboa: Edições 70, 2019.
As Cidades Romanas é uma famosa obra do historiador francês Pierre Grimal, lançada originalmente em 1954. Esse livro de pouco mais de 100 páginas se debruça sobre a organização, os monumentos, as características e as funções das cidades construídas pelo romanos.
Esse trabalho do autor nunca recebeu uma tradução brasileira, por isso a obra que estou resenhando, e que está a venda na internet, é uma edição portuguesa. Isso realmente não é algo que prejudique a leitura. Ocasionalmente alguma palavra é escrita diferente, mas a leitura ainda assim é agradável e fluída. Pierre Grimal é um bom escritor.
Abaixo apresento um resumo rápido de cada um dos capítulos do livro:
Exibir conteúdo dos capítulosEssa é, com certeza, uma leitura obrigatória para todos os interessados no urbanismo romano. Mas é um livro curto, que poderia ir muito mais a fundo nessa questão.
Embora a obra seja bem escrita, o que é padrão nos livros de Pierre Grimal, eu percebi vários problemas na sua construção, que a impediram de ser uma obra excelente. O livro conta com longas descrições de locais e de estruturas arquitetônicas, descrevendo quando deveria mostrar. É tão simples fazer um desenho para explicar certos conceitos arquitetônicos, que chega a ser imperdoável quando um autor se perde em longas descrições de algo que facilmente poderia ser demonstrado em um desenho.
A obra tinha que ter mais ilustrações e mapas. É difícil entender as descrições de locais e posições geográficas, e muitos dos argumentos do autor são baseados puramente em descrições, já que os mapas e ilustrações presentes no livro são puramente decorativos, não são usados nas explicações e vários dos detalhes apontados pelo autor no texto são ignorados nas ilustrações.
O texto também poderia ter sido expandido. Com mais ilustrações e com uma apresentação maior de exemplos, a obra teria ficado muito mais rica. Eu adoro livros curtos, mas se esse livro tivesse 100 páginas a mais ainda assim seria uma obra curta, embora de leitura muito mais gratificante e muito mais informativa. Transmissão de informação é, afinal, o propósito de um livro.
Eu também tinha esperanças de que a obra tivesse mais informações sobre a fundação de colônias romanas e sobre toda a discussão relativa a questão agrária. Afinal, a criação de colônias e a distribuição de terras sempre foi um temas mais importantes da história romana. Infelizmente me desapontei, já que o livro simplesmente ignora esses temas.
Nessa página você ainda encontra muitas outras informações que lhe permitirão ter uma visão mais completa da obra: acima dessa resenha você verá o link para fotos da obra e para as minhas anotações de leitura.
O livro está disponível na Library Genesis, ou pode ser comprado pesquisando pelos links que disponibilizamos abaixo da sinopse da obra. Como a obra nunca foi publicada no Brasil, e está disponível apenas na versão portuguesa, os preços costumam ser salgados.
Resenha escrita em 28/04/2021.
Moacir tem 37 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.