598 - Bem entendido desde Alexandre, que morreu 324 anos antes de Cristo. Eis a ordem de seus suce ssores, segundo Plutarco: Antígono I — chamado o Grande. Demétrio I —- chamado Poliorcete. Antígono II — chamado Gonatas. Demétrio II. Antígono III —- chamado Doson. Filipe. Perseu. Plutarco não dá aqui nenhuma consideração a todas as revoluções intermediárias. (Nota da Trad. fran.).
599 - General que os lacedemônios enviaram em socorro dos siracusanos, na famosa e funesta expedição que os atenienses empreenderam contra a Sicilia durante a guerra do Peloponeso. Chegou a Siracusa no terceiro ano da nonagésima-primeira Olimpía da, 413 anos antes de Jesus Cristo. Depois de alguns maus resultados, derrotou enfim os atenienses e expulsou-os da Sicília. O que Plutarco lhe censura aqui está bem de acordo com o roubo do qual o acusa na vida de Lisandro e na de Nicias.
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Depois de relatar as vidas do grego Timoleón (c. 411-337 a.C.) e do romano Emílio Paulo (c.?-160 a.C.), Plutarco traça aqui uma comparação dessas duas personalidades do mundo antigo. Esse texto faz parte da série de biografias escritas por Plutarco (c. 46-120), um historiador grego que viveu no Império Romano. Na série Vidas Paralelas, o autor compara vários nomes da história grega com seus equivalentes romanos.
I. Tais foram estes personagens, segundo o que se encontra nas suas histórias. É evidente que, conferindo um com o outro, não encontraremos muita diferença nem dissimilitude entre eles, pois as campanhas que conduziram foram contra grandes e famosos adversários, um contra os macedônios, o outro contra os cartagineses e suas vitórias foram notáveis, pois enquanto um conquistou o reino da Macedônia, que tirou ao sétimo598 rei que mantinha por sucessão de pai a filho desde o grande Antígono, o outro expulsou todos os tiranos da Sicília, repondo em liberdade todas as cidades, bem como a ilha, inteiramente. É possível que alguém queira dizer que houve entre eles esta diferença: que Emílio foi ao encontro de Perseu quando tinha intactas as suas forças e que havia antes batido os romanos em diversos encontros, ao passo que Timoleón marchou contra Dionisio no momento em que estava em todos os sentidos desesperado, aniquilado e arruinado. Em oposição também, poder-se-ia dizer, a favor de Timoleón, que derrotou diversos tiranos e urna poderosa força de cartagineses com um pequeno número de soldados e não como Emílio, que comandava poderoso exército de combatentes bem armados, adestrados e experimentados na disciplina militar, mas sim com gente recolhida de todas as espécies, combatentes assalariados, dissolutos habituados a não fazer nada na guerra senão o que lhes aprazia; pois onde as proezas e os belos feitos são de valor igual e os meios contrários, deve-se confessar que o louvor é devido ao capitão coríntio.
II. Um e outro guardaram suas mãos puras e limpas nos cargos que ocuparam, mas parece que Emílio veio assim preparado, pelas leis e pela administração e disciplina de seu país e que Timoleón entregou-se e formou-se por si mesmo, o que se pode provar, pois todos os romanos de seu tempo eram assim bem disciplinados e incorruptíveis, observando todas as ordens de seu país e acreditando em suas leis e em seus cidadãos, quando, ao contrário, dos capitães gregos que foram enviados à Sicília, não houve um só que não se tornasse logo corrompido, tão logo alcançavam o poder, exceto Dion e mesmo assim, ainda suspeitavam que ele aspirava e pretendia a não sei que domínio e principado e que projetava, em seu entendimento, estabelecer em Siracusa um reino qualquer, semelhante ao da Lacedemônia. Escreve o historiador Timeu que os siracusanos enviaram Gilipo599 vergonhosa e injuriosamente à sua casa pela sua insaciável avareza e pelos grandes roubos que praticou em seu cargo.
Diversos outros escreveram igualmente sobre a grande deslealdade e más ações que cometeram Farax espartano e Calipo ateniense, todos os dois pretendendo e procurando fazer-se senhores de Siracusa. Todavia, que personagens eram eles e que meios tinham pelos quais pudessem, na sua fantasia conceber tais esperanças e tais empreendimentos, atendendo que um seguiu e serviu Dionísio depois que foi expulso e banido de Siracusa e o outro era capitão de uma companhia de infantaria formada somente daqueles que vieram com Dion? Ao contrário, Timoleón foi enviado para ser capitão geral dos siracusanos depois de grandes instâncias; não tendo necessidade de procurar, mas somente conservar o poder que voluntariamente lhe colocaram entre as mãos, abandonou de boa vontade, francamente, seu cargo e sua autoridade, tão cedo derrotou e arrasou aqueles que queriam injustamente dominar. Há, entretanto, um característico que faz grandemente enobrecer o caráter de Paulo Emílio. É que, tendo conquistado tão grande e opulento reino, jamais aumentou seus bens no valor de uma única dracma de prata, nem viu ou tocou dinheiro algum, embora tenha repartido largamente com os outros. Não quero com isto dizer que Timoleón mereça ser menosprezado por ter aceito a bela casa que os siracusanos lhe deram em sua cidade e a bela propriedade nos campos, pois em tais casos não há nenhuma desonestidade em receber, apesar de que o mais honesto seria não aceitar, o que seria uma excelência de virtude o mostrar não querer nada receber, tomar ou aceitar, mesmo justamente.
E, assim como o corpo, que é mais forte e suporta melhor as mutações do ardor do calor e do rigor do frio, também a alma é mais firme e mais forte, quando não se eleva nem se orgulha em vista da prosperidade mas também não se abate diante de qualquer adversidade. Parece que Emílio, nisto, foi perfeito. Não se mostrou de coração menos grandioso, nem menos grave e constante na paciência que teve, ao suportar virtuosamente o duro revés que lhe sucedeu quando perdeu, golpe sobre golpe, seus dois filhos, que tivera em sua companhia nos dias mais felizes. Timoleón, ao contrário, tendo praticado um ato contra seu próprio irmão, não pôde, com a força da razão vencer a paixão que sentiu, mas abatido de dor e de arrependimento ficou depois, durante vinte anos, sem ousar ficar na praça nem se intrometer de forma alguma nos negócios públicos. Ora, se é preciso cuidadosamente guardar-se e ter vergonha das coisas reprováveis, desonestas e mal feitas, mas temer toda a sorte de censura que venha da opinião do mundo, é bom sinal de uma natureza simples, amável e indulgente, mas há falta de nobreza em tal atitude.