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Conteúdos dos capítulos do livro

Introdução - Introdução

São Vicente e São Paulo de Piratininga: o cenário histórico do bandeirante - Sobre São Paulo e as suas características que deram vida à figura do bandeira.

As bandeiras: solução de urgência para a pobreza dos paulistas - Sobre os bandeirantes. Sua atuação, organização, números, roupas, caminhos utilizados, etc.

Escravidão indígena e violência: o bandeirismo de apresamento - Sobre os bandeirantes e a sua atuação na captura de índios para escravidão. O conflito entre bandeiras e jesuítas.

Novas tentativas de fortuna: o ouro das Gerais - Os bandeirantes paulistas e a descoberta do ouro. O contexto histórico português no final do século 17 quando ocorreu a descoberta do ouro. Consequências da descoberta do ouro para o Brasil e a região das minas.

A questão do herói bandeirante - Sobre a historiografia dos bandeiras e as diferentes visões.

Livros   >    Brasil Colônia

Bandeirantismo: verso e reverso

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Capa do livro Bandeirantismo: verso e reverso, de Carlos Davidoff
Informações técnicas

Autor: Carlos Davidoff
Coleção: Tudo é História
Páginas: 99
Editora: Brasiliense
Ano da edição: 1982
Idioma: Português

Sinopse

Para boa parte das pessoas, o tema Entradas e Bandeirantes provavelmente ainda evoca a imagem dos heróis paulistas do século XVII, dos 'construtores épicos do Brasil', dos 'aventureiros' que expandiram as fronteiras e em cujo rastro se fez a ocupação do interior e dos sertões. De modo que a historiografia oficial construiu essa imagem do bandeirante herói, ocultando a trilha de violência que se fazia à sua passagem, sobretudo nas práticas ligadas à caça e à escravização dos índios.

Historiador
Carlos Henrique Davidoff

Carlos Henrique Davidoff é bacharel em História pela Universidade de São Paulo e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Foi aluno de doutorado do curso de pós-graduação do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Glasgow, Escócia. Em 1975-1976, foi professor de Teoria Política da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Atualmente é professor de Sociologia da Universidade Estadual Paulista – Unesp, e membro da Comissão Editorial da revista Perspectivas, de Ciências Sociais, da mesma universidade.

Análise do livro
3/5 REGULAR

DAVIDOFF, Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: Brasiliense, 1982.

Bandeirantismo: verso e reverso é uma obra que trata dos tema dos bandeirantes, uma das figuras mais marcantes da história brasileira entre os séculos 16 e 18. O livro faz parte da coleção Tudo é História, produzido pela editora Brasiliense.

Antes da nossa resenha, confira abaixo as informações contidas em cada capítulo do livro:

Exibir conteúdo dos capítulos

A obra de Carlos Davidoff é bem escrita e de leitura muito agradável. O livro traz um histórico geral da figura dos bandeiras entre os séculos 16 e 17 e até apresenta algumas informações interessantes, mas o problema do livro é justamente o tal "Verso e reverso", que faz referência as discussões sobre a moralidade dos bandeiras.

Os bandeirantes foram por muitos anos representados como heróis brasileiros, figuras que representavam o empreendedorismo paulista, e brasileiro, diante da adversidade. Por isso era comum ensinar, especialmente as crianças, a história dos bandeiras como exploradores e aventureiros que desbravaram o sertão brasileiro e ajudaram a expandir nosso território, ao mesmo tempo em que lutavam contra os inimigos da nação.

Não há realmente nenhum problema nisso. A história ensinada as crianças costuma ser uma história bem preto e branco mesmo, um conto de bonzinhos e malvados, sem os grandes debates e análises de contextos e das características de cada momento histórico, algo que estaria além do intelecto desse público.

O problema é quando um historiador adulto acha que o seu papel é definir quem é bonzinho e quem é malvado na História. Esse é o erro cometido por Carlos Davidoff. Nesse livro ele apresenta uma visão idealizada dos índios e faz uma demonização do colono paulista e dos bandeirantes. E o principal argumento levantando incessantemente ao longo de sua obra é: os bandeirantes eram na realidade bem malvados e os índios eram mortos e capturados sem motivo, sem justificativa, apenas pela maldade do bandeirante.

Esse é o tipo mais inútil de livro que pode existir. Eu não preciso saber das opiniões do autor sobre um período histórico. Eu leio um livro para conhecer os detalhes do período e para tentar entender porque um determinado evento ocorreu da forma que ocorreu. A moralidade do evento (vista sob a ótica do autor) é completamente irrelevante. A única moralidade que pode me interessar é a moralidade do período. O que outras pessoas daquele período pensavam sobre as ações dos bandeiras e o que os paulistas pensavam de si mesmo?

No século 21, em um mundo que conviveu com a ideia de Direitos Humanos por mais de 200 anos, todo mundo concorda que escravizar outro ser humano não é algo correto. Mas que direito um historiador do século 20 -  um indivíduo que passa o dia escrevendo sobre história atrás de uma escrivaninha e que teve a sorte de nascer e viver em um mundo pacificado e civilizado durante toda sua vida - tem de fazer julgamento da moral de alguém que viveu no caos, na violência e na incerteza que era o Brasil colonial do século 17???

Durante toda sua obra o autor rejeita o conceito de "levar em consideração o conceito da época" e argumenta que certo e errado são valores universais e que os bandeirantes eram simplesmente ruins. De novo... porque eu teria interesse nesse tipo de análise simplista? Milhares de pessoas se envolveram e participaram de expedições bandeiras no Brasil Colônia, porque elas fizeram isso? Como justificavam a existência da escravidão? Quais as características econômicas que levaram a existência e perpetuação dessas práticas? Tudo isso é considerado quase insignificante para o autor. O que importa é: Eles eram malvados ou não?

Na sua obra, o autor faz muitos comentários sobre historiografia do tema, sempre desconsiderando historiadores que vem os bandeiras sob um prisma positivo e só concordando com quem fala mal desse movimento. O livro também é uma aula de como usar dois pesos e duas medidas. Massacres e atos de violência cometidos por indígenas (embora quase não sejam citados, foram milhares) são vistos como justificáveis e atos de defesa. Enquanto violências praticadas pelos europeus são sempre imperdoáveis e injustificadas.

Para aqueles que tem interesse em uma boa de qualidade sobre o tema eu recomendo Entradas e Bandeiras de Luiza Volpato. A autora faz uma excelente análise do tema, do contexto da época e mostra os bandeiras, não como vilões, mas figuras que foram resultado de seu tempo.

Essa obra está disponível na Library Genesis. Quem tiver interesse em saber informações detalhadas sobre o conteúdo do livro pode conferir minhas anotações de leitura e as fotos da obra, links para ambos no menu lateral.

Resenha escrita em 11/05/2024.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

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