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Comparação entre Eumenes de Cárdia e Sertório, de Plutarco

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Depois de relatar as vidas do grego Eumenes de Cárdia (362-316 a.C.) e do romano Sertório (122-72 a.C.), Plutarco traça aqui uma comparação dessas duas personalidades do mundo antigo. Esse texto faz parte da série de biografias escritas por Plutarco (c. 46-120), um historiador grego que viveu no Império Romano. Na série Vidas Paralelas, o autor compara vários nomes da história grega com seus equivalentes romanos.

I. Para comparar Sertório e Eumene, cumpre lembrar serem ambos estrangeiros em terra estranha, banidos de sua pátria, e que, até à hora da morte, foram administradores de diversas nações e comandantes supremos de grandes e belicosos exércitos. Sertório, porém, tem a seu favor o fato de todos os de sua liga e de seu partido lhe cederem o cargo de maior autoridade, por considerarem-no, dentre eles, o mais digno e o mais capaz para dirigir e chefiar. Eumene, entretanto, tornou-se a maior autoridade em sua hoste, depois de renhida luta com seus adversários. De modo que um foi obedecido pelos que desejavam ser governados por um homem honesto e bom comandante, e ao outro cederam os que não se sentiam aptos para governar e desejavam o bem público.

II. Sertório, que era romano, comandou e governou os espanhóis e os lusitanos, e Eumene, que era queroneso, os macedônios; aqueles de há muito se achavam sob o império romano, e estes, naquela época, já haviam conquistado e dominado o mundo inteiro. Além disso, Sertório gozava grande reputação, por ser senador romano e por ter tido antes posto de destaque no exército, o que não acontecia com Eumene, que foi desdenhado por não passar de um simples secretário e ter pretensões muito elevadas. Não poucos lutaram contra ele, e secretamente tramaram sua morte; o que não se deu com Sertório, que de início não sofreu a menor oposição, mas depois arcou com a trama oculta de alguns companheiros. Por fim, a maior preocupação de Sertório consistia em vencer seus inimigos, e a de Eumene a de precaver-se da perversidade dos invejosos de sua glória, que tramavam sua morte.

III. Os seus feitos guerreiros mais ou menos se assemelham, embora Eumene fosse propenso à guerra, aos debates e às querelas, e Sertório fosse amigo da paz, da bondade e da tranquilidade. Podendo Eumene viver em paz e respeitado, afastando-se das armas, buscou a morte, na perseguição e guerra aos maiorais da Macedônia. Sertório, que não queria envolver-se nos negócios públicos, foi obrigado a tomar armas contra os que o atormentavam, para viver em paz, e garantir sua vida. Se Eumene, por ambição e teimosia, não tivesse arrebatado o lugar de maior autoridade a Antígono, e se contentasse com o segundo, Antígono ficaria muito satisfeito e ele não teria morrido. Foi a razão por que Pompeu não deu descanso a Sertório. Por onde se vê que um se pôs a governar para dominar, e outro foi obrigado, embora contra a vontade, a dominar, por lhe moverem guerra. Do que se conclui que aquele amava de fato a luta, e cobiçava os postos mais elevados para segurança de sua vida e que este, sendo guerreiro de fato, procurava garanti-la pelas armas.

IV. Além disso, um foi morto sem perceber a traição que lhe faziam, e o outro esperando de um dia para outro a morte que lhe preparavam. Sofrendo de seus companheiros o que os próprios inimigos mortais o não fariam sofrer, a morte de Sertório só elevou-o aos olhos do mundo; o que não se dá com a de Eumene, por ter tido a fraqueza de suplicar ao inimigo que lhe poupasse a vida.

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